O período de reabilitação requer muita disciplina, esforço e vontade de retomar a vida. Após a fase de internação, são medicamentos receitados pelo médico, intensas sessões de fisioterapia e solidariedade da família para me transportar até as clínicas. Apesar de seguir religiosamente todas as recomendações, um fato me chamou muita atenção. Como as pessoas de baixa renda conseguem se recuperar em meio aos altos preços cobrados pelas fabricantes e farmácias?
Digo isso por experiência própria. Hoje mesmo, eu fui a uma drogaria comprar um remédio receitado pelo ortopedista na última consulta que passei, há quatro dias. O mesmo serve para fortalecer as cartilagens das pernas. Ainda resisti muito para fazer essa aquisição, mas como isso era necessário. Desembolsei a quantia de R$ 122. O montante significa, nada mais nada menos, que 26,23% do atual salário mínimo, de R$ 465.
Essa não é a primeira vez que reflito sobre o assunto. Ainda mais porque atinge em cheio o meu bolso. E a situação se agrava porque estou sem salário por conta do meu afastamento. Três meses após o acidente e o nobre Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ainda não liberou o auxílio-doença. Como é duro depender de um órgão do governo que não funciona.
O jeito é tentar me acostumar com mais esse desfalque nas minhas finanças. Só resolvi comprar o medicamento após meu pai ter refletido. "E quem não tem condições?", disparou. Fazer o quê. Para os curiosos, o nome desse remédio é condroflex. O consumo vai durar durante dois meses, mas uma caixa dura metade desse tempo: 30 dias.
Desde a minha alta, em 21 de novembro passado, gastei horrores com medicamentos. Assim, decidi fazer uma lista como forma de ilustrar o rombo:
Tramal (analgésico, 10 comprimidos)..............R$ 58
Daflon (circulação, 30 comprimidos)................R$ 59
Ciprobiot (antibiótico, 20 comprimidos)..........R$ 32
Ciprobiot (10 comprimidos)...............................R$ 16
Diosmin (circulação, 30 comprimidos)..............R$ 37
Dersani (loção cicatrizante, 100 ml)................. R$ 35
Condroflex (30 envelopes)................................ R$ 122
Total............................................R$ 359
Os valores relacionados só levam em consideração os medicamentos receitados e deixam de fora o paracetamol (composto ativo do Tylenol) e a consulta que passei num médico especialista em circulação, que precisei pagar devido à emergência. Se esperasse pelo plano de saúde, só conseguiria isso no mês seguinte. O custo disso ficou em R$ 120.
Apesar de não ter recebido do glorioso INSS, eu ainda tenho uma pequena reserva do 13º salário. E se não tivesse isso? Se fosse um trabalhador que recebe um salário mínimo, comprometeria num só mês 77,20% do seu orçamento doméstico. Os outros R$ 106 (12,8%) sobrariam para garantir a alimentação, aluguel e contas de luz, água ou talvez telefone. Ou seja, teria que optar pela boa recuperação ou sobreviver. Difícil escolha, não é mesmo?
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
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