A volta a Suzano me fez reviver os bons tempos de sossego. Em vez das grandes avenidas movimentadas de veículos existentes em São Paulo, agora eu encaro ruas mais vazias. Só o centro da cidade onde agora vivo novamente apresenta uma quantidade maior de carros. Mas o movimento de automóveis não chega nem perto de uma Marginal Tietê. Já o clima nada tem a ver com a correria da capital.
Ainda bem, porque a minha atual condição física não permite andar rapidamente, como fazia antes do acidente. Em São Paulo, eu dava passos largos e ágeis para chegar ao jornal onde trabalho, isso sempre com uma grande mochila nas costas. E quando estava de carro, eu precisava ficar bem atento ao trânsito para evitar algum acidente.
Agora, a agitação ficou para trás. As ruas de Suzano são bastante tranquilas para reaprender a andar e contribuir com os meus exercícios da fisioterapia. As condições das calçadas não colaboram, mas também não ficam lotadas de pedestres a exemplo de São Paulo. Por esse motivo, posso percorrê-las sem me preocupar tanto em esbarrar nas pessoas, pois ainda preciso usar muletas ou uma bengala.
Quando saio de casa e ando no bairro onde resido hoje, ainda vejo crianças na rua. Jogam bola, empinam pipas, apostam corridas e brincam de pega-pega. Desta forma, eu relembro a minha infância. Uma realidade bem diferente dos meninos e meninas da capital, que passam o dia em playgrounds de condomínios fechados em razão da violência. Quanta diferença.
Devido a essa tranquilidade, eu comecei a arriscar algumas caminhadas na rua de casa. O local não lembra um bairro do interior?
Apesar da boa qualidade de vida e o sossego sem preço, ainda não estou preparado para retornar definitivamente. O motivo é simples. Quero superar todas as barreiras profissionais possíveis. Comecei minha carreira em Suzano, mas só conseguirei progredir na capital, onde está o maior mercado. Com certeza, voltarei a São Paulo após minha reabilitação total. E esse cantinho onde me criei e cresci servirá para eu sempre recarregar minhas baterias.
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