Tenho apenas os movimentos parciais da minha perna esquerda. Com a imobilização por 20 dias, a mesma ficou um tanto atrofiada. Por isso, faço fisioterapia diariamente para recuperá-la totalmente. Mas nem mesmo essa limitação me impediu de dirigir novamente após ter sofrido um acidente de trânsito grave.
Essa primeira vez ocorreu na antevéspera do último Natal (23-12). Havia saído da minha primeira sessão de fisioterapia. Fiz tudo isso sempre na companhia do meu pai.
Mas quem achou que havia assumido o volante de um veículo normal, se enganou redondamente. Na verdade, o carro que dirigi era na verdade um daqueles motorizados, usados pelos deficientes nos corredores dos supermercados. O cenário desta curiosa cena foi o D'Avó Hiper do Suzano Shopping Center. Eu me sentia o verdadeiro piloto.
Por conta das minhas limitações, precisei dele para acompanhar nas compras do meu pai. Por incrível que pareça, a sensação era de euforia porque havia saído de casa pela primeira vez para fazer algo de útil. Percorri todos os corredores do supermercado. Comprei alguns mantimentos para consumo próprio e também de olho na ceia de Natal.
Por outro lado, a experiência serviu para outras conclusões. Como os deficientes devem sentir sérias dificuldades para fazer suas compras, principalmente de quem usa cadeiras de rodas. Muitos produtos ficam em locais muito altos das prateleiras. No meu caso, eu ainda consegui levantar. E a pessoa que não pode fazer isso?
Nessa situação, o portador de necessidades especiais precisa escolher uma das duas alternativas possíveis: pedir ajuda a outra pessoa para pegar o produto ou simplesmente desistir da compra. Fica um alerta para os supermercados interessados em contornar essa barreira.
Outro fato foi a falta de respeito dos demais frequentadores. Vários deles fingem ignorar a minha presença por estar na condição de cadeirante. Simplesmente não respeitam as limitações dos consumidores nessa situação e me ignoraram. Ajudar no acesso e na minha circulação que é bem mais precária? Nem pensar. Poucos auxiliaram. Meus parabéns para esse pequeno público.
Pode parecer um tanto de demagogia, mas o meu período de recuperação não é apenas uma fase de sofrimento. Mas também serviu para ter outras experiências e aprender mais sobre o dia-a-dia de outras pessoas. Eu imaginava como devia ser a rotina de um deficiente. Porém, eu nunca havia me colocado no lugar deles, mesmo temporariamente.
De fato, agora eu sei de alguns dos principais problemas de acesso desse pessoal. Além disso, eu aprendi a ter a dignidade igual de um deficiente, apesar das dificuldades diárias. A gente não pode se esconder da sociedade. Pelo contrário. Enfrentar parte desses transtornos só me mostrou que devemos encarar de frente toda a rotina.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
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Um comentário:
Lendo os últimos posts do blog uma palavra pra mim se destaca a dificuldade e o respeito. Quantas dificuldades passamos durante a vida e paralelo a isto quanta falta de respeito temos no nosso dia a dia. Fujita vc é um amigo muito querido... essa fase é apenas "fase" de tudo aprendemos lições mas não quero comentar sobre isso e sim dizer o quanto vc é importante para todos a sua volta. A tua imagem para mim é a de um profissional que cumpre com suas obrigações, a de um amigo brincalhão, uma grande figura! Na minha mente tenho a certeza que breve vc estará lembrando desses fatos da sua maneira mas principalmente transmitirá como pessoa durante sua jornada mais um ponto d evista as pessoas. Deus já te abençoa e continuará assim porque vc é um ser humano de missão importante nesta terra. Daqui de longe te desejo força! E lembre-se a todos que estão lendo isso digo-lhes: "Todo mal vêm para seu próprio bem... basta não apenas ver mas enxergar e aceitar" Força Fujita vc é um guerreiro!
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