domingo, 31 de maio de 2009

Um conflito bem antigo

A semana passada foi turbulenta lá no outro lado do mundo, em razão da ameaça de conflito entre as duas Coreias. Com os testes nucleares feitos pela fechada e ainda comunista Coreia do Norte, o clima de tensão acirrou os ânimos no mundo inteiro. Isso aconteceu inclusive porque não existe um acordo de paz entre os dois países desde o final da guerra, em 1953.

Esse resquício de guerra fria na Ásia chamou a atenção de todos nos últimos dias. Até a Coreia do Sul aumentou o alerta em relação a esse fantasma do conflito aparecer novamente, com direito dos sempre intrometidos Estados Unidos exercerem sua influência em relação ao resto do planeta. O que parece algo muito recente, na verdade é uma situação que se perdura por muito tempo.

Descobri isso ao entrevistar um sul coreano que vive no Brasil há mais de 36 anos. A conversa era apenas para a minha coluna Meu Começo, no Diário de São Paulo. Mas o tom do bate-papo ficou muito mais interessante quando o empresário Jae Ho Lee contou que deixou seu país natal para fugir da possibilidade de conflito entre as duas Coreias. Ficou evidente que o clima de animosidade não é tão recente assim.

Nessa entrevista, Jae revelou que a ameaça de guerra da Coreia do Sul com a sua vizinha do Norte sempre foi iminente devido à falta de um acordo de paz após o conflito da década de 50. Por esse motivo, seus pais decidiram deixar o país natal junto com os três filhos do casal, em 1973. Segundo ele, houve uma debandada dos sul coreanos para outras regiões do mundo nesta época como forma de não enfrentar uma possível guerra.

Ainda nesta semana, eu divulgarei a coluna aqui nesse espaço. Até lá, o jeito é me recuperar da balada dos últimos três dias .

sábado, 30 de maio de 2009

A arte da chantagem

Aproveitei o dia de folga do jornal para fazer algumas coisas pessoais em Suzano. Além disso, onde passei? Não precisa responder, afinal todo mundo já deve saber. Também fui ver a Rafaela, a minha sobrinha para matar aquela saudade do tio coruja.

Como sempre, estava acordada junto com a mãe, a Elisângela. Brincava com os bichos de pelúcia que havia dado a sobrinha e passava de colo em colo das amigas da mãe, da avó e da bisavó. Coitada, ela não tem sossego mesmo. Vive mesmo como se fosse uma superstar. Se cobrasse cachê, já estaria milionária.

Mas uma coisa me chamou a atenção. Com apenas três meses, a pequena bebê já usa a arte da chantagem para persuadir os adultos. Impressionante, mas é isso mesmo. Quando ela quer alguma coisa, a Rafaela utiliza esse artifício. Vai fazer todos de gato e sapato.

Foi assim comigo nessa última visita. Ao sentar no sofá com ela no colo, a pequena começou a chorar. Por que? Porque queria que eu levantasse, ficasse em pé e andasse com ela para passear. Quer mais?

Foi só esticar minhas pernas para a Rafaela cessar o choro. A mãe avisou que era esse o motivo. Evidente que aproveitei para fazer um registro dessa situação. Assim, sentei novamente no sofá de propósito. Minutos depois, olha só a cara que ela fez:



Engraçado, não é? Foi só levantar, dar uma volta com ela na rua como gosta bastante para dar uma bela canseira. Desta forma, foi fácil colocá-la no carrinho. Ficou uma calma só:



Em seguida, o cansaço foi mais forte e ela dormiu:



Quando fui embora, eu cheguei a seguinte conclusão. Como as mulheres aprendem rápido a arte de persuadir o homem. Pelo jeito, a Rafaela está no mesmo caminho natural. E como será quando for adulta? Não quero nem imaginar.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Meu começo

Dez dias após o meu retorno no Diário de São Paulo e, aos poucos, eu reassumo as minhas plenas funções. Uma delas é voltar a escrever como titular da coluna Meu Começo, veiculada todas as quartas-feiras no jornal. Nunca imaginei que ficaria tanto tempo sem fazê-la, afinal havia sido convidado para ficar responsável por esse espaço logo quando comecei a trabalhar nesse jornal. O carinho é grande.

Nessa retomada, me deparei com a reformulação de todo o projeto gráfico do jornal, inclusive da minha coluna tocada durante meu afastamento pela Cibele. É difícil chegar e ver tudo alterado. Mas eu me acostumo. O importante é escrevê-la novamente.

Para comemorar o meu retorno, nada melhor que mostrar a página desta coluna. Nessa primeira história após essa volta, conto sobre a Didio Pizzas, uma rede de franquias da capital. Ficarei honrado se você ler. É só clicar em cima da página. E prometo publicar as próximas edições da coluna na medida do possível.



quarta-feira, 27 de maio de 2009

Prazer em conhecer

Recebi um e-mail de um grande amigo nesta semana. Não vou revelar o nome dele para preservá-lo de diversas situações. Quem ler toda essa postagem, certamente perceberá porque decidi manter a sua identidade no mais absoluto sigilo.

No entanto, ele me autorizou a publicar todo o conteúdo desde que não revelasse a fonte e o personagem envolvido. Decidi colocar aqui porque até parece uma pequena crônica do nosso cotidiano, apesar das frases serem bem curtas e objetivas.

Porém, o tom telegráfico dessa história conta tudo de forma bem contundente. Eu dei muita risada, pois não teria coragem de agir assim, pelo menos por enquanto. Quem sabe num futuro próximo?

A seguir, a breve história:

"Estava na estação Brás do Metrô. Ao esperar para entrar no vagão, parou uma morena não muito alta, mas bonita claro.

Eu dei uma olhada para ela e a mesma foi recíproca, com sorrisos e tudo mais. Entrei sem nada fazer ou falar algo.

Mas o empurra-empurra nos deixou perto. Parei bem na frente dela, poderia até abraçar. Então, resolvi estabelecer contato:

- Oi, tudo bem?

- Tudo e você?

- Tranquilo. Se eu te perguntar se você pega sempre esse metrô, achará a cantada barata. Se eu falar que você é bonita, vai me achar um tarado. Então, eu não sei o que dizer.

Ela deu risada pela situação e perguntou o meu nome. Respondi (nome preservado) e perguntei o dela: Maria Clara. Uma beleza só.

Fomos conversando um pouco. Perguntei em qual estação ela pararia. Falou que era na República. Falamos um pouco mais.

Ao sair da estação Anhangabaú, rapidamente, fiz por instinto. Roubei um selinho de leve da moça e falei:

- Prazer em conhecer.

Ela ficou muito surpresa, mas pareceu que não ficou tão brava assim."

Como resposta, mandei outro e-mail e fiquei curioso se ele havia conseguido o telefone dela. O amigo respondeu que nem pediu o número. Azar o dele, pois perdeu a oportunidade de conhecer uma garota.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Mais uma missão cumprida



Quanto mais o tempo passa, após esse retorno ao trabalho, consigo escrever menos por aqui. Tudo voltou a ser corrido e me dá muito sono bem na hora quando quero colocar algumas palavras nesse espaço. O jeito é tentar que o cansaço não me vença totalmente. Foi assim no último final de semana, bem no meu primeiro plantão depois da volta. Além disso, foi bem cheio de emoções.

Parece que os editores do Diário de São Paulo querem que eu entre no ritmo logo. Pelo menos, fazem o maior esforço para isso. Fora as manchetes dadas para eu apurar nos primeiros dias, a chefia do plantão me confiou a missão de cuidar do assunto mais importante daquele dia, sábado dia 23 de maio. Fui enviado a Jaguariúna com objetivo de correr atrás da história sobre os quatro mortos e 11 feridos na arena da Festa do Peão daquela cidade.

Apesar da correria e da falta de agilidade devido a um longo tempo fora de combate, me esforcei ao máximo para cumprir essa grande missão. Afinal, passar esse assunto para quem na verdade não atua mais nessa área há alguns anos pode ser interpretada como confiança. Por esse motivo, fui feliz rumo a Jaguariúna com aquela vontade de trabalhar. Além disso, sair da redação atrás da notícia é tudo que o repórter quer e gosta, a qualquer hora e a qualquer dia.

E não foi só no sábado. Fui designado para a história também no domingo. Ou seja, dois dias que precisei fazer aquele bate e volta para o interior do estado. Nesse período, percorri 536 quilômetros só para me deslocar da capital para a cidade de destino. Isso se eu contar a ida e a volta nos dois dias. Fora o que a gente andou dentro de Jaguariúna em direção ao hospital, delegacia e o local onde acontecia o evento. Tem como não cansar?

Sem problemas, pois só percebi o meu corpo cansado quando deixei o meu posto no jornal. Durante a reportagem, não sentia nada, como fome, sede, vontade de ir ao banheiro e até aquele corriqueiro incômodo na perna devido ao acidente. Nessas horas, a concentração é tanta. Ainda bem, pois esquecer das dores é a melhor coisa até para agilizar a recuperação total.

Foi nesse clima que fiz a minha primeira grande cobertura desde o meu retorno. Nem sempre conto as minhas sensações e observações em meio a essas reportagens. Somente falo dos detalhes da notícia. Isso porque eu nem mencionei sobre as dificuldades enfrentadas nessa matéria. Uma delas foi a demora para conseguir falar com alguém da Polícia Civil, a responsável pelo caso.

Para obter êxito, precisei acionar por telefone a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do estado, que fica na capital. O órgão conseguiu resolver o meu problema e designou um delegado para falar com a imprensa presente, depois de três horas de espera. Era necessário, pois a parte policial tem todos os passos e os dados oficiais do incidente. Batalha vencida.

Por outro lado, uma reportagem assim tem suas compensações positivas. Uma delas é observar o movimento do município por conta da festa. Como Jaguariúna estava cheia de turistas de várias partes do estado e do país. E tinha muita mulher bonita por metro quadrado. Nem na praia eu vi uma grande concentração deste tipo.

Infelizmente, o jeito foi só olhar porque estava em serviço. Se eu mexesse com alguém, já saberia de onde eu era. Afinal, o carro da empresa estava identificado com o logotipo do jornal. É a pura verdade.

Por essas e outras, cheguei a uma conclusão. É muito melhor receber histórias importantes iguais a essa. E não foi a primeira vez. Em plantões anteriores, a chefia me encarregou de assuntos muito complicados. Nesta relação, destacam-se o rapaz que se matou depois de manter uma grávida como refém no Guarujá e o desfecho do caso Eloá.

Isso prova que consegui corresponder as expectativas em todas as oportunidades. Mais uma missão cumprida. Espero que essa maré continue assim para garantir minha existência profissional.

sábado, 23 de maio de 2009

Mais triunfal ainda

Meu objetivo era ir a São Paulo em direção ao jornal onde trabalho. Como agora estou em Suzano, preciso usar o trem para me locomover à metrópole. No meio do caminho, fiz aquela tradicional pausa para o café. Entrei numa padaria e fiz o meu pedido. Segundos mais tarde, apareceu um homem uniformizado de azul. Vi que era funcionário da Sabesp. Ao virar de costas, algo no bolso me chamou bastante atenção. O rapaz tinha uma edição do dia do Diário de São Paulo.

Evidente que eu fiquei bem feliz com a preferência dele. Assim, fiquei muito curioso de saber se ele comprava esse jornal diariamente. Na hora, hesitei de fazer isso. Dez minutos mais tarde, resolvi colocar em prática a forma de abordagem do jornalista na rua para descobrir essa dúvida gerada na minha cabeça.

De forma bem calma, cheguei ao funcionário da Sabesp e perguntei se ele lia diariamente esse matutino. Mas sem me identificar, claro. A surpresa aumentou ainda mais quando ele falou que compra o jornal todos os dias desde os tempos do antigo Diário Popular. Ele mesmo citou isso. 

Aí, eu não contive a alegria e revelei que trabalhava nesse jornal. E ele acrescentou que só não assinou o recebimento da publicação em casa porque ele foi informado de que não havia entregas no seu bairro. Ele me contou que reside num bairro bem afastado da região de Guaianases, na Zona Leste de São Paulo. Fica aqui registrado um alerta dele para o departamento de circulação do Diário de São Paulo.

O mesmo rapaz me disse que participou de todas as promoções feitas pelo matutino, como as coleções de cupons para trocar carrinhos, motos e até do telefone celular. Ou seja, o cara realmente sabe das coisas. Ou seja, é de fato um leitor fiel. Depois, ele foi embora, me cumprimentou e pediu para mandar o recado sobre sua assinatura.

Desta forma, eu o agradeci. Quando eu parti em direção à estação de trem, percebi que cometi um enorme erro. Deveria ter perguntado seu nome para constar aqui. Agora infelizmente é tarde demais.

Mas minha felicidade foi maior ainda porque os principais assuntos da capa eram as minhas reportagens. Isso aconteceu na manchete principal e na chamada "manchete falsa", que é o título do alto da primeira página, mas com o tamanho das letras bem menor em relação a uma convencional:


A seguir, a reportagem sobre os motoboys publicada numa página interna do jornal:

Em relação ao seguro-desemprego, isso saiu na página mais importante de economia:

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A volta triunfal

Enfim, novamente ao batente. Faltava apenas isso para minha vida retornar totalmente ao normal. Depois de seis meses de afastamento, estou de novo na redação do Diário de São Paulo. Apesar de todo o empenho para desempenhar minhas funções, ainda me encontro fora de ritmo. Afinal, fiquei muito tempo parado. Falta de agilidade na hora de raciocinar e lentidão para apurar as reportagens. No entanto, isso não impediu com que minha volta fosse triunfal.

Isso mesmo. Parece arrogância, mas não é. Penso assim sobre meu retorno devido à vários fatores. Um deles foi a receptividade por parte dos colegas de profissão. Todos me desejaram bom retorno. Muitos destes parceiros me abraçaram calorosamente e me confortaram como jamais imaginei. Alguns disseram: "Já passou e graças a Deus você continua entre nós". Como não esquecer após essa fase ruim? Já foi embora.

Mas comecei a perceber que o retorno seria triunfal nesta quarta-feira ao ver o jornal onde trabalho. Logo no primeiro dia de serviço pleno no dia anterior, consegui emplacar a manchete do matutino. Era sobre a limitação do número de atendimentos para entrada do seguro-desemprego na Subdelegacia Regional do Trabalho, a antiga DRT. Ou seja, um belo primeiro dia. É só conferir a reprodução da capa.



Bem que a chefia da editoria onde trabalho gostou. Afinal fazer isso logo no primeiro dia de batente é a coroação sobre essa fase de recuperação passada antes da volta. Como se tivesse ganhado um prêmio pela superação de tudo que passei.

Percebi ainda que a palavra triunfal ganhou mais importância quando muitas pessoas passaram a me ligar. Várias delas falaram que eu havia ficado famoso. Outras deram muita risada. Ao assistir à Rede Globo, percebi os motivos. Eu havia saído diversas vezes na propaganda do jornal na TV. Até o pessoal do RH do jornal me comentou: "Que retorno hein. Começou na televisão e agora você está aqui", disse a Márcia, a coordenadora do setor.

Só não coloquei esse comercial aqui no blog porque ainda não achei o vídeo disponibilizado nainternet. Quando eu encontrar, certamente farei isso. Ainda bem que o meu dia-a-dia voltou aos eixos certos.

(Atualização às 00:32 do dia 23 de maio)

Resolvi colocar a página com a matéria sobre o seguro-desemprego para mostrar que é realmente minha:

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Enganar quem?

Certas atitudes são muito difíceis de entender. Parecem chegar ao ponto da loucura ou insensatez, inclusive com as pessoas aparentemente equilibradas. Uma delas é a tentativa de enganar a todos sobre seu estado de espírito ou em relação à realidade anterior. Demonstrar ao exterior o contrário do que realmente acontece no coração simplesmente ilude quem age desta forma. Ou seja, a si próprio. Soa algo um tanto falso.

Essa situação ocorre quando uma pessoa quer convencer a todos que tudo está bem. Pior ainda na hora de mostrar uma felicidade não existente. Repetir isso então aponta uma verdade completamente diferente. Bobagem fazer isso devido a um amor mal resolvido, platônico ou não correspondido. Os mais próximos percebem a tamanha mentira. Não adianta personificar tanta alegria. Na verdade, o coração está partido, ferido ou completamente moído. Soa algo um tanto falso.

Pior ainda nos momentos em que a mesma pessoa faz jogos ou insistentes testes por tamanha insegurança dos seus sentimentos. Engraçado porque o resultado dessas brincadeiras podem voltar igual a um bumerangue contra a própria autora das armadilhas, principalmente quando o candidato avaliado fala a verdade ou dificilmente cai nessas histórias. Não é mais fácil batalhar em vez de fazer as jogadas perigosas? Soa algo um tanto falso.

E a situação se agrava de vez quando todas essas ações não saem como planejado. Aí, todo o equilíbrio e gentileza contidos em alguém aparentemente madura e não mais tão jovem se transforma em atitudes infantis, iguais a de uma criança birrenta. As mesmas se comparam a "ficar de mal", usada nos tempos de infância, tipo "não quero mais ser seu amiguinho". Difícil ser adulto assim. Agora parece soar um tanto verdadeiro.

Na verdade, as consequências chegam ao ponto de serem ridículas e patéticas. O meu conselho é acordar para o mundo real porque o isolamento em demasia no próprio universo pode deixar bitolado. Isso leva a uma cegueira em relação aos demais que te rodeiam. O meu recado é para deixar de ser infantil, pois isso não agrada nenhum homem adulto. E, ainda, personifica a imaturidade. Assim, dificilmente conseguirá atrair a atenção, inclusive a minha.

Outra conclusão é que a maioria das mulheres não está preparada para a verdade. Contar tudo com sinceridade demonstra respeito e ausência de tentar iludir naquele momento da persuasão, com a meta de jogar sempre limpo. Mas mulher não gosta disso e só adora ser enganada. Se isso irrita, paciência afinal confirma ainda mais o despreparo na hora de conquistar um par ideal. Se eu peguei pesado, paciência. Desta vez, não pedirei desculpas.

O objetivo é dar mesmo uma chacoalhada como forma de acordar e deixar de ser tão boba. Se não gostou e quiser manter essa idiotice de "ficar de mal", infelizmente não posso fazer nada. Eu ainda me considero amigo. Amizade serve para isso mesmo e falar toda a verdade. 

O brinde antes do retorno

Último final de semana de afastamento dado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Enfim, é o fim do extenso período de descanso por conta da recuperação após o acidente. Por conta dessa batalha vencida, o jeito é comemorar muito, afinal nasci de novo, voltei a andar sem sequelas e poderei retomar as minhas atividades sem prejuízo. Para festejar, o jeito foi cumprir mais uma promessa ao grande amigo. Nesses momentos que antecipam a volta ao batente, nada como prestigiar um enorme parceiro, lá de São José dos Campos.

Isso mesmo. A comemoração que antecede o retorno ao trabalho ocorreu lá no apartamento do amigo Aurélio e sua esposa, a Tatiana. Havia me comprometido a fazer uma visita antes de assumir novamente o meu posto no Diário de São Paulo e logo após o seu casamento. Isso aconteceu na festa de matrimônio deles porque naquela época eu não podia consumir bebida alcoólica.

Assim, falei que voltaria quando tivesse a liberação do médico para reassumir minha vida, inclusive na bebedeira. E, em contrapartida, levaria uma garrafa de uísque para fazer isso. Coisa de bebum? Pode até ser. Mas a gente precisava comemorar tanto o casamento quanto a minha recuperação. Missão cumprida.

Desta forma, fizemos um encontro de amigos no apartamento do Aurélio. O grupo não era grande, mas foi legal porque a conversa estava muito boa. Foi o retorno à bebida, com moderação e sem dar vexame, claro. A ocasião marcou o meu primeiro brinde desde o acidente de trânsito, em novembro.

Conforme determina o figurino, houve o tradicional registro fotográfico dos bebuns de plantão. Com imagens feitas pelo casal 20 de São José dos Campos, a turma pronta para saborear o bom uísque 12 anos. Junto com o dono da garrafa, estão o Marcelo (à esquerda), o Aurélio (de boné) e Cláudio Leyria (à direita):



Bom, o jeito foi fazer as honras. Obviamente, a primeira dose era a minha:



Depois, um close da bebida direto ao copo. Eu estava em segundo plano nessa imagem:



Ao servir todos no apartamento, fizemos o tradicional brinde. Além de Aurélio e Marcelo, participaram a Tatiana e a irmã dela, a Larissa:



Apesar de aparecer algo de alcoolatras, foi apenas uma comemoração pelos bons momentos de todos, como o recente casamento do Aurélio e Tatiana, além da minha vida nova após o desastre. Afinal de contas, todo o ser humano se abastece de alegria e felicidade vividos nas horas mais simples do nosso dia-a-dia. O conteúdo da garrafa foi todo consumido.

Mas valeu a pena porque isso ocorreu numa roda de amigos, algo valioso para as pessoas. Fica o meu muito obrigado ao Aurélio e a Tatiana por me receberem tão bem nessa visita.

sábado, 16 de maio de 2009

Chegamos ao terceiro mês

Estou prestes a voltar ao batente após seis meses de intensa recuperação. É motivo para comemorar, afinal venci a batalha depois de inúmeras situações contrárias ao meu objetivo. Mas antes de festejar isso, prefiro me lembrar de mais uma data importante para a família aqui. Hoje, a Rafaela completa três meses de vida.

Como a minha vida ficará mais corrida a partir de segunda-feira, quando devo voltar ao trabalho, resolvi fazer uma visita antes desse meu retorno. Passei parte do dia com a sobrinha, como manda o figurino de um verdadeiro tio coruja. Apesar da pouquíssima idade, a bebê aprendeu a arte de chantagear os adultos. Impressionante.

Por ser o centro das atenções, ela fica quase todo o tempo no colo da mãe, do pai, do tio, da avó que está de férias, da bisavó, dos tios avós e dos amigos do casal. Mesmo pequena, a Rafaela usa com competência a arte da persuasão.

Isso acontece quando a bebê quer ficar em pé. Na verdade, quando quer que a pessoa que a segura fique em pé. Isso aconteceu comigo. A pequena começou a chorar enquanto eu estava sentado com ela no colo. Imediatamente, a mãe Elisângela falou o motivo da inquietação.

Ao me levantar e balançá-la, o choro parou imediatamente. A fisionomia dela mudou completamente. Distribuía inúmeros sorrisos e brincava bastante. Assim, resolvi dar uma volta com ela no colo no centro de Suzano.

Desta forma, aproveito para publicar as novas fotos dela, feitas por mim nessa visita. Nessa primeira, dei a sorte dela abrir um sorriso, sempre ao lado do seu companheiro inseparável, o coelho Sansão:



Após o passeio, o cansaço falou mais alto e consegui fazê-la dormir. Coloquei-a no carrinho e a deixei protegida do frio:



Dias antes dessa visita, eu consegui um feito histórico. Até então, ninguém da família tinha obtido essa imagem:



Não tem como não ser um tio coruja após presenciar todas essas situações. Para provar o contrário, a pessoa precisará de argumentos muito convincentes. Mesmo assim, talvez nem consiga crianças sempre dão um colorido maior na nossa vida cinzenta. Quem quiser se divertir, as novas fotos estão no espaço criado especialmente para a Rafaela nesse blog.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O pequeno homenzinho

Depois de ficar parado por muito tempo, estou de volta à academia. Ainda não é no mesmo ritmo de treinamento se comparado a antes do acidente de trânsito, mas retomei as práticas esportivas por orientação médica com muita alegria. Afinal a natação e a musculação já eram as minhas principais terapias nos últimos anos como forma de aliviar o estresse. Apesar da felicidade em torno desse retorno, me deparei com um fato inusitado. Um menino de apenas cinco anos conseguiu desviar minha atenção, até então voltada para agilizar a reabilitação física nos treinos.

Isso mesmo. O pequeno Nicolas roubou a cena literalmente na manhã de uma sexta-feira, quando havia saído em direção ao vestiário para tomar banho e ir embora. Eu já conhecia essa criança porque frequentamos as aulas de natação no mesmo horário. Na piscina, costuma ser bem esperto e com aquela agitação peculiar de um garoto da sua idade. Vez ou outra, faz brincadeiras comigo, com a instrutora e com os demais alunos adultos.

Após as tradicionais braçadas na água, havia ido direto para o chuveiro. Durante aquela deliciosa ducha quente que relaxa todo o corpo, ouvi alguém batendo no box onde estava. Naquele momento, foi uma surpresa, pois pensei quem poderia ser. Nenhum adulto costuma fazer isso. Ao abrir a porta, me deparei com o pequeno Nicolas parado na minha frente. Assim, a criança fez um curioso pedido:

- Tio, você pode ligar o chuveiro para eu tomar banho?

Então, o jeito foi interromper o meu banho. Desta forma, me enxuguei rapidamente e me enrolei na toalha para ir em direção ao box escolhido pelo menino. A solicitação de socorro tinha justificativa. Nicolas não sabia como usar o chuveiro movido a gás, que conta com dois registros para liberar a água. Um deles controla a temperatura quente e o outro libera o líquido mais frio.

A existência de dois registros confundiu a criança, que tentou se explicar:

- Eu abri um deles, mas a água só sai fria.

Não há como recusar um pedido de uma criança. Ainda mais devido à forma educada que o pedido foi feito pelo menino. Desta forma, acertei a temperatura da água. Antes dele entrar, resolvi verificar se a situação estava sob controle:

- Agora, a água está boa para você tomar banho?

Imediatamente, o pequeno Nicolas respondeu a pergunta positivamente, com uma fisionomia de satisfação e felicidade. Não faltou a palavra obrigado por parte dele no final. Minutos depois, eu terminei o banho e fui me trocar. O menino continuava no chuveiro, quando uma voz feminina do lado de fora do vestiário perguntou:

- Nicolas, o que você faz aí?

Imediatamente, ele respondeu: 

- Tomando banho, mãe.

Em seguida, a mesma voz feminina perguntou se ele tinha sabonete e xampu (é assim mesmo que se escreve em português). O garoto disse que não. Então, veio uma ideia mirabolante. Fui em direção ao chuveiro onde ele estava:

- Abre a sua mão para colocar um pouco disso. 

Para ele continuar com aquela alegria, decidi dar um pouco do meu sabonete líquido e do xampu. Assim, ele conseguiu tomar o banho completo. No entanto, a mãe continuava a questioná-lo na porta do vestiário:

- Como você vai tomar banho se você não levou nada aí?

Com a minha ação, o pequeno Nicolas passou a falar que havia usado xampu e sabonete. No entanto, a mãe não acreditava nas palavras do filho:

- Não mente para mim, filho. Isso é muito feio.

A mãe continuou a chamá-lo do lado de fora. Mas o menino sequer se preocupava com os apelos dela. Ele se enxugava, arrumava sua mochila e até participava da conversa dos homens adultos dentro do vestiário masculino. Parecia um verdadeiro homenzinho na roda. Muito engraçado.

Ao sair do vestiário, eu avistei a Tatiana, a instrutora de natação da academia. Antes de ir embora, dei um alerta a ela:

- Avisa para a mãe do Nicolas que ele realmente tomou banho. Eu dei um pouco de xampu e sabonete líquido. Se ela não souber disso, pensará que o filho é mentiroso.

A reação da instrutora foi de tamanha surpresa. A mesma não conseguiu segurar os risos e agradeceu a minha iniciativa. Ainda nessa conversa, descobri que o pequeno Nicolas havia driblado a sua mãe. Ao chegar à academia, o garoto foi rapidamente para o vestiário masculino sem ela perceber. Deixou a mochila no armário e se dirigiu para a aula.

Nicolas agiu desta forma porque não queria ir mais se trocar no vestiário feminino sob os cuidados da mãe e junto com a irmã mais velha, que também pratica natação no mesmo horário. Dias depois, tive uma interessante conversa com o garoto sobre o assunto. Os motivos apresentados tinham sentido:

- Tio, não gosto de ir ao vestiário feminino porque as mulheres falam muito e fazem barulho demais. Algumas dão até bronca em mim porque brinco lá dentro.

Para completar sua explicação, Nicolas começou a imitar as mulheres que se referiam. Os adultos no vestiário masculino deram muita risada com o menino. Um dos rapazes concordou imediatamente com os argumentos apresentados:

- Tão pequeno e já sabe das coisas, exaltou o rapaz.

Mesmo engraçada, essa situação também teve um desfecho feliz. Além dos agradecimentos da mãe dele mais tarde, o pequeno Nicolas sempre vem conversar comigo durante a aula ou fora dela. Ou seja ganhei mais uma amizade, desta vez de um pequeno homenzinho. Às vezes, uma empatia igual a essa vale muito mais em relação a de um adulto. Afinal, as crianças sempre são sinceras. Quando gosta de uma pessoa, pode ter certeza que é algo verdadeiro.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Dilema resolvido e publicado

Acordei hoje com um dilema muito grande. Na verdade, a dúvida paira na minha cabeça há algum tempo, coisa de um mês ou mesmo quarenta dias. Um receio muito grande de me expor e publicar aqui um pouco da minha veia poética. Isso mesmo, costumo escrever poesias nos períodos vagos. Se fosse tão fácil assim, teria elaborado muitas delas nesse período de afastamento.

Para fazer esses versos, é preciso de muita inspiração. Não é uma produção em série, igual a uma redação de jornal, onde necessitamos escrever, mesmo se o dia não está propício para isso. Há alguns anos, eu não fazia uma poesia. Não existe uma regularidade, pode demorar um dia, ou um mês, ou um ano para esse estalo aparecer na mente.

Nos tempos da recuperação - já na fase mais tranquila -, eu consegui escrever uma poesia. Era um sentimento até então entalado. No início, tive vergonha de publicar. No entanto, reverti isso e agora penso por que não?

Desta forma, eu coloco a seguir essa poesia. Quem sabe um dia eu reviva os tempos de escola e ganhe mais um concurso deste tipo?

Decepção e recomeço

A capacidade de se desiludir dói no coração.
Como lidar com uma profunda decepção?
É uma pergunta difícil de responder.
Só sei que isso tudo me fez sofrer
ao ponto de ser bem insuportável
e deixar a mente desconfortável.
No início, me deu bastante tristeza.
Algo bastante ruim, com certeza.
Cheguei a pensar que minha vida
fosse totalmente bandida.
Voltei a cair numa imensidão
combinada com enorme solidão.
Parecia algo sem fim.
Não queria isso para mim,
Mas infelizmente foi assim.
Porém, quando disse sim
para o significado do verbo recomeçar,
de fato, eu consegui resgatar
um fator que me fortaleceu,
aos poucos cresceu
no meu peito e trouxe de volta o amor
Por mim mesmo e com louvor.
Reconquistei a minha grande alegria
num toque de perfeita magia.
O recomeço deu paz a minha mente.
Passei a comemorar, pois realmente
consegui com méritos superar
e internamente deixar de chorar.
Desta forma, não tenho arrependimento
Se eu errei, guiado pelo meu sentimento.
Agora sou novamente feliz.
Como todo mundo sempre quis.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A cegonha quis trabalhar

Definitivamente, ela resolveu passar de uma só vez e deixar seu recado bem evidente. Mas não foi uma simples visita. Na verdade resolveu fazer o serviço bem caprichado. Ou estava generosa demais. Se eu resumir essa conclusão na família e agregados, pode-se perceber que a cegonha estava muito a fim de trabalhar. Sem passar há alguns anos nas proximidades, decidiu correr atrás do prejuízo. Em apenas uma tacada, deixou três lembranças num curtíssimo espaço de tempo. Uma delas é a Rafaela, lógico. Porém, não foi somente essa bebê.

Antes de mostrar essas recentes chegadas e os respectivos casais contemplados, vamos ao setor de conhecimentos gerais. A lenda da cegonha surgiu no século 19 na Escandinávia por meio dos contos do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. Na época, as mães justificavam que a cegonha era responsável pela chegada dos bebês aos filhos mais velhos.

A escolha da ave como símbolo foi devido a uma combinação generosidade e fidelidade. A cegonha tem características dócil e protetora. Além disso, a espécie volta sempre ao mesmo ninho para por ovos e cuidar dos filhotes. Assim, a lenda se espalhou pelo mundo. Até hoje, muitos se referem desta forma quando nasce uma criança. Só sei disso porque fiz pesquisa na internet, viu.

Lenda ou realidade, a cegonha fez a alegria de três casais ligados à família num curto período. Por aqui, a Rafaela ampliou aqui mais uma geração. E chegou para dar alegria ao pai babão e meu irmão, o Jonathan, e a Elisângela. Com quase três meses (ela completa no próximo dia 16), a bebê arranca suspiros dos demais adultos. Já contei isso muitas vezes, então mais uma foto para provar a verdade.



Não é apenas a sobrinha do tio coruja aqui que deu mais cores à nossa vida. Antes dela, também veio a esse mundo o Bryan, filho da minha prima Lilian e do Marcos. Hoje com cinco meses, ele chegou até a fazer uma visita para mim em casa durante a minha fase de recuperação. Veio junto com os pais e com sua avó, a minha tia Lourdes, afinal ele ainda não consegue dirigir. Foi um aquecimento para eu despertar o sentimento de tio coruja. Desde pequeno, já é uma figura:




Bem mais distante, precisamente dos pampas gaúchos, nasceu a Maria Clara. A bebê chegou com a missão de colorir mais a vida das ramificações familiares do sul do país. E ainda para deixar um gosto de quero mais em quem acompanha por aqui o crescimento dela pelas fotos na internet. Com quatro meses, a pequena requer atenção redobrada da mãe Raquel e do pai Guinter (aproveitem para me corrigir se não é assim que se escreve o nome dele). Além disso, rouba a cena dos avós e dos tios. Olhe só como existem motivos de sobra para isso.



Para completar, a cegonha foi muito generosa por ter garantido muita saúde para essas três novas vidas. Além disso, como os bebês conseguem despertar nos adultos os sentimentos mais puros e simples, como a bondade, alegria, gentileza e sobretudo o amor. Mesmo que seja lenda, a passagem dessa ave traz muita magia aos nossos corações com os seus emissários.

Como resistir a graciosidade de um bebê? Nem o mais duro coração consegue ficar desse jeito com uma presença tão ilustre na nossa rotina. Quem tiver opinião diferente, por favor me prove o contrário.

domingo, 10 de maio de 2009

As mães de Rafaela

Como todo segundo domingo de maio, hoje é Dia das Mães. Comecei o texto desta forma porque talvez esteja sem criatividade para iniciar de outra maneira. Então, o jeito é fazer o básico para não cometer bobagens. Por aqui, a reunião de família para a data será mais uma vez na casa da tia Nice, conforme determina o figurino.

Apesar de ser completamente técnico e sem a costumeira pompa de sempre (é por pura ausência do dom criativo), a lembrança desta data será de uma forma bem diferente. Além de homenagear as mães, aproveitarei para mostrar novas fotos da Rafaela, a sobrinha do tio coruja aqui. Por que escolhê-la se ela ainda é apenas uma linda bebê?

A resposta tem justificativa. Afinal de contas, a chegada da Rafaela despertou o espírito de mãe em toda a família. Fora a Elisângela - a mãe de fato -, isso aconteceu na bisavó Tereza, na avó Léa e nas tias avós Raquel e Nice. Por ser a única pequena, os cuidados de mãe com a Rafaela são multiplicados por cinco vezes.

Para quem é de fora, imagine só como a Rafaela é o centro das atenções ao ponto das outras mães dela fazerem brincadeiras com a pequena bebê por muitas horas. E acreditem. Isso chega ao ponto de deixar a pequena criança estressada. Como é engraçado. Esse é o preço que se paga por ser sucesso de público e de bilheteria.

Eu presenciei esse fato e tentei até fazer novas fotografias da Rafaela. Mas isso não foi possível porque a pequena bebê estava muito agitada. Sem acordo. Mas flagrei algumas poses dela, que estava séria demais:



Nessa, a Rafaela já estava com aquela cara de choro:



Depois de inúmeras tentativas, as reclamações foram inevitáveis:



O jeito foi encerrar as investidas. Por outro lado, eu encerro essa postagem com um Feliz Dia das Mães para todas vocês. Não importa a idade, as condições e as situações, essas mulheres fazem de tudo para facilitar a vida dos filhos. Em alguns casos, até exageram nessa missão, mas é natural depois de presenciar o crescimento deles no próprio ventre durante nove meses.

sábado, 9 de maio de 2009

Enfim, sou um global

Havia voltado do almoço para retomar o batente no Diário de São Paulo. Quando cheguei à redação, o movimento era enorme lá dentro. Muitas câmeras de TV, várias pessoas de fora que andavam para todos os lados desse espaço e uma agitação só dos jornalistas. Evidentemente, isso despertou a minha enorme curiosidade. Quando fiquei mais atento a tudo, avistei a atriz Rosi Campos no local.

O fato aconteceu no final de maio do ano passado. O objetivo de tudo isso era mostrar como de fato funciona uma redação de jornal, numa reportagem para o programa Vídeo Show, da Rede Globo. A escolha de quem conduziria essa matéria tinha justificativa. A atriz fazia a personagem Tuca na novela A Favorita, uma editora-chefe do fictício matutino O Paulistano.

Na vida real, ela mostrou todos os passos dos jornalistas, como funciona o processo de edição do jornal e conversou com alguns editores do Diário de São Paulo. A reportagem, porém, só foi ao ar 15 dias depois, quando estava de férias. Mas alguns amigos até mesmo fora da profissão me telefonaram para comentar esse material.

Na verdade, esse pessoal apenas falava "eu te vi no Vídeo Show" ou "enfim, você virou global hein". Aí, eu me lembrei que a reportagem foi feita na redação. O motivo deles terem visto a minha pessoa na tela é porque a atriz encerrou a visita bem na bancada onde costumo trabalhar. Ou seja, fiquei alguns segundos na tela.

Foi muito engraçado, pois me tornei global por alguns segundos. Por outro lado, a atriz é uma simpatia de pessoa. Após o final das filmagens, ela conversou conosco, inclusive com os profissionais da minha bancada. Ou seja, trata-se de uma artista que não foi seduzida pelo lado negro do sucesso.

A seguir, a reportagem na íntegra para o Vídeo Show. Se quiser me ver na tela como se fosse um funcionário exemplar, terá que assistir tudo porque só apareço no final. Ou seja, será obrigado a ver todo o conteúdo. 


Um beijo no coração

Ao abrir a minha página do Orkut, havia um recado que me deixou bastante feliz. O conteúdo dele era referente ao texto escrito sobre o bota-fora da amiga e colega de profissão, Isis Brum. Ela deixou o Diário de São Paulo para tocar seus projetos pessoais. E, conforme prometido, marquei presença nesse encontro de jornalistas das mais longínquas redações de São Paulo.

O recado era nada mais nada menos que o da própria homenageada. Assim, a "poderosa Isis" deixou palavras inimagináveis, afinal apenas escrevi os fatos, conforme manda o manual de um jornalista. Nada mais.

A seguir, reproduzo o conteúdo na íntegra. Não esperava tanto carinho e agradecimento:

"Tomo o texto como um dos presentes mais lindos que ganhei na vida. Obrigada, meu amigo, muito obrigada. Pessoas de coração puro, capazes de amizades honestas, são as que realmente têm poderes mágicos - o poder da alegria. Um beijo no seu coração."

Ao ler essas palavras, cheguei à conclusão de mais uma missão cumprida. Ou seja, de atingir o objetivo de manter as amizades feitas ao longo desses 15 anos de profissão. Além disso, me deixou com mais esperanças de que ainda tenho bondade, sinceridade e honestidade. Permaneço no caminho certo.

Talvez, continuo a ser uma pessoa honrada, apesar de nadar contra a maré forte. Pelo menos, durmo com a consciência tranquila. Isis, só escrevi a verdade, acredite. Mesmo assim, o coração tão remendado, cicatrizado e alegre por ter nascido de novo recebeu com enorme euforia esse beijo. Pode acreditar.

Assim, aproveito essa oportunidade para colocar mais fotos onde o rapaz aqui se encontra, durante a despedida da Isis no tradicional Marajá. Nessa imagem, apareço com a Rubia Evangelinellis e Carol Knoploch:



E não podia deixar de sair na foto com a Isis:



São atitudes iguais a essa que mostram como podemos ser pessoas boas de coração. Muitos preferem fazer o mal ou simplesmente ignorar os sentimentos mais nobres do ser humano. Eu prefiro não abandoná-los. Com eles, sempre mantenho a tentativa de ser um homem melhor a cada segundo que passa.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O teste que virou manchete

Vou retomar aquela missão de mostrar algumas imagens dos meus 15 anos de profissão. Desta vez, a viagem no tempo não será muito grande. Digamos, um pequeno deslocamento. Retornaremos ao ano de 2005, quando iniciei a minha nova incursão. Desta vez, desembarquei no ABC Paulista para trabalhar no maior jornal daquela região, considerada uma das mais desenvolvidas economicamente. Afinal, era um prato cheio para trabalhar no setor onde atuo desde 2000. E, ao mesmo tempo, se tornaria a minha porta de entrada para a grande imprensa.

Aterrissei no Diário do Grande ABC graças a uma indicação feita pelo amigo Frederico Rebello Nehme. O jornal precisava contratar um repórter de economia e ele sugeriu o meu nome junto aos dois editores de economia daquela época. Eu e o Fred, como é conhecido, trabalhamos juntos no ValeParaibano, em São José dos Campos. Por isso, se lembrou de mim porque havia atuado nesse setor no interior do estado.

Desta maneira, fui chamado para fazer um teste e, desta forma, concorrer à vaga aberta. Na verdade, compareci sem muita expectativa, pois naquela época era assessor de imprensa na Assembléia Legislativa. Ao contrário do que pensei, o resultado desse processo foi muito mais além do imaginado. Tudo começou quando os editores Marcelo Moreira e Fausto Siqueira passaram uma pauta sobre exportações de caminhões como forma de me avaliar.

Corri atrás da história. Primeiro, ouvi alguns representantes dos trabalhadores que ficam dentro das montadoras de veículos. Para o meu desespero, o assunto não decolava. Mas o roteiro de tudo isso começou a mudar quando fiz uma pergunta um tanto boba, mas sempre necessária na apuração de uma reportagem. "Fora isso, tem mais alguma novidade?", questionei o entrevistado, um representante da Comissão de Fábrica da Scania.

Ao fazer isso, ele me revelou que a empresa havia aberto um Programa de Demissões Voluntárias, o conhecido PDV, como forma de persuadir os trabalhadores a pedir desligamento, com incentivos financeiros além da rescisão do contrato. A informação era importante porque a região enfrentava uma onda de PDVs nas montadoras.

Ao informar a descoberta para os editores, os dois ficaram eufóricos com a notícia. Pediram se eu poderia continuar na apuração da reportagem. De quebra, eles colocaram para me ajudar o próprio Fred e Leone Farias. Esse último é o repórter mais experiente da editoria. Fiquei surpreso com tudo isso. No final da tarde, anunciaram que o meu simples teste tinha virado a manchete do jornal do dia 01 de junho de 2005. Ou seja, havia praticamente conquistado a vaga. Pura sorte de ter feito a pergunta certa na hora certa.

Assim, reforcei a equipe de economia do jornal. Por quase um ano, fui o repórter que cobria o movimento das montadoras do ABC, região considerada o berço do segmento automotivo do país. Por esse motivo, tratava-se da área mais importante da editoria. Logo na primeira semana, foi uma manchete atrás de outra.

Tanto que um amigo de longa data nesse jornal, Roney Domingos, disse: "chegou apavorando, hein!". Nós dois havíamos trabalhado juntos no Diário de Mogi das Cruzes. Outros repórteres mais antigos chegaram a me falar que não se importavam em dar a principal notícia do dia. Seria despeito ou incapacidade? Isso não importa para quem procura sempre fazer o melhor possível.

Os plantões do final de semana eram divertidos. Em algumas ocasiões, o povo até fazia foto nossa para fazer brincadeiras com a própria desgraça de trabalhar enquanto o restante da família está em pleno descanso. A seguir uma imagem desses momentos. Pela ordem, o diagramador Eder Marini, Marcelo Moreira e eu:



Esse período foi muito bom, talvez um dos melhores da minha carreira. Consegui despontar numa área importante e com respaldo dos editores, inclusive para fazer reportagens negativas contra as grandes montadoras. Além disso, essa passagem também foi interessante porque trabalhei ao lado de uma das melhores equipes que atuei. Só perde para o grupo do Terra TV.

Além dos editores, do Fred e do Leone, também compunham a editoria Hugo Cilo, Mariana Oliveira, William Glauber, Luiz Frederico, Roberto Izuka e Adriana Mompean. Essa última é uma das únicas remanescentes ainda no jornal junto com o Leone. Os demais já deixaram o Diário do Grande ABC graças a novas oportunidades ou devido aos altos e baixos da profissão.

Já a maioria da equipe foi para grandes redações, como O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, IstoÉ Dinheiro, portal G1 e assessorias de imprensa. No meu caso, deixei esse jornal em razão de divergências com o editor que assumiu o comando no lugar de Marcelo Moreira e Fausto Siqueira. Tudo bem, afinal consegui a proeza de sair do Diário do Grande ABC no dia em que tinha dado a manchete do dia novamente. Pelo menos, não foi por falta de capacidade técnica.

Por outro lado, pensei por algum tempo que minha passagem por esse matutino tinha acontecido simplesmente devido a um único e mágico momento pessoal. Mas foi apenas mais um local onde enriqueci minha trajetória profissional. Ainda bem. Considero que o Diário do Grande ABC foi o primeiro degrau para o meu amadurecimento no jornalismo, apesar dele ter perdido o vigor editorial de décadas passadas. Coisas do tempo, que passa e traz transformações.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A poderosa Isis

Recebi um convite de uma amiga de trabalho através de uma página de relacionamentos na internet. O chamado era para comparecer a um encontro de jornalistas com intuito de fazer aquele tradicional bota-fora. A companheira de redação, Isis Brum, deixou o jornal. Desta forma, resolvi dar o meu apoio moral e prestigiar o nobre evento. Chegou a hora de deixar mais uma vez o meu refúgio de recuperação em Suzano para a primeira aparição pública aos parceiros de empresa. Foi uma forma de me preparar psicologicamente para o retorno ao serviço.

Ela não tem poderes mágicos, como a capacidade de voar e super força, mas é tão poderosa quanto a Isis, aquela heroína do seriado transmitido na TV na década de 70 e início dos anos 80. O motivo desse comparativo é o número de pessoas que compareceu ao encontro. Havia representantes de várias redações, entre jornais, portais de internet e assessorias de imprensa. E até um pensionista do INSS, que é o meu caso.

O clima era de muita descontração, regado a muito chope, uísque e vinho entre o público presente. Por conta dos medicamentos, ainda fiquei a base de água e suco de abacaxi. O local escolhido foi o Marajá, um botequim bem perto do jornal que sempre é escolhido para ocasiões desta natureza. Como estou sem trabalhar, fui o primeiro a chegar, inclusive antes da homenageada. 

Decidi não avisar que compareceria como forma de causar surpresa. A decisão foi perfeita. Além da alegria dela ao me avistar, outros amigos também ficaram felizes, afinal muitos não me viam desde o acidente, no entanto sempre estavam em contato comigo pelo telefone e me davam apoio nos momentos difíceis. Evidentemente, as perguntas foram sobre minha recuperação e se eu estava bem. Essa preocupação comigo só serviu para me dar mais forças para recomeçar na profissão. A sensação é de que ainda sou querido por alguns jornalistas.

Já falei demais de mim. Agora é a vez de retomar o assunto sobre a homenageada. Também resolvi deixar a pacata Suzano em direção a capital porque a Isis sempre foi parceira no Diário de São Paulo. A última delas foi no meu último plantão antes do acidente, quando atuamos juntos no desfecho do Caso Eloá. Nesse esquema, também estava Aiuri Rebello. Um procurava ajudar o outro na obtenção de informações. Além disso, revezamos o único notebook cedido pelo jornal para essa cobertura. Fatos que sempre serão carregados na minha carreira.
 
A decisão dela de pedir pedir demissão foi para tocar projetos pessoais. Ou seja, um novo desafio para ganhar motivação. A Isis, eu só tenho como desejar muito boa sorte nessa nova empreitada. E não deixe de nos procurar. Assim, encerro essa postagem com o tradicional registro fotográfico. Junto comigo, aparecem da esquerda para direita as jornalistas Rubia Evangelinellis, Carol Knoploch e a Isis. Olha a minha cara de assustado. Que horrível....


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Ao lado das minhas amigas

Domingo de decisão. Corinthians e Santos jogaram pela segunda vez para definir quem levaria o título do Campeonato Paulista. Como torcedor do timão - não tão fanático quanto meu irmão -, queria assistir à partida reunido com amigos ou num bar com muita muvuca. O cenário todo para acompanhar o jogo já estava traçado, mas foi muito melhor do que imaginava. Além de acompanhar todas as jogadas em meio ao clima de comemoração, contei com as companhias das grandes amigas de longa data, a Tatiana e a Milena.

Foi muito bom ver o jogo ao lado delas. E olha que as duas não torcem para nenhum time. No entanto, elas queriam curtir todo esse movimento como uma maneira de espairecer a mente. Como estou quase recuperado, resolvi encarar o desafio de ficar no meio do público. Assim, nós partimos para Mogi das Cruzes em direção ao Santa Rosa, um barzinho muito frequentado pelas pessoas atrás das badalações. O local era um dos que abriram mais cedo para receber os corintianos e os santistas.

Fora ver o Corinthians novamente campeão, o encontro desse trio tinha algo mais importante. Voltamos a sair juntos depois de quase cinco anos sem fazer isso, devido aos caminhos diferentes que cada um seguiu. No entanto, isso provou que a amizade persiste nas horas boas e nos momentos ruins, apesar desse tempo de distância. Ao saberem do acidente, a Tatiana e a Milena fizeram questão de me visitar em casa. 

E revivemos as saídas às baladas nos tempos de adolescência e já na fase adulta. Eu adoro muito essas "meninas", conforme costumo chamá-las carinhosamente desde o início dessa amizade, há mais de 14 anos. Na verdade, são as minhas irmãzinhas que eu nunca tive. Como sou o mais velho, cuidava delas nas saídas noturnas quando éramos mais jovens. 

Assim, aproveitamos para conversar sobre o jogo. Ao final da partida, com o meu Coringão campeão, falamos sobre diversos assuntos, como as nossas experiências pessoais, profissionais e sobre os bons tempos de amizade. Depois do jogo, o bar continuou com as portas abertas e recebeu mais público. O espaço virou uma verdadeira balada de domingo. Foi demais.

Para encerrar com chave de ouro essa nossa saída, fizemos o tradicional registro fotográfico. Fazia muito tempo que queria uma imagem ao lado delas para guardar nos meus arquivos. O clique mostra, pela ordem, a Tatiana, a Milena e o rapaz que vos escreve.



Como somos os remanescentes do grupo de amigos, essa será a primeira de muitas incursões que já combinamos. Como ainda não tivemos o mesmo desfecho dos outros, como casamento e filhos, o jeito é manter o contato porque relacionamentos vêm e vão, mas essa amizade mostrou que persiste, não importa a trilha que cada um de nós escolheu para seguir.

OBS (colocada após ter postado o texto): como fiquei feliz em sair nessa foto porque tenho muito carinho pela amizade da Tatiana e da Milena. 

domingo, 3 de maio de 2009

Como vendedor de picolés

Mais um final de semana está em curso. Como já estou muito melhor, decidi dar uma caminhada em Suzano neste sábado para ver como estava o movimento. Dei uma olhada no movimento no shopping da cidade, assisti a um filme no cinema e depois fui embora. Fiz tudo isso a pé para fortalecer a perna. Era final da noite, então bateu aquela fome. Resolvi seguir um conselho dado pelo meu fisioterapeuta e parti em direção a um posto de gasolina, onde tinha um trailler novo de lanches. O ponto foi montado recentemente, mas o responsável pelo local é bem conhecido devido aos seus deliciosos sanduíches de hamburguer.

A frente do negócio, está um senhor conhecido no município como França. Ele mesmo prepara os lanches. Que delícia de x-salada. Devido à ótima fama nesse segmento desde os tempos da sua antiga lanchonete, chamada de Koxixo, o trailler sempre tem um movimento intenso, principalmente nos finais de semana. Afinal, o imóvel onde ficava o antigo ponto foi vendido e hoje é um barzinho com música ao vivo.

Nem de longe, o fluxo atual se compara à antiga lanchonete. Bom, o local mudou, mas a qualidade do sanduíche continua o mesmo. Ao fazer essa visita ao trailler, minhas lembranças voltaram a funcionar como acontece ultimamente. Quando estava no pequeno balcão para comer, viajei novamente no tempo, mais precisamente para o ano de 1990, muito antes de ser jornalista. Nem pensava em atuar nessa profissão.

Há quase 19 anos, eu fazia parte da turma de formandos da oitava série da Escola Estadual Geraldo Justiniano de Rezende Silva. Para garantir a festa de conclusão do antigo primeiro grau (hoje ensino fundamental), os alunos precisavam arrecadar recursos durante todo aquele ano. Assim, a nossa classe foi dividida em grupos. Cada equipe fazia algo como forma de conseguir dinheiro.

Desta forma, o nosso grupo resolveu vender picolés na rua. Isso mesmo, igual àqueles ambulantes com uma caixa de isopor. Além de mim, a equipe era composta por Dárcio Kitakawa, Jamilton Ferreira Júnior, o Juca, e Edgard Kobayashi. Esse último talvez tenha sido influenciado por essa época, afinal ele montou uma bela sorveteria no shopping da cidade. Já os outros dois amigos são dentistas.

Para colocar o plano em prática, nós juntamos dinheiro dado pelos pais e compramos mais de 100 picolés de diversos sabores. Colocamos uma parte deles no isopor e os demais guardamos no freezer da mãe do Dárcio. Mas na hora de vendê-los, ninguém tinha coragem de sair com a caixa de isopor. Desta forma, precisei tomar a iniciativa, carregar o produto no ombro e gritar "olha o sorvete, olha o sorvete". Na cara de pau, abordava os pais dos alunos em frente à escola. Os outros só acompanhavam escondidos de vergonha.

Tudo bem, não tenho o que reclamar porque conseguimos vender todos os picolés. Reembolsamos o dinheiro aplicado no negócio e ainda tínhamos um lucro garantido para ser usado na festa de formatura da oitava série. Missão cumprida, graças ao empenho de todos. Ou quase cumprida, pois o objetivo total teria sido alcançado se a gente tivesse entregado o montante arrecadado na venda. Decidimos não fazer isso por um único motivo: os outros grupos nada tinham se empenhado na coleta de recursos. 

Numa pequena reunião, achamos injusto somente o nosso grupo dar o dinheiro. Então, tomamos uma importante decisão. Vamos usar o nosso lucro de outra forma. Como todos eram adolescentes, resolvemos torrar a grana em comida. Fomos ao antigo Koxixo para comprar aqueles deliciosos e tradicionais lanches. Escolhemos um dia em que os alunos sairiam mais cedo. O local ficava bem perto da escola.

O dinheiro no nosso bolso daria para cada um comer pelo menos de dois a três lanches e tomar vários refrigerantes. Como a gula era enorme devido àquela oportunidade, eu pedi dois sanduíches de x-bacon e um milkshake de morango grande. Os outros também consumiram muito. A felicidade de todos era tanta, que nem almoçamos no dia. Até minha avó estranhou, pois fazia sempre essa refeição na casa dela. Contei, é claro, que fomos ao Koxixo.

Tudo bem, o dinheiro era para a fomatura. Por outro lado, não era errado ter ido à lanchonete, pois eu, o Dárcio, o Juca e o Edgard colocamos dinheiro do próprio bolso para comprar os picolés. E trabalhamos por uma finalidade, mas no final acabou em outra meta porque a gente teria trabalhado por todos os outros alunos, que sequer se empenharam como o nosso grupo. Seria pura injustiça.

De volta ao trailler do antigo dono do Koxixo, terminei o meu lanche e fui embora para minha casa. Não importa onde o França esteja, mas os sanduíches sempre serão maravilhosos. E cheguei a essa conclusão desde os meus tempos de estudante. Quem for de Suzano ou vier à cidade, vale a pena conferir.

sábado, 2 de maio de 2009

A última grande cobertura

Antes, havia pensado em escrever sobre um determinado assunto no texto postado anteriormente. Mas nem tudo sai conforme planejado. Bom, vamos ao tópico que deveria ter sido publicado antes. Nos últimos dias, voltei às lembranças da minha carreira de 15 anos e cheguei à conclusão. Poxa, só conto sobre os meus primórdios na minha região. Então, resolvi mostrar uma história ocorrida mais recentemente. Aí, vieram as recordações do meu último plantão de final de semana no Diário de São Paulo. Nessa ocasião, fiz a minha última grande reportagem no jornal e, por incrível que pareça, fora da minha editoria habitual, de economia.

Como ocorre desde o início de 2008, os repórteres de economia e variedades da empresa reforçam a equipe geral, chamada no jornal de editoria São Paulo, nos finais de semana. É o grupo mais importante do matutino. Então, eu também entrava nesse esquema. Por esse motivo, caí numa cobertura importante no último sábado e domingo que trabalhei: fui parar diretamente no Caso Eloá.

Para quem não se lembra, essa história consiste no assassinato da estudante Eloá Cristina Pimentel, de apenas 15 anos. Ela morreu com um tiro na cabeça disparado pelo ex-namorado Limderberg Alves depois de mantê-la refém por cinco dias no apartamento dela, em Santo André. O disparo ocorreu com a invasão dos policiais do Grupo Tático de Ações Táticas Especiais (GATE) ao local. Essa situação mobilizou toda a opinião pública e os jornalistas, evidentemente.

A invasão aconteceu no final da tarde de 17 de outubro, uma sexta-feira. O dia era a véspera do meu plantão, dias 18 e 19. Sábado e domingo, respectivamente. Quando todos na redação acompanharam esse momento pela TV, eu pensei: terei um longo plantão. Como fazia habitualmente, concluí as minhas reportagens do dia e fui embora porque ainda não estava envolvido nessa situação, mas entraria no dia seguinte. Deixei o jornal com aquele tradicional dilema de um jornalista nessas horas: o que farei?

Passei no bar ao lado da empresa, bebi aquela gelada para relaxar um pouco e conversei com alguns colegas da redação. No meio do bate-papo, veio repentinamente à conclusão que resolveria a minha dúvida. Decidi voltar às minhas origens porque a situação permitia, afinal estaria mesmo de plantão. Quis novamente sentir o gosto de realmente ser repórter e entrar num grande caso. Sou tão bobo assim em ainda vibrar como se fosse um iniciante?

Desta forma, tomei a iniciativa de telefonar para o Sérgio Roxo. Ele estaria na chefia de reportagem no plantão. Liguei e disse que o pessoal poderia me jogar na cobertura dos desdobramentos do caso. Para isso, apresentei vários argumentos: morava próximo a Santo André, em São Bernardo do Campo, conhecia a cidade vizinha e preferia ficar em campo em vez de sentado na redação.

Minha ação funcionou. No dia seguinte, ele e o restante da chefia do plantão depositaram confiança em mim. Desta forma, fui o estranho no ninho no acompanhamento do caso porque os demais repórteres em Santo André vinham da editoria São Paulo. Quanto a mim, há muitos anos eu não participava de coberturas desta natureza. Será que estava preparado para reviver tudo isso?

Empenhado devido ao meu próprio pedido, me juntei aos jornalistas Aiuri Rebello, Bruno Folli e Isis Brum, além dos repórteres fotográficos Daniel Mobília, Odival Reis, Fernando Dantas e Fred Chalub nessa empreitada. Fora isso, tinha uma maré de colegas de outros veículos de comunicação em frente ao Centro Hospitalar de Santo André, que virou o quartel geral dos profissionais na cobertura porque tanto a Eloá e a amiga dela, Nayara Vieira, estavam internadas. Essa última sofreu um tiro na face, mas se recuperou sem sequelas.

No sábado, fiquei responsável por localizar as demais pessoas que ficaram reféns no apartamento. Até fui feliz nisso porque consegui o endereço deles e dos familiares graças aos antigos contatos que fiz nos primórdios mogianos. Assim, encontrei o namorado de Nayara, Yago de Oliveira.

O jornal foi a primeira equipe de reportagem a achá-lo após o desfecho trágico. Em entrevista, ele demostrava que ainda estava muito chocado com o ocorrido e contou como Limderberg apareceu no apartamento e as primeiras horas de cativeiro. Por falta de espaço no jornal, infelizmente essa conversa foi descartada das páginas. Perdemos a exclusividade.

Mas o dia seguinte do plantão foi o mais produtivo. A chefia me escalou para acompanhar a entrevista coletiva dos delegados responsáveis pelo caso. Lá, consegui todo o andamento do trabalho policial e tive acesso ao primeiro depoimento de Nayara, dado antes dela voltar ao apartamento. Nele, estavam contidos os momentos de terror enfrentados por ela e pela amiga Eloá, que sofreu agressões do ex-namorado. 

Por isso, a cronologia que consegui na delegacia virou a manchete do jornal. Bom resultado para o para-quedista do grupo, que desembarcou da economia para um plantão agitado. Foi muito legal, pois fui agraciado com isso depois de pedir para entrar no caso. Os outros repórteres vibraram com o ótimo desempenho, afinal conseguimos fazer um trabalho em equipe. E, no dia seguinte, os chefes do plantão vieram me agradecer pelo empenho e reforço. Veio novamente a sensação de mais uma missão cumprida.

Para mim, a experiência também foi muito legal porque fiz uma boa reportagem, que é uma verdadeira arte. Mais uma obra prima esculpida passo a passo com informação em cima de informação até a conclusão dela com chave de ouro.

Só consegui esse feito por ter atuado em campo e presenciado pessoalmente a notícia, sem a burocracia que virou o jornalismo. Hoje, dependemos mais de telefones, internet e, por isso, engolimos as versões sem analisarmos os fatos.

Aos poucos, perdemos a capacidade de avaliar e desconfiar. Talvez, eu ainda vivo na fase romântica da profissão. E podem me chamar de jornalista das antigas porque é um orgulho para mim. Pelo menos, não me prendo na cadeira e desempenho de forma burocrática a minha profissão. Bom, cada um escolhe sua maneira de atuar, mas a minha ainda é partir para o sacrifício.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Os últimos seis meses

Todo o dia primeiro de maio é feriado em comemoração ao Dia do Trabalhador. Nessa data mundial, as pessoas festejam ou protestam como forma de exigir a geração de mais empregos. Neste ano, a segunda opção ficou mais evidente por conta da crise, que acarretou um corte acentuado do número de vagas em todo o planeta, inclusive no Brasil. Consequência da lógica menos consumo-produção em menor escala-necessidade de uma quantidade menor de postos nas empresas. Raciocínio questionável, mas comum quando há retração na economia.

Para mim, esse dia tem algo muito mais além que um simples feriado. O acidente de trânsito que sofri em São Bernardo do Campo completou seis meses. Com isso, já se passou metade de um ano de uma forma completamente diferente do habitual. Desde então, estou sem trabalhar por causa da minha recuperação física. Como o tempo passa, não é mesmo?

Ao contrário dos dois anos anteriores no Diário de São Paulo, acompanhei as festividades do Dia do Trabalhador em casa pela TV e internet. Para as pessoas normais, algo completamente normal. Para os jornalistas que atuam na editoria de economia, é um dia de muito serviço para cobrir os eventos organizados pelas centrais sindicais. Em 2007 e 2008, por exemplo, acompanhei todos os passos da festa feita pela Central Única dos Trabalhadores (CUT).
 
Apesar do cansaço gerado por uma ampla cobertura, eu tenho boas lembranças. Nessas oportunidades, costumo encontrar muitos colegas de profissão que estão em outros jornais ou mesmo os assessores de imprensa das entidades organizadoras. Há espaço para conversas sobre diversos assuntos para distrair a cabeça. E também um momento de deixar a burocracia de apurar reportagens por telefone ou e-mail e ficar atento aos acontecimentos de perto. Coisas do jornalismo mais romântico.

Os seis meses parados também serviram e muito para refletir. Várias situações profissionais e pessoais não estarão no mesmo lugar como deixei antes do acidente. Muita coisa mudou e poderá ser alterado quando voltar à minha vida normal. Gostaria que algumas delas não se transformassem, mas paciência. Até a ortografia da Língua Portuguesa sofreu transformações e precisarei aprender sobre isso.

Por outro lado, outras situações surgiram repentinamente para minha alegria. Estão dentro das transformações acima citadas. Como é bom receber apoio moral, espiritual e afetivo das pessoas que realmente gostam de mim. Devem ter consideração mesmo, pois não sou unanimidade entre o público. Não é trágico, mas como disse Darwin Valente, editor-chefe do Diário de Mogi, "é preciso tirar boas lições de tudo". As palavras foram em 2000 e nove anos depois, eu consegui isso no acidente.

São com essas mudanças que me preparo para voltar à correria do dia-a-dia. Para quem acreditou, torceu e sofreu por mim, toda a corrente positiva não foi em vão. Honrarei cada preocupação trazida por mim nos tempos difíceis de recuperação. Já para aqueles ou aquelas que ignoraram essa história ou abandonaram o barco, voltarei com o sentimento de ter dado a volta por cima. E me aguardem. Se o meu retorno incomoda, o problema é seu. Sem ressentimentos.

Quanto a mim, quero seguir em frente renovado. Não sou mais o mesmo porque aprendi a valorizar mais a vida que ganhei pela segunda vez. Tomara que tenha me tornado uma pessoa melhor. E confesso uma coisa. Pensava em escrever sobre um assunto e, no decorrer do texto, relatei algo bem diferente do previsto. Igual ao nosso dia-a-dia porque nem sempre algo sai conforme planejado. Esse é gosto mais saboroso de viver.