quinta-feira, 31 de março de 2011

A saudade, em forma de texto

Enfim, voltei a me sentir mais a vontade para escrever. Após muito tempo sem colocar uma letra por aqui, decidi enfrentar a tristeza e retomar uma das coisas que mais gostava de fazer. Afinal, escrever também é um desabafo. As dificuldades foram excessivas, a ponto de não saber se meu coração aguentaria tanta provação. Ele ainda suporta à série de perdas dos últimos tempos no campo familiar e no âmbito pessoal. Essas situações ainda influenciam o meu interior e fazem eu abordar apenas um assunto com propriedade: a saudade.

Por que destrinchar essa palavra? A resposta é bem simples. É a sensação que mais tenho nos últimos meses, apesar de ter um espírito valente como muitos dizem. Mas sou humano e não tenho como fugir disso. Todo seu significado chega a mim em diversos momentos ou em várias situações. Talvez, esteja ainda muito vulnerável por todos os fatos vividos por mim, desde o período do meu acidente de trânsito. Um dia, isso passa.

No ponto de vista teórico, toda a explicação contida no dicionário se assemelha ao que sinto diariamente. Esse substantivo feminino mostra "um sentimento mais ou menos melancólico, ligado pela memória a situações da privação da presença de alguém ou de algo". Também exemplifica um "afastamento de um lugar ou de uma coisa ou ainda uma ausência de certas experiências e determinados prazeres já vividos". A definição é certeira mesmo.

No entanto, a saudade vai muito mais além de um mero significado descrito num dicionário. O peso da explicação também chega com tamanha força no íntimo. Na minha experiência pessoal, traz um conflito interno que pode atormentar a mente como ainda proporcionar um conforto alegre na consciência. Muito engraçado, porém se trata de uma verdadeira contradição.

Aliás, quem nunca ficou com saudades de alguém especial que passou por um momento na sua vida, mesmo de uma forma muito rápida? Os detalhes desse relacionamento podem vir como uma maneira de acalentar a alma com as belas lembranças. Por outro lado, tem capacidade de causar tristeza porque essas vivências dificilmente voltarão. Assim, a pessoa se emociona a ponto de o coração ficar apertado ou até mesmo machucado.

Porém, o antagonismo acima mencionado acontece quando um ente querido está distante ou partiu para um plano superior. As recordações transportam as belas histórias vivenciadas num passado próximo ou bem mais longe dos tempos atuais de um certo parente ou aquele grande amigo. Nesse caso, costumo comparar a uma perda, em muitos casos irreparável, mas capaz de ser suportado pelo coração. Mesmo em meio à dor, isso se chama superação, necessária para poder caminhar adiante e não viver somente do passado.

Mesmo com o clima melancólico e todo o saudosismo relatado, a sensação de saudade também pode mostrar um aspecto bastante positivo. Revela que a determinada pessoa com saudade conta com um coração. Se emocionar, chorar, se alegrar ou se entristecer por causa desse sentimento só mostram que alguém é humano. E ter humanidade não é defeito para ninguém, apesar de causar dor em certas ocasiões.

Obs: dedico esse conteúdo ao meu pai, que partiu para um plano superior, mas antes disso me ensinou sobretudo a importância da honestidade. Sem isso, eu jamais teria essa sinceridade na hora de combinar incontáveis palavras até formar um texto.