Acordei no horário habitual. Fui ao banheiro e depois acompanhei o noticiário pela TV. Coisas que sempre faço em meio a essa fase de recuperação após o acidente. Entre esses e outros afazeres, dei aquela olhada habitual no espelho. Novamente, o susto foi inevitável. As madeixas formavam um visual indecente e horripilante. Por esse motivo, tomei a importante decisão de cortar os meus cabelos. Eram os últimos momentos da era Playmobil.
Até então, esse formato pairava na minha cabeça. O motivo era porque o corte das minhas mechas estavam numa forma totalmente quadrada e com a franja tinha algumas pontas na testa. Um verdadeiro capacete peculiar do tradicional boneco, que tinha nos tempos de infância. Afinal, fiquei três meses sem dar um trato no visual.
O tempo passava e a vontade de deixar os cabelos em ordem só aumentava. Esse desejo cresceu quando fui penteá-los antes de ir à clínica de fisioterapia. A convicção de que precisava ajeitar a minha situação chegou de vez quando me via no espelho enquanto fazia os exercícios de reabilitação. Não pense que sou narcisista demais. O olhar para o meu reflexo tinha o objetivo de corrigir os movimentos das atividades passadas pelo fisioterapeuta.
O dia seguia adiante. Fui ao supermercado e depois devolver os DVDs alugados na locadora. Mas minha meta principal de deixar de ser um playmobil ainda era uma incógnita. Ao terminar os compromissos do dia, pedi para o meu pai me levar ao salão da Elisângela. Quem não a conhece, ela tem dois codinomes: a mãe da Rafaela (a sobrinha que chega em fevereiro) e a namorada do Jonathan, o irmão do Eric Fujita.
Assim, fui em direção ao meu primeiro corte de cabelo desde o acidente que sofri. Sentei na cadeira do salão e pedi para não cortar muito curto. A Elisângela sugeriu como faria e imediatamente aceitei. Desta forma, ela colocou a capa para me proteger da sujeira e mandou ver com uma tesoura na mão.
Quanto a mim, o jeito foi acompanhar todos os passos pelo espelho que estava na minha frente. A cada cortada, ia uma mecha dos meus cabelos. Aos poucos, o formato capacete dava lugar a um novo corte mais decente e arrumado. Quando a Elisângela terminou, veio a sensação de dever cumprido. Na verdade, de objetivo atingido, afinal queria fazer isso desde o meu despertar.
Além disso, quis arrematar o meu visual. Pedi para ela raspar a minha barba que havia crescido desde a antevéspera de Natal. Prontamente, a Elisângela atendeu o meu último pedido. Os riscos de canetinha no meu rosto também foram embora. Deixei de ser um tremendo cabeção com todo esse trabalho feito com muita dedicação. Estava mais uma vez de cara limpa e magra. Desta forma, dei adeus à era Playmobil da minha vida.
Apesar de tudo, falta apenas um esclarecimento. Não tenho nada contra esses simpáticos bonequinhos. Pelo contrário, pois eles fizeram parte da minha infância. Mas na vida real, deixar os cabelos chegarem a esse ponto só me trouxe uma conclusão. Relaxei demais na vaidade.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
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