sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mais um Natal na redação

Natal é assim mesmo. Quando a gente anda nas ruas - tanto de carro quanto a pé -, tenho uma sensação de tranquilidade. Porém, ao mesmo tempo vem algo muito estranho. Uma verdadeira mistura de saudosismo, emoção e melancolia. Não sei se todos pensam como eu. Talvez isso tenha ocorrido neste ano pelo simples motivo de estar de plantão na redação do jornal.

Alguns jornalistas agora se sacrificam desta forma para garantir a notícia aos espectadores, seja na TV, na internet, no rádio e no tradicional matutino. Esse foi o meu caso no dia em que se comemora o nascimento de Jesus. Afinal de contas nessa época do ano, apenas metade das equipes trabalha nesse feriado.

Nas ruas, acontece algo bem antagônico em relação à véspera da data. Uma tranquilidade só. Vias vazias e sem congestionamento. Calçadas sossegadas para dar aquela caminhada. E lojas totalmente fechadas. Foi possível contar nos dedos as pessoas que se arriscaram a sair de casa.

Também vou mais além. Os meios de transporte público também não registram aquele grande volume de passageiros. Pude sair de Suzano em direção à capital sem a menor agitação. Consegui viajar sentado o percurso inteiro no trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e no metrô. Algo raro de acontecer em dias normais. Presenciei todo esse cenário no caminho para o plantão.

No entanto, a vontade de estar com a família ou junto com os grandes e leais amigos aumenta a cada passo rumo ao trabalho. Mas infelizmente precisei abrir mão de tudo isso para cumprir o dever da minha profissão. Pelo menos, consegui festejar a ceia com os parentes e, pela primeira vez, com a Rafaela, a minha linda sobrinha. Algo para ficar emocionado só de vê-la feliz com o monte de presentes que ela ganhou.

Agora, o jeito é guardar todas essas ótimas lembranças e enfrentar mais esse plantão de Natal nesse clima frio de redação. É uma forma de amenizar a minha ausência no tradicional almoço de Natal com a família. Aqui, há colegas de profissão muito legais para conversar e jogar bobagens aos sete ventos. No entanto, não é a mesma coisa se comparada à possibilidade de ficar com os parentes e os parceiros de longa data.

Sinto sim um enorme aperto no coração por trabalhar no Natal. Porém, foi a vida profissional que escolhi. Então, o jeito é dar continuidade a essa missão porque a minha grande recompensa será a folga no Ano Novo com a outra metade da equipe. Além disso, só torço para sobrar um pouquinho desse dia para poder curtir após o serviço. Assim, Feliz Natal para todos e curtam por mim.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Dez meses em clima de Natal

Em meio ao clima de Natal, todos se preparam para comemorar a data mais familiar do ano. Ceia farta, todos reunidos, bebida a vontade (tanto refrigerante quanto cerveja e outros alcoólicos) e o espírito de amor e paz em todos os corações. Tudo parece a mesma coisa, a exemplo de anos anteriores. Mas felizmente não será simplesmente desta forma por um só motivo. Nesse ano, teremos pela primeira vez a presença mais ilustre do momento. Sou repetitivo? A resposta é sim, mas nada será igual porque a Rafaela estará agora nessa festa.

E isso acontecerá bem no mês em que ela completa dez meses. Na verdade a pequena notável atingiu essa idade nesta data, a apenas nove dias do Natal. Então, o jeito é comemorar duas vezes. Agora por ela ter chegado a esse patamar e depois para o feriado com a família. Haverá presentes, mas passei a dar mais importância em ficar com todos aqueles que me deram apoio nos tempos do acidente.

E agora contaremos com esse belo reforço. Afinal, já disse várias vezes que a Rafaela chegou num momento difícil. Apesar de tão pequena, se tornou um verdadeiro anjo da guarda por ter trazido mais alegria, candura e amor ao meu coração, apenas por dar atenção a tudo que faço. Afinal, criança não mente e percebemos de fato quando a mesma gosta ou não gosta de alguém ou de algo.

Pois bem, dez meses se foram e a Rafaela cresce aos poucos. Na mesma proporção, também aumenta a alegria de todos que estão em volta dela. Pelo menos me sinto desta forma, a ponto de amigas dizerem uma certa mudança radical na minha fisionomia quando estou na presença da amada sobrinha. Também, não tem como não aparentar mais felicidade estampada no rosto.

É o mínimo que ocorre porque a Rafaela enche nosso peito de alegria. Até os mais sérios da família se rendem aos encantos dela. Um exemplo mesmo é o meu pai. De comportamento fechado e mais observador, ele também muda quando a neta está por perto. É só ver essa imagem dos dois juntos:




Para mostrar que o tio coruja aqui também sempre está por perto, essa aqui a Rafaela me acompanha no computador. Só não pode virar jornalista, viu:



E as brincadeiras não param por aí. A menina se esbalda no colchão de ar que comprei especialmente para acomodá-la quando ela está em casa:



O tempo passa e a Rafaela fica cada vez graciosa. E agora faltam apenas dois meses para ela completar um ano. Como realmente o mundo não para. Antes, ela mal podia nos ver. Agora, sempre tenta nos atrair, quando dança, pula e bate palmas como forma de chamar a nossa atenção. Essas situações só mostram como ela deverá ser atenciosa quando crescer.

E assim espero para tentar deixar esse mundo mais colorido. Comigo, ela já alcançou esse objetivo. As cores vivas que ela carregou já me deixaram mais vibrantes.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Na Capital da Alegria - parte 4

A festa no Albergue da Juventude

Depois de uma tarde na piscina do resort Stella Maris e na praia com o mesmo nome do hotel, o jeito foi preparar as malas com objetivo de partir para mais perto do centro de Salvador. Queria ficar numa região mais próxima dos pontos turísticos como forma de curtir o final de semana prolongado, após intenso trabalho para o jornal. Com todas as minhas tralhas, consegui transporte ao bairro da Barra, onde ficava o albergue escolhido para ficar o restante da minha viagem à Capital da Alegria.

Cheguei por volta das 18 horas de um sábado, 21 de novembro, ao Albergue do Porto. O local não poderia ser melhor localizado, pois ficava muito próximo à praia da Barra e ficava muito fácil embarcar nos ônibus ou num táxi em direção a algum local conhecido. Ao entrar no local, fiz o meu cadastro.

Afinal, havia escolhido esse tipo de hospedagem porque esses lugares costumam ter várias pessoas interessantes para conhecer. Além disso, facilita a formação de novas amizades. Eu estava sozinho nessa empreitada e queria ter novos contatos.

Mas algo me chamou muita atenção logo ao entrar no albergue. Quando ia guardar minhas bagagens, um grupo de mulheres hospedadas no mesmo local veio e perguntou se eu gostaria de participar de uma festa que ocorreria no albergue. E falou que custaria R$ 15 com direito a bebida e churrasco.

Imediatamente, aceitei o convite e , em seguida, me apresentei. Também disse da minha vontade de estar nesse grandioso evento. Melhor recepção melhor em meio à minha chegada, impossível.


Pois bem, fiquei tão animado a ponto de ir ao mercado próximo e reforçar o estoque de bebidas. Fiz desta forma e aguardei ansiosamente todos os preparativos. A festa começou por volta das 21 horas. A partir de então, foi possível conhecer o pessoal hospedado.

Lá, estavam pessoas de várias partes do país e até do exterior. Conheci uma turma de mulheres bastante animadas de São Paulo: a Vivian, a Thaís, a Michelle e a Pat, além de outras. Além disso, havia a Aline lá de Fortaleza (CE), o Leandro, de Margingá (PR), a Luciana e o Marcelo, ambos do Rio de Janeiro. Fora eles, estava a ala estrangeira, como os grupos de franceses e de inglesas. Também tinha o Fernando, um peruano muito engraçado. Verdadeira figura.

Assim, a festa começou em ritmo acelerado. Então, o jeito foi fazer o registro do pessoal que recepcionou para a ocasião:



O evento deixou todos nós bem a vontade. Conversa vai e outro papo vem, tudo regado a muita cerveja e vodca. Com certeza, esse fator acirrou mais os ânimos de todos nós nessa festa. Apenas algo para alegrar o início da curtição na Capital da Alegria. O único problema foi o cansaço acumulado por conta do trabalho nos dias anteriores, a ponto de tirar um cochilo no meio da muvuca.

Mas antes, consegui flagrar alguns detalhes com a minha máquina digital. Nessa imagem, as moças de Sampa:



Mais uma delas com o grupo mais completo:



Em seguida, a Thaís (de verde) faz pose com outra amiga, a Isis:



Essa é a ala estrangeira, que ficou bem animada com a festa:



E o evento foi madrugada adentro. Além dos agitos, da bebida e de muita comida, aconteceram muitas situações paralelas. Quem gosta deste tipo de festa, já deve imaginar quais foram os acontecimentos. Não há necessidade de entrar em detalhes. Só menciono que rolaram beijos e mais beijos entre vários participantes. Ainda aproveitei para ir às baladas.

O dia seguinte foi muito engraçado, pois o pessoal fazia um balanço de tudo que ocorreu nesse evento. Os risos eram inevitáveis. No meu caso, o jeito foi tomar aquele café da manhã para me recompor. E também precisava me preparar para visitar alguns pontos turísticos da Capital da Alegria. Afinal, não queria perder tempo e aproveitar ao máximo o resto do período de folga.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Numa fase inusitada de transição

Em meio a esses 15 anos no jornalismo, pensei ter passado por todas as situações dessa profissão. Fiz reportagens exclusivas, participei de grandes coberturas e até trabalhei em campanha eleitoral com políticos do cenário nacional. Também enfrentei atraso, corte e até calote do salário, além de demissões em massa numa redação. Quando achei que nada mais aconteceria para enriquecer minha experiência, surgiu algo como uma bomba para me surpreender mais uma vez. Agora presencio uma fase de transição, com a chegada de um novo proprietário no jornal onde trabalho.

Isso mesmo. Depois de acompanhar eleições presidenciais, casos policiais de repercussão, acidentes aéreos e entrevistas com personalidades, chegou a vez de testemunhar a troca do comando do Diário de São Paulo com a compra do jornal pelo Grupo Traffic junto à Infoglobo (braço das Organizações Globo em matutinos). Para mim, tudo isso é uma grande novidade, pois nunca havia presenciado algo assim.

A notícia sobre a compra veio como um verdadeiro tsunami entre os colegas de redação, pois a mesma proliferou antes por meio de uma nota divulgada na internet no horário do almoço daquele dia 15 de outubro de 2009. A confirmação oficial só ocorreu no final da tarde. Apesar de tudo isso, o clima de expectativa continuou por muito tempo nos corredores.

Outros colegas de profissão ficavam ansiosos para saber o que aconteceria a partir de então. Mas muitos permaneceram serenos com as alterações e continuaram a trabalhar da mesma forma, sem qualquer tipo de preocupação. Eu acho que me encaixo na segunda opção, porém com uma grande curiosidade de observar os passos dos novos controladores do jornal.

A transição passou a durar todo o mês de novembro. Os funcionários foram desligados da Infoglobo e recontratados pelo Grupo Traffic. No campo editorial, o conteúdo começou a ser analisado de forma mais criteriosa pela nova direção de redação. Como consequência imediata, a capa do matutino está mais bonita e com bons assuntos para chamar a atenção do leitor.

A empresa assumiu oficialmente a edição do jornal na última terça-feira, dia 01 de dezembro. Nessa data, o dono do grupo, o empresário e jornalista J. Hawilla, fez questão de ir à redação para cumprimentar a todos os profissionais. Conversou e falou da sua felicidade em adquirir o Diário de São Paulo. Com essa compra, o jornal passa a ser carro-chefe da Rede Bom Dia, que já atuava no interior do estado.

Apesar dos contratempos burocráticos, essa fase de transição trouxe bons ensinamentos para mim. Testou minha capacidade de me adaptar a alterações bruscas, conseguiu despertar a tranquilidade em mim nesse processo todo e será responsável por eu guardar mais uma história dentro da profissão. Sem querer ser bajulador, a torcida agora é para que tudo dê certo. Se isso acontecer, eu e os meus colegas de redação serão beneficiados de alguma forma.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Na Capital da Alegria - parte 3

A primeira saída na balada

Minha missão profissional havia sido cumprida na Bahia. Após enviar a reportagem para o Diário de São Paulo e até o jornal O Globo, só queria aproveitar minha estadia na Capital da Alegria. Ainda fiquei parte desse período no Resort Stella Maris. Mas queria de todas as formas aproveitar a primeira noite de tranquilidade depois da cansativa cobertura. Como não iria trabalhar na segunda-feira devido a uma folga que tinha direito, decidi estender minha permanência em Salvador.

O jeito foi sair com alguns colegas de profissão. Escolhemos como destino o bairro do Rio Vermelho, devidamente recomendado por outros companheiros jornalistas que vivem na cidade. O local é conhecido devido à grande concentração de bares. Melhor opção seria impossível, pois era uma forma de entrar no circuito de curtição local e, ao mesmo tempo, de desligar do trabalho.

Antes de sair, os demais jornalistas do grupo perguntaram se iria mesmo com sono. Afinal, eu demonstrava cansaço no retorno ao hotel com o término do evento organizado pela Ford. Respondi que iria mesmo assim, mesmo se precisasse dormir na mesa do bar durante a nossa incursão.

Desta forma, fomos ao destino escolhido. Ao chegarmos nesse local, notamos a presença de muitos jovens nas calçadas, nas mesas montadas pelos bares. O clima estava favorável, com uma temperatura agradável e uma noite bem estrelada. Iniciamos o nosso ritual de beber. Conversamos por bastante tempo.

No entanto, eu só não contava que cumpriria algo até então ignorado por todos. Durante nossa permanência, o sono começou a bater em mim. Com isso, eu dei uma cochilada na própria mesa do bar. Com certeza, alguns baianos nas mesas deviam achar que estava bêbado. O cansaço falou mais alto.

Por esse motivo, os demais colegas de profissão na mesa começaram atirar um barato. Participei da brincadeira e o povo se divertiu. Quando vimos que o horário era 4h30, resolvemos ir embora de táxi para o hotel. Chegamos, mas ainda não estava contente o suficiente para me recolher no quarto, apesar de ter dormido na mesa do bar.

Com isso, consegui presenciar o amanhecer do sol na praia Stella Maris. Olha só o espetáculo:



Depois desse flagrante, fui dormir porque queria aproveitar o dia seguinte em Salvador. Ainda consegui curtir o resort onde fiquei até a metade da tarde. Em seguida, peguei as malas e fui em busca de um lugar para ficar até o fim da folga em Salvador, pois o esquema da Ford terminaria naquele sábado.

Então, parti para um albergue da juventude, onde ficaria até o meu retorno. A partir daí, começaria uma nova etapa na Capital da Alegria, a de apenas curtir e conhecer Salvador.

domingo, 29 de novembro de 2009

Desde o Grêmio Estudantil

Voltava de São Paulo, após um domingo com os novos amigos e amigas. Como ainda não dirijo para todos os cantos, retornei de condução e, ao chegar a Suzano, parei numa padaria para matar aquela fome. Nesse momento, tive a oportunidade de encontrar um velho conhecido dos tempos da escola Justiniano. Era o Cosme dos Santos Souza. Ao me ver, ele disse que me viu no comercial do Diário de São Paulo na televisão. Ao mesmo tempo, relembrou algo esquecido há muito tempo. Para fazer referências à propaganda, reviveu quando me candidatei ao cargo de diretor de imprensa da nossa chapa concorrente ao Grêmio Estudantil do colégio, em 1993.

Sempre envolvido com o handbol desde a época da escola, a lembrança de Cosme me fez retornar àquele período. Antes de me candidatar, já dava os primeiros passos nessa área. Isso mesmo. Participava do jornal que o Grêmio Estudantil editava para os alunos da escola. Além disso, também costumava falar no microfone nos momentos em que outros estudantes instalavam um sistema de som no pátio para anunciar as músicas tocadas pelos aparelhos. Como se fosse numa rádio.

E como poderia me esquecer de 1992. Ainda no segundo ano do antigo segundo grau (atual ensino médio), fiz a cobertura de uma passeata feita por alunos de diversas escolas da cidade para pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor. Era o período dos "caras pintadas", uma alusão aos jovens que protestavam com pinturas no rosto contra o chefe do Executivo do país, acusado de corrupção. Assim, acompanhei todos os passos do movimento para o jornal da escola.

Um ano mais tarde, decidi concorrer à chapa liderada pelo Cosme para o Grêmio. Com a pouca experiência na área, dentro da escola, me candidatei para o cargo de diretor de imprensa. No entanto, o nosso grupo perdeu as eleições por dois motivos. Um deles foi o espírito idealista de fato adotado pelo grupo, de querer melhorar a situação dos estudantes, porém sem muito planejamento. Por outro lado, a turma adversária tinha pessoas mais velhas e desta forma se articulou mais politicamente junto aos alunos, com promessas e projetos mais concretos.

O tempo passou e daquela época ainda trago marcas absorvidas da vivência no Grêmio Estudantil. Uma delas é o compromisso de trazer a melhor informação em qualquer lugar onde eu trabalhar. Fora isso, também carrego o espírito impetuoso de correr atrás e lutar sempre por algo melhor. Talvez, esses motivos foram responsáveis por ainda sobreviver no jornalismo, em meio aos 15 anos de profissão, sem contar os tempos escolares.

Desta forma, continuo jornalista e hoje trabalho no Diário de São Paulo. O Cosme se dedicou a sua paixão adquirida ainda nas quadras da escola. Jogou e depois se tornou técnico de handbol. Bons tempos, responsáveis pela nossa formação, cada um em seu segmento, claro.

sábado, 28 de novembro de 2009

Na Capital da Alegria - parte 2

Antes da curtição, o trabalho

A chegada à Capital da Alegria foi nas primeiras horas da madrugada de uma sexta-feira, dia 20 de novembro. Só não foi tão tarde porque ganhei uma hora a mais. Lá, não é praticado o horário de verão. Assim, o jeito foi dormir um pouco e me preparar para a data seguinte. A cobertura exigiria um pouco de atenção, pois o anúncio de investimentos da Ford contaria com a ilustre presença do presidente Lula.

O grupo de jornalistas convidados acordou bem cedo para o café da manhã. Todos estavam no Resort Stella Maris, na praia que tinha o mesmo nome. Ao despertar, tinha essa visão do hotel. Não dava nem vontade de trabalhar:



No entanto, precisava cumprir o objetivo principal do convite feito pela montadora. O jeito foi me trocar e pegar todos os equipamentos que usaria na cobertura jornalística. Com notebook, bloco de anotações e caneta na pasta, eu e demais colegas de profissão partimos para Camaçari, a cidade próxima a Salvador onde fica a fábrica da Ford.

Na van, o jeito foi consultar as notícias do dia pela internet móvel e verificar se alguma informação sobre os investimentos havia sido divulgada. Nessa ação, descobri que alguns veículos haviam conseguido os dados com exclusividade. Ou seja, a minha visita atrás da notícia tinha sido em vão. Nem tanto, pois sempre é bom acompanhar um evento com a presença de Lula. Ainda mais para quem estava há algum tempo afastado das reportagens do dia-a-dia.

Chegamos na unidade da Ford em Camaçari. Uma demora enorme para entrar no local do evento, devido ao confuso e sistemático esquema montado pelo cerimonial da Presidência. Se não fosse a assessoria de imprensa da montadora, com certeza esperaria até agora para entrar no local do anúncio.

O grupo de jornalistas esperou a chegada do presidente por mais de duas horas. A sorte é que ficamos no espaço destinado para autoridades. Lá, havia um delicioso buffet de comida. Pelo menos enganei a fome durante essa cobertura. O mais legal foi encontrar outros colegas com quem havia trabalhado em outras redações. São os casos dos jornalistas Leone Farias e Hugo Cilo.

Os dois foram meus parceiros no Diário do Grande ABC. O Leone continua no mesmo jornal e o Hugo faz parte da redação da revista IstoÉ Dinheiro. Fora eles, estavam outros jornalistas que costumava cruzar nas entrevistas coletivas do setor automotivo, como Paulo Araújo, hoje na Folha de São Paulo, e Murilo Camarotto, do Valor Econômico. Pelo menos, conhecia alguém.

Com a chegada de Lula ao evento, também vieram outros repórteres que o acompanhavam desde o dia anterior em Salvador. Nesse caso, também encontrei Maiá Menezes, jornalista do jornal O Globo, quem eu conhecia das vezes em que ia a São Paulo na sucursal do matutino, que ficava no mesmo andar da redação onde trabalho. Assim todos cobrimos o evento.

Ao final da solenidade, veio a grande surpresa do dia. O pessoal da sucursal do Globo em São Paulo me telefonou para pedir minha reportagem. Ou seja, parte do meu material seria publicado num dos maiores jornais do país. Fiquei muito feliz, pois sempre sonhei em trabalhar num grande matutino. No final, a reportagem saiu assinada por todos os envolvidos na cobertura. Muito legal.

Além disso, a felicidade veio em dobro. No final da tarde, a Larissa, editora de economia do Diário de São Paulo, me avisou para caprichar no material porque o mesmo teria grande destaque. O jeito foi me empenhar ao máximo. Escrevi sobre os investimentos da Ford, mais as declarações do Lula na solenidade.

Demorei para consolidar todos os textos enviados tanto para o Globo quanto para o Diário de São Paulo. Porém, nada me tirava o bom humor, apesar de ter trabalhado além do habitual, a ponto de segurar o notebook em pé, com a mão esquerda por falta de uma mesa de apoio. E digitava a última matéria a ser enviada para São Paulo somente com a mão direita no mesmo computador. Os demais colegas de profissão me acharam um doido e davam muita risada, mas garanti o texto nessas condições. Afinal, não queria perder tempo à espera de definições.

A cena inusitada aconteceu porque precisava sair da sala montada para a imprensa devido ao horário porque os funcionários precisavam fechar o local. Saímos da fábrica no começo da noite, três horas após o final da solenidade. Por outro lado, precisava arrumar uma forma de mandar o último texto para a redação. Ainda bem que levei um notebook.

Fora os contratempos como esse, estava com a sensação de missão cumprida pelo fato de aproveitar o final da tal sinergia entre as duas redações, cujo encerramento é em dezembro com a mudança do comando do jornal onde trabalho devido à venda dele à Rede Bom Dia (leia-se J. Hawilla, o dono da Traffic). Outro motivo foi ter provado mais uma vez que a viagem não era mera curtição, mas queria ir atrás da boa notícia, dentro da economia. Depois de superar minha meta prevista, minha vontade era somente relaxar e aproveitar o final de semana na Capital da Alegria.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

De volta ao volante do carro

Tudo parecia um dia normal. Havia acordado para ir à academia nas primeiras horas da manhã. Como sempre ou pego uma carona com a família ou vou sozinho a pé, afinal o medo de dirigir ainda pairava em mim. Porém, veio uma oportunidade de ouro para vencer esse temor. Meu pai ofereceu o caro do meu irmão. Então, eu pensei da seguinte forma: não seria um sinal de alguém lá em cima para mostrar que essa hora havia chegado?

Pensei duas vezes e resolvi aceitar o desafio. Desta forma, sentei no banco do motorista e liguei o carro. Comecei a tremer de ansiedade, pois era a primeira vez que sairia sozinho de carro desde o acidente, há mais de um ano. Outra vez, havia dirigido com o pai ao meu lado e na companhia de uma grande amiga minha, a Tatiana.

Até então, eu não me sentia seguro de guiar um veículo sem a companhia de alguém. No entanto, respirei fundo, dei a partida e saí com o carro em direção à academia. No início, eu estranhei. Mas aos poucos, me acostumei novamente e dirigi como nada tivesse acontecido. A felicidade tomava conta de mim.

Fiquei muito contente por se tratar de mais uma etapa vencida nessa recuperação física e psicológica depois do acidente. Era como se nada tivesse acontecido. Ao contar para algumas amigas, elas comemoraram tanto, a ponto de me deixar emocionado. Pode parecer bobagem, mas essa situação significou muito para mim. Marcou mais uma fase superada.

O fato me despertou a vontade até de comprar um carro. Se eu consegui esse feito, certamente foi com apoio dos amigos e da família. A todos, o meu obrigado de coração por me influenciarem nessa façanha.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Na Capital da Alegria - parte 1

Um embarque tumultuado

Enfim, uso um pouco do tempo que me resta para escrever. Na verdade, é por uma boa causa porque aqui começa mais uma grande saga, como resultado dessas caminhadas atrás da notícia. Depois da Capital do Poder, chegou a vez de voltar à Capital da Alegria. Pela terceira vez, estive em Salvador com objetivo de cobrir a visita do presidente Lula durante o anúncio dos investimentos de R$ 4 bilhões pela Ford nas suas fábricas do país, dos quais R$ 2,8 bilhões na unidade da montadora na Bahia.

Inicialmente, a viagem foi possível graças a um convite feito pela fabricante de veículos. Como a notícia era importante, a Ford chamou um grupo de jornalistas dos principais jornais do país para prestigiar a ocasião. E eu estava lá nesse momento. A oportunidade pintou de última hora, bem na véspera do feriado da consciência negra. Então, o jeito foi acelerar meu serviço para poder correr atrás de mais essa reportagem.

Consegui antecipar tudo na redação como forma de cobrir esse evento. Na minha avaliação, era de extrema importância por se tratar de uma medida para incrementar a produção e vender mais automóveis. Então, terminei tudo, peguei as minhas malas e parti do centro de São Paulo rumo ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em pleno horário de pico, às 19h45, e de saída do paulistano para curtir o feriado prolongado.

Ao contrário do previsto, o trânsito no trajeto não estava tão congestionado. Desta forma, conclui que tudo seria tranquilo até entrar no avião. Puro engano. O engarrafamento estava mesmo quando cheguei ao saguão do terminal aéreo. Eu me deparei com uma fila quilométrica para despachar a bagagem, procedimento também conhecido como check in.

Percebi que a aventura rumo à Capital da Alegria, como Salvador também é conhecida, começaria a partir deste momento. O jeito foi entrar na fila. A mesma dava verdadeiras voltas dentro do aeroporto até terminar nos guichês da TAM, a companhia aérea na qual iria viajar. Procurava entender por que a situação estava tão tumultuada daquele jeito.

Numa rápida apuração, uma das funcionárias informou que o caos era um reflexo de uma pane ocorrida pela manhã no sistema informatizado de reservas de passagens. O transtorno foi registrado após a empresa ter trocado justamente esse programa no decorrer da semana do feriado. Por conta disso, fiquei mais de uma hora à espera da minha vez para ser atendido.

E os transtornos não paravam por aí. Muitos passageiros eram convocados pelas atendentes na própria fila no caso dos voos com embarques imediatos. Era um atraso atrás do outro. Mas um fato me causou muita indignação nessa tentativa de embarque.

Numa dessas iniciativas, uma funcionária da TAM chamou a atenção de uma passageira que se manifestou estar à espera de um voo para Curitiba. A atendente da empresa disse: "Você precisa prestar mais atenção. Não ouviu minhas convocações para esse destino?", questionou.

O fato revoltou os demais que estavam na fila. Imediatamente, eu retruquei bem alto: "manda a sua empresa não mudar o sistema bem no feriado em vez de dar bronca nos usuários." Em seguida, comecei a ficar atento e, ao mesmo tempo, pensar em alguma forma de aprontar algo como forma de mostrar que a atitude da funcionária tinha sido infeliz.

Enquanto conversava com outro passageiro na fila sobre esse absurdo feito no atendimento, a mesma empregada da TAM começou a convocação imediata dos usuários rumo a Salvador. Prontamente, comecei a gritar: "aqui, eu vou. Prestei muita atenção para não tomar bronca." O público próximo começou a rir daquele momento.

Para arrematar, o mesmo usuário que conversava me abordou em alto e bom som para todos ouvirem: "você prestou atenção nela?" A resposta foi sim. Ao mesmo tempo, os demais começaram a dar muita risada. Por conta dessa atitude, a atendente se sentiu constrangida e me levou silenciosamente para um dos guichês da companhia.

Finalmente, consegui despachar a minha bagagem e me encontrava com condições de embarcar na aeronave. O transtorno veio de uma forma que causou muito desgaste físico a ponto de dormir na poltrona. Nesse momento, o comandante do avião informou sobre os problemas no sistema de emissão de passagens e pediu desculpas a todos.

Após problemas e constrangimentos, consegui voar rumo a Salvador. No início, achei que renderia apenas os fatos e os bastidores relacionados ao Lula nessa nova investida. Essa conclusão também estava evidente porque pensava na possibilidade de o resto da viagem ficar monótono por me encontrar sozinho após adiar o meu retorno na passagem de volta. Mais uma vez, estava enganado.

Essa permanência na Capital da Alegria renderam frutos até então inimagináveis, além das belas fotografias que fiz. Fora isso, conheci muitos turistas brasileiros e estrangeiros em meio a essa programação. São coisas que voltarei a contar mais tarde com muito mais detalhes. Aguardem.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

E chega o nono mês

Nove meses se passaram. Como tudo é muito rápido, pois parece ontem. Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu, como novas amizades e a reaproximação dos antigos e valiosos amigos. Mas como esquecer de alguém tão especial, apesar de tão novinha? Bom, todos já devem saber de quem eu falo. Afinal, a Rafaela completa nessa data aqui nove meses de vida.

Eu tenho motivos para comemorar a cada mês que chega. Mas esse aqui eu preciso festejar e muito porque confesso uma coisa. Fiquei muito preocupado nesses últimos 30 dias porque ela estava com um princípio de pneumonia. Estava com muito medo de acontecer algo pior, como um possível agravamento da doença. Meu coração ficou muito apertado. As pessoas mais próximas perceberam.

Porém, mais uma vez uma pessoa lá em cima provou que vai com a minha cara. Atendeu aos meus pedidos para garantir a recuperação dela. Ainda bem, pois era muito difícil ver um verdadeiro anjinho da guarda com tamanho sofrimento. Afinal, pneumonia judia muito dos adultos. Falo isso com propriedade porque já vi minha mãe muito mal devido a essa doença.

Apesar da preocupação, a doença se foi e agora a Rafaela está curada. Voltou a ser a mesma bebê alegre de sempre. E uma verdadeira guardiã da minha pessoa. Apesar de tão nova, ela conseguiu me ajudar num momento crítico, em que estava arrebentado fisicamente e psicologicamente.

Trouxe alegria e amor para confortar alguém até então machucado por dentro e por fora. E criança é sincera. Então, sei que a Rafaela gosta mesmo de mim, esse tio coruja e babão.

O jeito é mostrar as novas imagens dela depois da recuperação. Flagrei até os momentos em sua banheira exclusiva:



Ela faz até pose nesses momentos de alegria:



O problema é quando o xampu entra nos olhinhos dela:



Como manda o figurino, eu precisava colocar uma imagem dela com esse tio aqui:



Nossa, como o tamanho assédio estressa qualquer um:



Após mais esse mês, o jeito é continuar com essa contagem regressiva rumo ao primeiro ano de vida dessa pequena simpatia. Se tudo transcorrer normalmente, prometo não carregar muito na emoção no próximo mês. Mas não tinha como ignorar como a Rafaela me fez lembrar que tenho coração.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

As lembranças da escuridão

Noite de 10 de novembro de 2009, uma terça-feira. Tudo transcorria normalmente. Comemorava a despedida de um colega que havia deixado o jornal onde trabalho para voltar ao Rio de Janeiro, sua cidade natal. A festa era num tradicional bar na praça Roosevelt, bem no centro da maior cidade do Brasil. O desfecho dessa história seria algo um tanto normal, se não fosse apenas um detalhe. O fornecimento de energia havia sido suspenso. Escuridão total.

O horário era por volta das 22h15. No início, todos que estavam no local apenas reclamaram. O pessoal na mesa também pensava na possibilidade de ser um simples queda da eletricidade. Como precisava ir embora para Suzano, eu e outro repórter do Diário de São Paulo, o Fabiano Nunes, tentamos fazer o retorno para casa. Fomos em direção à estação República do metrô.

Atravessamos a Rua da Consolação e percorremos um trecho da Avenida Ipiranga. Era um escuro sem precedentes. Assim, improvisei uma lanterna com o flash da câmera do meu telefone celular. Ao chegarmos à estação, vimos que havia luz, mas veio a informação que o sistema de metrô estava totalmente parado. Aí, percebemos a gravidade da situação. O Fabiano telefonou para a família em Guarulhos. Coube a mim verificar se havia acabado a luz com os meus pais, em Suzano.

Desta forma, nós dois tivemos a mesma resposta. Tudo estava apagado. Então, o jeito foi ligar o rádio FM do meu celular para sintonizar as notícias do momento. A partir daí, tomamos conhecimento de que o fornecimento de energia havia sido suspenso para mais a metade do país. Ou seja, a maior cidade da América do Sul estava totalmente apagada. Nunca havia visto tanto caos em Sampa. O apagou apavorou mesmo a todos.

Ainda percorria as ruas próximas. Na tentativa de voltar ao bar, presenciei um festival de problemas. Trânsito confuso devido à falta de funcionamento dos semáforos, pessoas preocupadas do lado de fora da estação do metrô para saber como voltariam para casa e até atropelamento na Ipiranga. O Fabiano ainda comentou: "caramba, mas que bagunça."

Voltamos ao bar. Como não tinha como usar o metrô, o Fabiano decidiu ficar na casa do Herculano. Quanto a mim, pensava na possibilidade de retornar naquele mesmo dia. A luz só voltou à zero hora de 11 de novembro, quarta-feira. Foi o momento para tentar usar o metrô. Mas a estação estava fechada. O jeito foi dar uma volta como forma de pensar como faria para fugir da enrascada.

Quando estava na Consolação, a energia acabou outra vez. Parei num posto de gasolina para esperar o restabelecimento da eletricidade. Esperei até 1h30, quando a luz voltou. Mas nesse período de aguardo, aconteceram coisas horripilantes. Vi de perto a ação de ladrões, que aproveitaram a escuridão. Num desses casos, um marginal levou a bolsa de uma moça.

O outro caso aconteceu bem na esquina da Consolação com a rua Nestor Pestana. Um rapaz tentou roubar algo de um outro homem. Não consegui saber o que era porque eles estavam distante. Além de escuras, as vias estavam totalmente inseguras.

Fiquei no posto até a eletricidade voltar com força total. Quando isso aconteceu, fui dar mais uma volta para pensar como faria para retornar a Suzano ou ficar em São Paulo por conta do problema. Foi neste momento que aconteceu o fato mais inusitado em meio a esse apagão.

Encontrei com um colega de Suzano que queria sair para as baladas paulistanas. Ele me convenceu a ficar junto com ele, afinal, teria carona garantida de volta. Caímos para dentro da Love Story. Não tinha outra alternativa, senão me embalar nos agitos. Consegui chegar em casa só às 7 horas. Apesar dos sérios transtornos, nunca pensei que teria lembranças tão boas desse apagão.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Dois circuitos fechados

Antes de ir embora do jornal, dei a última repassada no Twitter. Afinal de contas, essa página de relacionamento virou uma verdadeira febre devido ao conceito de micro blog. Todos escrevem com apenas 140 caracteres. Conta-se a letra e o espaço, claro. Na verdade, o conteúdo se tornou algo bastante interessante.

Nele, posso ver o estado de espírito de uma pessoa, ou mesmo uma informação jornalística. Além disso, é possível ler pensamentos filosóficos dos mais variados tipos. Também podemos presenciar debates de um determinado assunto entre os participantes. Trata-se da evolução dos tempos.

Dentro dessa linha de pensamento, fiz a minha leitura ao deixar a redação. Numa das postagens, uma amiga me fez viajar muito mais além das simples avaliações do conteúdo do momento. As poucas linhas colocadas me levou de volta aos tempos de escola, quando ainda estudava na primeira série do antigo segundo grau (atual ensino médio).

A estrutura do recado é semelhante a um texto analisado em sala de aula naquela época. Repare o que a amiga fez para descrever o seu dia:

"Acordar depois de um sonho estranho, banho, comer, trabalhar, nervoso, aperto no coração, calma, voltar, dentista...dor de dente."

A semelhança dessa postagem com o texto estudado na época de escola está justamente na forma de relatar o dia. No caso das linhas anteriores, há uma mistura de verbos com substantivos e adjetivos. A partir de agora, apenas substantivos em "Circuito Fechado", de autoria do escritor Ricardo Ramos:

"Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro."

Coincidências a parte, os dois textos refletem com exatidão o nosso dia-a-dia de forma criativa e serena. Sempre me lembro dos tempos de escola porque foi o período essencial para conseguir ser essa pessoa de hoje. Se não fossem essas aulas de português, com certeza não teria aprendido a escrever esse pouquinho que coloco em prática.

sábado, 7 de novembro de 2009

O grande Benê Rodrigues

Final de ano está cada vez mais perto. Os estudantes universitários com previsão de se formarem agora preparam aqueles tradicionais trabalhos de conclusão de curso. Nunca imaginava a possibilidade de ter contato com esse universo, mas conheci um grupo de alunas de jornalismo. Ou seja, profissionais prestes a colocar o outro pé nesse ramo. Porém, a coincidência entre eu e essa turma vai muito além de ter escolhido essa área para trabalhar. Elas têm aulas com um professor responsável por me iniciar nessa carreira tão concorrida. O tempo passa e sempre cruzo no caminho do grande Benê Rodrigues.

Além disso, parte desse grupo é orientado pelo docente na elaboração da temida sigla TCC. Desta forma, a Carla e a Dominick tiveram a oportunidade de ficarem mais próximas deste grande profissional exigente e com temperamento forte. Neste ano, elas foram orientadas por esse docente no término deste trabalho. Quem o conhece, sabe da qualidade deste cara. Devido à rigidez dele no quesito qualidade, tenho certeza de que tudo será bem sucedido.

Afinal, falo isso com propriedade, pois fui um dos alunos dele. Pelo menos, eu me considero desta forma. Em vez da sala de aula da faculdade de jornalismo, conheci o Benê numa redação de jornal. Empresa pequena, aterrissei no Diário de Suzano em 1994, quando tinha apenas um mês de estudos no curso. Sem a menor experiência na área, fui trabalhar diretamente com ele, que já era editor do matutino.

Naquela época, Benê era responsável por fechar o caderno nacional. Na hora, fiquei desesperado porque pensava como faria um serviço daquele se não tenho o mínimo conhecimento? Aos poucos, ele me ensinou o caminho inverso da profissão, como fazer a edição de páginas. Com a aproximação, sempre foi sincero: "você não deveria estar aqui comigo, mas na reportagem para aprender".

Ao perceber essa qualidade, procurei absorver tudo que ele passava. Uma das lições colocadas em prática até hoje é o fato de prestar atenção com os ouvidos numa televisão, usar os olhos para observar outra TV e, ao mesmo tempo, ficar no computador. Isso aumentou o meu poder de concentração e me ensinou a trabalhar com o barulho. Até hoje, vejo outros colegas de profissão que reclamam dos ruídos. Acho absurdo, talvez devido a esse seu ensinamento.

Além disso, a aproximação com o Benê no início de carreira também foi essencial para me incentivar a cair na reportagem. Queria aprender e ele me disse que esse era o melhor caminho. Foi por influência dele que passei a gostar de rádio. Ao contar sua passagem pela CBN, fiquei com vontade de trabalhar nessa mídia. E consegui. Tentei ser repórter na Rádio Metropolitana de Mogi das Cruzes devido aos seus incentivos.

Também aprendi a atuar nesse segmento devido aos conselhos desta grande pessoa, tanto no aspecto profissional quanto no quesito pessoal. Quando gaguejava no ar, quem era a pessoa que puxava a minha orelha? Isso chegava ao ponto de me ligar no sábado de manhã no plantão da rádio: "Japonês, estou na escuta da emissora e quando terminar o jornal eu te ligo para falar os seus erros e acertos quando você entra no ar", falava o Benê do outro lado da linha.

Nesse período, ele também me mostrou como ser contundente e intimidador na hora de entrevistar as pessoas. Aprendi a esquecer o medo na hora de enfrentar os grandes nomes da política ou do meio artístico. Como não seguir as dicas de quem ainda passou na Rádio Capital, CNT, TV Bandeirantes e assessorias de imprensa da Secretaria de Segurança Pública e da Ouvidoria da Segurança? Só se fosse um arrogante mesmo.

Com essas lições, consegui irritar o então governador Mário Covas ao pressioná-lo sobre obras para a região do Alto Tietê. Além disso, também despertei a ira do atual governador José Serra, quando insisti numa pergunta que ele respondeu pela metade. Nesse último caso, a autoridade me deixou sozinho e respondeu aos demais colegas na coletiva.

Assim, 15 anos se passaram e acho que aprendi os ensinamentos do grande Benê Rodrigues. Se hoje sou esse profissional, é porque extraí dele a firmeza, a segurança, o espírito detalhista, o primor pela qualidade e sobretudo a generosidade na profissão. Se procuro ajudar quem chega no jornalismo, devo muito à influência dele em relação à recepção que ele fez ao chegar no Diário de Suzano, há algum tempo.

Ele me mostrou que um bom profissional não deve ter medo de perder o lugar com a chegada de novos talentos. Por isso, a Thaís, a Carla e a Dominick tiveram a oportunidade de aprender com o grande Benê Rodrigues na faculdade, como eu tive na escola prática chamada redação. Eu me considero um discípulo dele. Só espero que tenha correspondido toda sua aposta ao longo deste período.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

As qualidades de ter gênio forte

Numa conversa bem franca e aberta, veio um assunto corriqueiro do dia-a-dia. Pode parecer um tanto fútil, mas no meio de um acalorado diálogo veio um comentário sobre as pessoas com gênio forte. Aí, a discussão sobre isso começou a ter desdobramentos de opiniões. Para muitos, alguém assim costuma assustar os demais porque são sinceras demais. A maioria dos nossos semelhantes não gosta de ouvir todo o conteúdo da verdade.

Já outras pessoas acham que alguém genioso chama muita atenção porque se expõe demais por falar aquilo em sua mente. Ou seja, defende a própria tese. Na verdade, eu tenho uma opinião bem formada referente a esse caso. Para mim, um ser humano com essas características têm personalidade e caráter. Todos esses fatores são essenciais.

Para justificar a minha tese, eu apresentei alguns argumentos. São exatamente os mesmos elencados nessa mesma conversa. Então, por que alguém genioso tem suas qualidades? A seguir, as minhas respostas:

- porque tem opiniões próprias;

- porque costuma ter a iniciativa;

- porque não espera nada cair do céu;

- porque defende as opiniões com unhas e dentes;

- porque defende os amigos como se eles fossem partes do seu corpo;

- porque compra facilmente uma briga quando a situação é injusta;

- porque fala o que está na cabeça sem se preocupar com as consequências;

- porque não se intimida com situações adversas;

- porque não leva desaforo para casa quando insultado;

- porque batalha para reverter uma situação desfavorável;

- porque não volta atrás quando está certo de uma determinada opinião;

- e porque sempre está disposto a questionar.

São por esses e outros argumentos que eu admiro alguém com o gênio forte. Apesar de mostrar tamanha força, também detalha o coração puro e sem maldade. Então, como não respeitar e exaltar pessoas assim?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Uma fase produtiva

Definitivamente, eu entrei num período de safra quando o assunto é escrever. Ainda mais, no caso das tradicionais poesias, que me acompanham desde os tempos de adolescência. Pura verdade, pois eu e alguns colegas de escola fazíamos até sarau num bar depois do período de estudo. Chegamos a fugir das últimas aulas para isso. Não era certo, mas tudo por uma boa causa.

Bons momentos, afinal eu e mais o Pietro (por onde você anda meu amigo) rescitávamos alguns versos, com o caderno universitário na mão para os demais colegas. Apenas um detalhe: nós mesmos éramos os autores das respectivas poesias. Nessa época, cheguei até a ganhar um prêmio da Secretaria de Cultura de Suzano. Fiquei feliz pelo reconhecimento.

De volta à atualidade, fazia muito tempo que não entrava num fase tão produtiva assim para minha alegria. Talvez, as boas músicas dos últimos dias e um ótimo show de um excelente compositor tenham me influenciado. Desta forma, resolvi publicar uma delas escrita na última semana. Espero que gostem:

Minha vontade de superar
e esquecer quem era querida
é para encontrar minha alma.
Afinal, apenas esperar
abriu mais essa ferida.
Esse desejo agora me acalma.

Por que deveria aguardar
se ela decidiu apenas fugir
sem dar uma boa resposta?
Pelo jeito, eu devo andar
novamente e partir
para curar a mágoa exposta.

Só queria parar de sangrar
como forma de pôr um fim
ao meu enorme sofrimento.
A ideia era não mais chorar.
Pretendia dar conforto a mim
ao esquecer esse sentimento.

Por isso, resolvi recomeçar
como forma de abrir o coração
a alguém que possa aparecer.
Um dia, voltarei a amar.
Trata-se de uma boa ação
Para eu deixar de sofrer.


29-10-2009

domingo, 1 de novembro de 2009

Meu segundo aniversário

Primeiro de novembro. Antes, esse dia era somente mais um no calendário. Não tinha sequer a menor importância por se tratar de uma data comum. No entanto, isso mudou completamente porque foi nessa data que eu sofri o grave acidente de trânsito, há exatamente um ano. Esse desastre não apenas me provocou muitas dores como também mudou completamente a minha vida. Passado todo esse período, cheguei a uma conclusão. Apesar do sofrimento em todos os âmbitos, a data virou o meu segundo aniversário.

Por causa desse pensamento, jamais devo me lembrar como um fato triste ou somente trágico. Com certeza, foi algo ruim na minha vida naquele momento. Mas hoje, eu só tenho motivos para comemorar. Mesmo com um deslocamento de fêmur, uma fratura na bacia esquerda, ter voltado pra Suzano de ambulância e passado por um longo período de recuperação, todas as situações relatadas foram necessárias para perceber uma coisa. Simplesmente, eu nasci de novo.

Afinal, quem tem essa grande oportunidade de ver a morte bem de perto e voltar novamente para a vida, ainda mais em meio a um acidente de trânsito? A maioria das vítimas deixa esse mundo. Outros até retornam para esse lado dos pobres mortais, mas com sérias sequelas neurológicas ou físicas. No meu caso, retornei e estou fisicamente igual ao que era antes, sem qualquer problema.

Agora, eu pergunto novamente. Por que eu não devo festejar se ganhei esse importante presente? Trata-se da segunda vida. Quem já teve essa chance com os mesmos parâmetros oferecidos a mim? Muitos dizem se tratar de sorte. Outros pensam na possibilidade de meu anjo da guarda sempre estar de plantão. Nesse ponto, não cheguei a uma conclusão. Prefiro pensar na hipótese de que Deus me ama muito e tem muita consideração pela minha pessoa.

Talvez, essa premiação tenha sido dada por sempre ser alguém honrado, honesto, leal, e um homem com caráter tanto comigo mesmo, quanto com as pessoas que me rodeiam. Tenho os meus defeitos sem sombra de dúvidas, mas as virtudes conseguem sobrepor as minhas falhas. Todos os dias, eu agradeço ao Senhor lá de cima por me presentear com a segunda chance.

Da minha parte, procurei honrar ao máximo essa oportunidade. Iniciei um recomeço em tudo para reaprender a andar, a ter paciência e serenidade, a ser mais tolerante, menos irritado e sobretudo alguém muito melhor. Tento isso diariamente. Todos esses fatores me fizeram sofrer profundas mudanças no meu coração. Eu gostei muito.

Por outro lado, o acidente foi suficiente para deixar evidente quem realmente me amava e queria o meu bem. Além disso, expôs aquelas pessoas que só tinham interesses ou se aproveitavam do oportunismo quando ainda estava bem. Na verdade, o desastre serviu como um divisor de águas nesse quesito. Confesso que eu sofri muito e ainda tenho marcas ruins no meu peito. Pode até demorar, mas isso vai passar. Até rimou.

Como consequência desse presente e da minha tentativa de ser alguém melhor, eu até trouxe de volta os amigos que antes estavam distantes do meu convívio. Além disso, ganhei outras amizades, talvez porque perceberam como eu sou. Enfim, eu preciso comemorar muito esse meu segundo aniversário porque nem todos puderam desfrutar de uma nova chance de recomeçar, como eu tive.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

E os antigos amigos?

Passados alguns minutos após publicar o texto anterior, veio uma ideia na minha cabeça. Na verdade, tratou-se de um grande alerta na mente. Depois de exaltar as novas amizades obtidas nesse meu recomeço, cheguei a uma conclusão. Como eu poderia esquecer dos amigos de longa data, que já caminhavam ao meu lado nessa trilha da vida e me deram tanta força logo após o acidente? Eu confesso: foi um grande equívoco da minha parte, mas não atirem pedras em mim ou não fiquem decepcionados.

Apesar de tudo, tentarei me defender. Muitos deles já foram citados ou homenageados por aqui devido aos seus feitos ou por terem me aturado durante os meus momentos mais geniosos. Aliás, é um dos meus grandes defeitos. Além disso, os grandes parceiros também tiveram importância fundamental para superar os percalços. Se não fosse esse seleto grupo, com certeza as dores do acidente e das outras perdas seriam muito mais dolorosas.

Ou seja, a maioria deles me incentivou a olhar sempre para frente e partir rumo ao recomeço durante as minhas confidências e insistentes conversas. Afinal, se eu consegui as novas amizades ao optar por esse caminho, certamente obtive êxito graças aos antigos amigos. Caso eu tivesse dinheiro suficiente, faria uma grande festa para todos se conhecerem ou se confraternizarem.

Os companheiros de longa data provaram a tamanha consideração por mim. Mostraram a essência da palavra amizade a uma pessoa arrebentada em todos os sentidos. Muitos deles estavam distantes há algum tempo ou mesmo mantinham pouco contato. Porém, se tornaram novamente presentes logo quando souberam do acidente. Voltaram ao meu convívio para minha alegria. Não tenho como deixar de citar esse desastre, pois o mesmo me trouxe marcas que carregarei para sempre.

Nesta lista, estão duas amigas dos tempos de adolescência. Na verdade, são as irmãzinhas que eu nunca tive porque cuidava delas como tal devido ao tamanho carinho. Quando precisavam, eu virava um verdadeiro cão de guarda da Tatiana e da Milena em qualquer ambiente. Em outros momentos, era o ponto de vista masculino nas conversas e diálogos. A seguir uma foto da nossa última saída nos embalos de sábado à noite:



Outros amigos do trabalho me acompanharam desde os primeiros dias após o desastre. Alguns fizeram até questão de me visitar no hospital, como fizeram a Karina, o Sílvio e o Willian. Os três foram me ver para dar aquele apoio moral num momento muito difícil. Bom, ainda devo uma imagem do Sílvio, mas a Karina não escapa. Essa imagem dela foi tirada como uma brincadeira em pleno horário de trabalho por pura descontração:




Já a amizade com o Willian vinha muito antes dele desembarcar na redação onde trabalho. O contato era desde os tempos em que ele fazia parte da assessoria de imprensa da Secretaria de Trabalho de São Paulo. Com o tempo, provou um verdadeiro parceiro nas horas complicadas e também nas bebedeiras, como costuma acontecer nas caminhadas da rua Augusta:



Na redação, ainda tem o grande Herculano. Importado dos pampas gaúchos, esse baita repórter chegou do sul do país para fazer história. Sempre presente entre os amigos, a única suspeita de todos é o fato dele morar na rua Frei Caneca.

Bom, ele garante que é macho, mesmo com residência fixada em pleno reduto gay da capital paulista. Vou acreditar nele, afinal o cara sempre se mostrou verdadeiro quando o assunto é amizade. Pelo menos, mostrou essa disposição quando me telefonava para saber notícias minhas:

Existem outras pessoas que apareceram depois de muito tempo sem qualquer contato. A modernidade da internet fez com que a Lissandra me encontrasse por meio dos sites de relacionamento. Sem notícias dela há nove anos, essa retomada foi muito natural. Por e-mail, recados no orkut e via messenger, deu aquela força enquanto estava afastado das minhas funções pelo INSS.
Na verdade, é uma mulher linda por dentro e por fora. São poucas as pessoas que dão tamanha atenção a quem se recupera. Às vezes, penso se merecia tanto. Nunca esquecerei. Como não havia uma foto dela, o jeito foi roubar uma na página dela no orkut. Cometi um crime, mas é por uma boa causa, Lissa:


Nos tempos de recuperação, também recebi o apoio dos amigos deixados lá em São José dos Campos na minha passagem por três anos na imprensa do Vale do Paraíba. Ao saber da minha situação, a querida amiga Eliane sempre me procurava para receber notícias minhas. A ajuda dela veio de outras épocas, inclusive me auxiliou a arrumar serviço nos tempos de desemprego.
Apesar dela estar um tanto ressentida comigo, eu nunca me esqueço dela. Não fica brava não porque você ainda mora no meu coração, miguinha. Assim, mostro uma foto mais antiga dos tempos em que a visitava na sua terra natal:


Ainda de São José dos Campos, tem o Aurélio, um parceiro e verdadeiro irmão. Sempre presente quando morava por lá, foi um o meu principal companheiro de festas, baladas e nos momentos ruins nos tempos do Vale. Por isso, fez questão de me convidar e garantir minha presença no seu casamento com a Tatiana. Para mim, esse chamado serviu para mostrar a tamanha consideração dele em relação a mim. Veio num período em que ainda tinha perdido o amor a mim mesmo.
Com as dificuldades e dores, fiz questão de prestigiá-lo no momento mais importante da sua vida. Com direito ao uso de bengala, montei um grandioso esquema para ser testemunha do seu matrimônio, tanto na cerimônia religiosa quanto na festa de comemoração. A felicidade dele foi enorme. Fiz questão de ser um dos últimos a ir embora. A seguir, a foto antes do encerramento junto com os noivos, a Larissa (a irmã da noiva) e o Marcelo:



E como poderia esquecer do Leandro e do Juca? O primeiro deles me acompanha desde os tempos da faculdade de jornalismo. Nos cruzamos em três redações diferentes. Com seu jeito expansivo e irreverente, sempre me telefonava ou trocava mensagens via messenger para saber como estava. Esse "irmão" (ele chama todos desta forma) sempre se preocupava comigo. O grande problema é que não tenho nenhuma foto dele por aqui. Que azar. Mas fica a minha lembrança.
Já o Juca caminha comigo desde os tempos de escola, quando nós estudávamos no antigo primeiro grau. Cada um seguiu seu caminho profissional, mas a amizade permaneceu desde então. Ele foi para o Japão e voltou, estudou odonto até se formar e, no meu caso, morei fora da região de Suzano por duas ocasiões. Nem isso foi suficiente para arranhar a nossa amizade.
Fora isso, um ajuda o outro nos momentos de dificuldades. Para melhorar a situação, houve a coincidência dos dois ficarem solteiros nesse período de recuperação e recomeço. Por isso, voltamos a cair na balada para compensar os desencontros dessa fase. Afinal, ele ficava sem namorada quando eu estava num relacionamento e vice-versa. Agora, sempre me leva para os embalos noturnos. Essa foto foi feita numa de nossas investidas nas pistas:

Ao mostrar todas essas pessoas, eu falo de boca cheia. Ainda bem que tenho muitos amigos. Melhor ainda é ter conquistado cada um com a minha forma de ser e sem qualquer tipo de interesse ou oportunismo. Como consequência, eles estenderam as mãos quando mais precisei, seja com um semples telefonema, ou uma visita ou pela internet.

Eles também conseguiram mostrar que as minhas perdas eram apenas uma provação para ter ganhos ainda mais valiosos. Já pensou se eu não atendesse aos conselhos deles e deixasse de recomeçar? Não teria progredido, muito menos conquistado as novas amizades. Se voltei à trilha conhecida como vida, todos tiveram uma enorme colaboração. E continuem na minha companhia porque também não vou abandoná-los como prova da minha gratidão.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

As amizades do recomeço

De volta a esse meu próprio universo, abandonado por mim mesmo devido à falta de tempo. Nada como retornar a esse mundo paralelo com algo tão importante. Talvez esse contexto aqui também se tornará essencial para muitas outras pessoas. Afinal de contas, elas se tornaram muito especiais porque deram uma enorme contribuição a esse meu recomeço. Na verdade, fizeram a retomada à trilha da vida ficar menos dolorosa, ao oferecerem uma uma coisa tão simples, porém muito valiosa: a amizade.

Sempre pensava como eu ficaria por dentro desde quando resolvi recomeçar e não mais olhar para trás. Bateu muita insegurança no meu peito, mas continuei tudo isso com muita coragem. Não era a praça da Sé, mas eu parti do marco zero em tudo. Havia perdido o movimento da minha perna esquerda devido ao acidente, o meu carro e, sobretudo, alguém que pensava ser a mulher da minha vida. Em razão desse último quesito, também esqueci do amor por mim mesmo.

Por outro lado, eu pensava. Por que manter um clima de derrota se alguém lá em cima me deu uma dádiva tão grande como nascer de novo? Parti desse indicativo. No entanto, foi difícil seguir essa decisão. Sofri, como ainda guardo um pouco das dores físicas na perna e no coração, agora menos machucado porque as feridas começaram a cicatrizar após um longo período de recuperação.

Ao percorrer esse caminho, voltei a trabalhar. De quebra, restabeleci contatos com alguns amigos. Eles me receberam com tanto carinho e atenção. Para mim, essa situação me dava um conforto enorme e, desta forma, achava o suficiente para vencer os entraves existentes nesse tortuoso trajeto. Porém, a grande surpresa ainda estava para chegar.

A cada passo nessa trilha escolhida, eu me deparava com novas amizades. A aproximação foi tão imediata. No início, gerou uma certa desconfiança vencida pela naturalidade de como essas pessoas entraram na minha vida. Além disso, elas foram cacifadas por alguns amigos que me apoiaram muito logo após o acidente.

De forma bem sutil, entraram nessa importante lista o Fabiano Nunes, que antes conhecia por trabalhar na mesma redação, mas não tinha tanto contato. Descobri nele um grande cara. Um exemplo claro é que sempre paramos para nos distrairmos na mesa de um bar, como mostra essa imagem:



Tem também gente que veio de outra região do país. Por intermédio da Jussara, outra companheira de redação, tive a oportunidade de conhecer a Erika. Moça arretada e muito legal. Apesar do pouco tempo de convívio, conseguiu deixar suas marcas por aqui:



Além disso, chegaram a Fernanda, o Guilherme, a Luciana, o Fábio e o Edu. Conheci esse pessoal todo por meio do Willian, outro grande parceiro. A aproximação foi tão rápida a ponto de nos reunirmos quase todas as semanas. A seguir, apresento todos eles nessa foto que detalha nossas aventuras pela Rua Augusta:



Outra coisa legal foi descobrir que a Luciana e eu fazemos aniversário no mesmo dia. Então, um brinde a essa data:



E essa lista não para por aí. Por conta de amigos comuns, também apareceram outras amigas muito legais. Nessa leva chegou a Thaís através de outros repórteres que cobrem os meios policiais no jornalismo. Assim, ela também trouxe outras pessoas interessantes, como a Carla e o Rafael. O relacionamento se estreitou de forma bastante imediata, a ponto de também nos reunirmos sempre:


Esses encontros acontecem até durante o expediente. Nem o almoço escapa do clima de festa. Foi preciso colocar essa foto para citar a Dominick, a autora dessa pose. Faço isso porque não tenho nenhuma imagem minha com ela:


Depois de mostrar tudo isso, mais uma vez chego à conclusão de que fiz a escolha certa ao tomar esse rumo. Falo isso com convicção porque todas essas novas amizades me aceitaram como eu realmente sou. Não precisei mudar ou fazer a tradicional média tão praticada nesse mundo. Ao me receberem bem, eu só tenho a oferecer um pequeno pedaço do meu coração para cada um.

Afinal, já é algo recíproco, pois eu já guardo todos individualmente em cada uma das partes loteadas do meu coração, por um motivo puro e simples. Essas novas amizades colaboram para eu ser uma pessoa cada vez melhor, conforme havia prometido durante o recomeço. Além disso, ajudam a agilizar a formação das cicatrizes das feridas antes abertas no meu íntimo.

Se ainda não estou totalmente curado, chegarei a esse objetivo por uma grande razão. Os novos amigos apostaram em mim como um grande parceiro. Se fizeram isso, é porque talvez eu tenha o meu valor. E assim farei como prova da minha gratidão.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Oito meses de alegria

Mais um mês se passou nessa contagem regressiva. E como tudo transcorre muito rapidamente. Afinal de contas, já estamos no oitavo mês de existência dessa pequenina vida. Em pouco tempo, trouxe muita felicidade e amor na família. Todos sabem de quem eu falo. Ou seja, não tem como passar em branco essa data tão importante para a Rafalela, a sobrinha do tio coruja.

Afinal de contas, a chegada dela trouxe muito amor a todos nós. Sempre me lembro de quando ela nasceu. Tinha tanto medo de pegá-la no colo porque achava que poderia machucá-la por ser tão frágil e delicada como parecia ser. Passado todo esse período, ela já brinca, faz bagunças, ensaia algumas sílabas, grita e chama a atenção de todos os adultos. Tem como não se render a essa fofura?

No meu caso, essa pequena pessoa trouxe coisas grandiosas a um adulto como eu. Além de conquistar o amor de todos, também proporcionou o espírito de criança nos parentes ao seu redor. Lembre-se que essa sensação é a mais pura de todas por resgatar a sinceridade, a alegria e a falta de preocupação da vida adulta. Na verdade, transforma uma pessoa em um ser completamente verdadeira.

A Rafaela também chegou num momento muito difícil da minha vida. Sua aparição ajudou muito a me recuperar tanto fisicamente devido a um acidente, quanto emocionalmente numa hora em que estava destruído por perceber uma escolha totalmente errada. Foi essa pequena vida que ainda manteve a essência da palavra amor na minha alma. Isso em tão pouco tempo.

Por essas e outras que preciso sempre retribuir essas dádivas que a Rafaela trouxe para meu dia-a-dia. O jeito é bajular sempre a querida sobrinha. E vamos rumo ao primeiro ano de vida desta pequena criança.

Enquanto essa data não chega, continuo com a missão de mostrar imagens dos momentos dessa fofura que regou o coração de todos com amor. Esse flagrante foi quando ela puxava um lenço umidecido das mãos da mãe dela:




Em seguida, ela tentou limpar a sua boca no modo dela, claro:


Dias mais tarde, voltei à casa dela e presenciei enquanto ela brincava na cama:


Num outro dia, a Rafaela chegou em casa e olha só a surpresa que ela me fez ao entrar no meu quarto:



Depois, era só risada de tanto que eu brincava com ela:



Agora eu pergunto. Tem como não falar bem dessa pequena vida que trouxe tanto conforto para mim? Talvez eu faça isso por ser um tio de primeira viagem. Mas é muito bom tudo isso. Trata-se de uma forma de resgatar o espírito familiar em mim.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Na Capital do Poder - Epílogo

Entenda Brasília

Eu sempre tive a vontade de utilizar essa palavra em algum texto ou coisa parecida. Quando criança, costumava ver escrito "epílogo" nos filmes de faroeste que meu pai assistia na antiga TV Record, antes dela ser dos bispos da Igreja Universal. A palavra era estampada na parte final da transmissão do título, já que a emissora sempre faz essa divisão para passar os comerciais.

Naquela época, eu perguntei para minha mãe o significado da palavra. Prontamente, ela respondeu que tratava-se da parte final do filme. No entanto, a mesma pode ser empregada em outras oportunidades. Assim, farei isso a partir de agora.

Para utilizá-la em grande estilo, esse epílogo sobre a Capital do Poder não será de histórias ou detalhes da minha visita. Decidi fazer uma espécie de glossário sobre Brasília como forma de mostrar e entender melhor essa cidade, tão única e diferente. Lá, são usados termos, denominações e divisão por endereços completamente diferentes dos demais municípios, inclusive São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, entre outros.

Quem for à capital do país, poderá contar com informações mais específicas do que a gente sempre ouve no noticiário, lê nos textos dos jornais ou coisa parecida. Mas muitos sequer sabem o significado delas. Então, vamos lá.

Planejada por Lúcio Costa, Brasília foi desenvolvida de uma forma que cidade tem formato de um avião. É só conferir no mapa abaixo. Quem quiser vê-la com mais propriedade, basta clicar em cima da figura:



Como pôde-se ver, Brasília é basicamente cortada em duas grandes avenidas que se cruzam e abrangem toda essa região do mapa. Será o nosso ponto de partida.

Eixo Monumental: a grande avenida tem o sentido leste-oeste e divide a Capital do Poder em duas regiões: a Asa Norte (à direita) e a Asa Sul (à esquerda). Além disso, a grande via também leva as pessoas à Esplanada dos Ministérios e termina bem onde ficam o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Palácio do Supremo Tribunal Federal (STF).

Eixo Rodoviário: essa outra via vai do sentido norte-sul e liga a Asa Sul à Asa Norte ou vice-versa. Na prática, quem observa a ilustração, percebe que as duas asas de Brasília foram formadas em torno dessa grande via.

Além disso, existem outras denominações sempre mencionadas, mas difíceis de entender para as pessoas de fora de Brasília.

Plano Piloto: é toda a região abrangida pelo projeto inicial projetado por Lúcio Costa. Trata-se de toda a área onde fica Brasília e o Parque Nacional de Brasília. Tudo dentro de Brasília está no Plano Piloto.

Asas: são áreas compostas basicamente pelas super quadras residenciais, quadras comerciais e entre quadras de lazer e diversão. Elas foram formadas em volta do Eixo Rodoviário e dão a Brasília o tal formato de avião.

Setores: determinados ramos foram colocados de forma amplamente planejados em concentrações dentro de Brasília chamados de setores. Por exemplo, as residências ficam num só local. O mesmo acontece com o comércio e os hotéis. Desta forma, os endereços são baseados nesses setores e não convencionalmente pelos tradicionais logradouros utilizados nos demais municípios. Essa organização sempre leva em consideração a região norte e sul.

Exemplos de alguns setores:

CLN: Comércio Local Norte
CLS: Comércio Local Sul
SAN: Setor de Autarquias Norte
SAS: Setor de Autarquias Sul
SBN: Setor Bancário Norte
SBS: Setor Bancário Sul
SHN: Setor Hoteleiro Norte
SHS: Setor Hoteleiro Sul

Cidade satélite: são regiões organizadas administrativamente dentro do Distrito Federal. É basicamente tudo que está fora do Plano Piloto. Na prática, tratam-se de concentrações existentes no subúrbio de Brasília.

Exemplos: Ceilândia, Gama, Paranoá e Guará.

Essas informações foram coletadas durante minha permanência em Brasília por meio da mais pura técnica praticada dentro do jornalismo. Consegui apurar tudo isso nas conversas com funcionários do hotel onde fiquei e também junto ao motorista da van que nos transportava. Só espero ter dado a minha pequena contribuição para ajudar quem for à Capital do Poder. E fico na expectativa de uma próxima oportunidade.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O Dia das Crianças como tio

Consegui uma folga em meio a essa data, apesar do esquema de plantão no jornal. Muitos ainda pensam que todos nós deixamos de trabalhar porque é o Dia das Crianças. Na verdade, o feriado ocorre porque trata-se do dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Independentemente do motivo, as duas situações precisam ser comemoradas.

No entanto, o meu porquê principal de festejar neste dia 12 de outubro é por passar por esta data pela primeira vez na condição de tio. Devido a esse fato, o espírito de criança está muito mais aflorado. Tanto que resolvi postar uma imagem minha dos meus tempos de bebê. A foto é de 1976, direto do túnel do tempo.

Por outro lado, aproveitei a folga para cumprir a minha missão desta data. Por falta de tempo, ainda não havia comprado aquele presente para minha sobrinha. Mesmo que os meus amigos e amigas me chamem de babão ou coruja demais, a Rafaela merece um mimo, não é mesmo. Afinal de contas é o dia dela, o primeiro de muitos que ela passará com a nossa família.

Saí de casa com intuito de enfrentar um shopping center. Normalmente, costumo fugir desse ambiente igual quando o diabo tenta escapar da cruz. Mas nesse caso, o sacrifício tinha justificativa. Nos corredores do centro de compras existente em Suzano, muita fila dos pais em busca do presente na última hora. No meu caso, um tio atrás disso.

Levei um certo tempo para achar o brinquedo certo para a pequena sobrinha. Acredito ter encontrado o presente certo para o perfil dessa criança, que simplesmente adora uma bagunça. Pelo menos, vai honrar as raízes do pai e do tio, que sempre deram trabalho nesse quesito.

Com o presente embaixo do braço, fui visitar a Rafaela para entregar o pacote. Ao entregá-lo à bebê, a reação dela foi de total surpresa:




Porém, a sobrinha abriu o presente com a ajuda da mãe, evidentemente. Como as crianças percebem o tamanho carinho dos adultos. Isso acontece a ponto de deixar a criança agitada. Olha só a felicidade dela com o papel do embrulho:



A alegria da Rafaela era contagiante. O jeito foi organizar os brinquedos dados carinhosamente à menina no seu andador. Ela queria brincar com todos os presentes de uma só vez. No seu mais recente veículo de locomoção, estavam os mimos do pai babão e do tio coruja:



O presente escolhido pelo tio aqui foi um tambor eletrônico em que ela bate as suas pequenas mas potentes mãos para a música do brinquedo tocar. Foi o jeito de estimulá-la a dar os seus primeiros tapas, já que adora fazer isso principalmente quando quer chamar atenção de todos para bagunçar e brincar.

A tamanha felicidade de pequena criança apenas serviu para amolecer ainda mais o coração do tio. As reações de alegria e vivacidade da sobrinha mostraram como é bom estar perto da família. Afinal, criança não mente e não engana quando gosta de alguém. Essa situação serviu para mostrar que sou amado por ela. Cheguei à conclusão que de fato esses pequenos cidadãos percebem quando há carinho por parte dos adultos. Ainda bem.