Acompanhava o noticiário da noite na sala de casa. Entre uma reportagem e outra, escutei a buzina de um carro. Imediatamente, olhei para a janela e percebi que a visita era aqui mesmo. De imediato, eu não consegui identificar as pessoas. Mas poucos segundos foram suficientes para reconhecê-las. Não se tratavam simplesmente de ocupantes do veículo estacionado na rua. Na verdade, eram as grandes amigas de longa data. Fazia muito tempo.
Após anos de distância, o acidente sofrido em novembro foi suficiente para reunir parte daquele grupo de companheiros e companheiras que viveu bons tempos de juventude, como baladas, festas de aniversário e grandes rodas de conversas. Na minha sala, estavam novamente a Tatiana e a Milena. Há quanto tempo!
A visita tinha a finalidade principal de saber sobre o meu estado de saúde e como andava a recuperação depois da internação. Mais que isso. Essa reunião mais recente me levou a uma viagem. Em minha mente, recordei de algumas dessas aventuras. Muitas delas ocorreram a bordo do Fusca branco, ano 1983. Isso há 12 anos, direto do túnel do tempo.
Dentro dele, nós três mais a amiga Kimie (hoje, ela vive no Japão) e o Jonathan (o irmão mais novo) partiámos em direção às baladas da cidade vizinha, Mogi das Cruzes. Nesse período, o grupo visitou o antigo Padang Padang, a balada de Natal do Clube Náutico Mogiano e a Black Knight. Nesse período, eu dava os primeiros passos no jornalismo, o Jonathan estudava o ensino médio e a Kimie já revelava as pretensões de morar na terra do Sol Nascente. A Tatiana e a Milena se preparavam para entrar na faculdade. Isso é o tempo.
No entanto, a minha memória viajou ainda mais longe. Voltei para 1995, quando as conheci por intermédio de um outro colega. Ao vê-las, nunca imaginei que nasceria uma grande amizade com essas "meninas", como costumava e ainda costumo chamá-las carinhosamente. A grande união começou a se concretizar na antiga danceteria NDO, em Suzano. Por outro lado, esse rapaz que as apresentou se distanciou de vez. Em seguida, o Jonathan completou o grupo. Coisas do tempo.
Logo nesse ano, também vieram as festas de aniversário e churrascos. Várias delas reuniram mais de 50 pessoas. O clima era dos melhores, tanto que esses eventos vararam a noite, a madrugada e parte da manhã do dia seguinte, sempre regados a muita comida e bebida. Quantas vezes, eu voltei a pé para casa às 10 horas? Não me preocupava com o tempo.
Também resgatei das minhas lembranças a última festa que nos reunimos. Foi em 2005, quando a Tatiana se mudou para o Rio de Janeiro atrás de novas oportunidades. Os anos se passaram e cada um trilhou o seu próprio caminho. Eu continuo no jornalismo, o Jonathan se tornou policial civil, a Tatiana se formou em fisioterapia e a Milena está prestes a concluir o curso de radiologia. Já a Kimie se casou no outro lado do mundo com outro dekassegui e tem até um filho. É o tempo.
De volta ao presente, percebi algo muito bom nessa passagem dos anos. Apesar do distanciamento em razão das diferentes trajetórias de vida de cada um de nós, a amizade ainda persiste. E o que é mais importante, continua sólida apesar dos meus defeitos. Por esse motivo, fico feliz por ter cultivado grandes amigos e amigas sem deixar de ser a pessoa que sou desde pequeno. São as marcas do tempo.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
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