domingo, 3 de maio de 2009

Como vendedor de picolés

Mais um final de semana está em curso. Como já estou muito melhor, decidi dar uma caminhada em Suzano neste sábado para ver como estava o movimento. Dei uma olhada no movimento no shopping da cidade, assisti a um filme no cinema e depois fui embora. Fiz tudo isso a pé para fortalecer a perna. Era final da noite, então bateu aquela fome. Resolvi seguir um conselho dado pelo meu fisioterapeuta e parti em direção a um posto de gasolina, onde tinha um trailler novo de lanches. O ponto foi montado recentemente, mas o responsável pelo local é bem conhecido devido aos seus deliciosos sanduíches de hamburguer.

A frente do negócio, está um senhor conhecido no município como França. Ele mesmo prepara os lanches. Que delícia de x-salada. Devido à ótima fama nesse segmento desde os tempos da sua antiga lanchonete, chamada de Koxixo, o trailler sempre tem um movimento intenso, principalmente nos finais de semana. Afinal, o imóvel onde ficava o antigo ponto foi vendido e hoje é um barzinho com música ao vivo.

Nem de longe, o fluxo atual se compara à antiga lanchonete. Bom, o local mudou, mas a qualidade do sanduíche continua o mesmo. Ao fazer essa visita ao trailler, minhas lembranças voltaram a funcionar como acontece ultimamente. Quando estava no pequeno balcão para comer, viajei novamente no tempo, mais precisamente para o ano de 1990, muito antes de ser jornalista. Nem pensava em atuar nessa profissão.

Há quase 19 anos, eu fazia parte da turma de formandos da oitava série da Escola Estadual Geraldo Justiniano de Rezende Silva. Para garantir a festa de conclusão do antigo primeiro grau (hoje ensino fundamental), os alunos precisavam arrecadar recursos durante todo aquele ano. Assim, a nossa classe foi dividida em grupos. Cada equipe fazia algo como forma de conseguir dinheiro.

Desta forma, o nosso grupo resolveu vender picolés na rua. Isso mesmo, igual àqueles ambulantes com uma caixa de isopor. Além de mim, a equipe era composta por Dárcio Kitakawa, Jamilton Ferreira Júnior, o Juca, e Edgard Kobayashi. Esse último talvez tenha sido influenciado por essa época, afinal ele montou uma bela sorveteria no shopping da cidade. Já os outros dois amigos são dentistas.

Para colocar o plano em prática, nós juntamos dinheiro dado pelos pais e compramos mais de 100 picolés de diversos sabores. Colocamos uma parte deles no isopor e os demais guardamos no freezer da mãe do Dárcio. Mas na hora de vendê-los, ninguém tinha coragem de sair com a caixa de isopor. Desta forma, precisei tomar a iniciativa, carregar o produto no ombro e gritar "olha o sorvete, olha o sorvete". Na cara de pau, abordava os pais dos alunos em frente à escola. Os outros só acompanhavam escondidos de vergonha.

Tudo bem, não tenho o que reclamar porque conseguimos vender todos os picolés. Reembolsamos o dinheiro aplicado no negócio e ainda tínhamos um lucro garantido para ser usado na festa de formatura da oitava série. Missão cumprida, graças ao empenho de todos. Ou quase cumprida, pois o objetivo total teria sido alcançado se a gente tivesse entregado o montante arrecadado na venda. Decidimos não fazer isso por um único motivo: os outros grupos nada tinham se empenhado na coleta de recursos. 

Numa pequena reunião, achamos injusto somente o nosso grupo dar o dinheiro. Então, tomamos uma importante decisão. Vamos usar o nosso lucro de outra forma. Como todos eram adolescentes, resolvemos torrar a grana em comida. Fomos ao antigo Koxixo para comprar aqueles deliciosos e tradicionais lanches. Escolhemos um dia em que os alunos sairiam mais cedo. O local ficava bem perto da escola.

O dinheiro no nosso bolso daria para cada um comer pelo menos de dois a três lanches e tomar vários refrigerantes. Como a gula era enorme devido àquela oportunidade, eu pedi dois sanduíches de x-bacon e um milkshake de morango grande. Os outros também consumiram muito. A felicidade de todos era tanta, que nem almoçamos no dia. Até minha avó estranhou, pois fazia sempre essa refeição na casa dela. Contei, é claro, que fomos ao Koxixo.

Tudo bem, o dinheiro era para a fomatura. Por outro lado, não era errado ter ido à lanchonete, pois eu, o Dárcio, o Juca e o Edgard colocamos dinheiro do próprio bolso para comprar os picolés. E trabalhamos por uma finalidade, mas no final acabou em outra meta porque a gente teria trabalhado por todos os outros alunos, que sequer se empenharam como o nosso grupo. Seria pura injustiça.

De volta ao trailler do antigo dono do Koxixo, terminei o meu lanche e fui embora para minha casa. Não importa onde o França esteja, mas os sanduíches sempre serão maravilhosos. E cheguei a essa conclusão desde os meus tempos de estudante. Quem for de Suzano ou vier à cidade, vale a pena conferir.

5 comentários:

Anônimo disse...

Olá Eric!!

Como trabalho com o computador o dia inteiro, o que menos quero fazer ao chegar em casa é navegar!

Domingão, gripada, com preguiça e com uma cadeira cheia de roupas para passar, resolvi fazer algo que dificilmente faço: entrar no orkut. Aliás, tem dias que penso, pq raios tenho uma página no orkut??

Em todo caso, na 1a pág, tinha o endereço do seu blog, resolvi abrir. Descobri algumas coisas interessantes:

- para quem pedia 'ajuda' para fazer as provas de português e inglês, vc está escrevendo muito bem! haha!!

- que coisa o acidente heim! Mas fico feliz em saber que está bem!

- a sua lembrança do sorvete me fez voltar ao tempo! Mas que saudade boa!!! Ao ler, lembrei imediatamente dos nosso intervalo e vc falando para mim e a Ana Paula sobre os sorvetes!!!

- eu fui da turma que não vendeu nada, mas trabalhei muito nas quermesses, arrecadei prenda...

- me diverti muito no baile de formatura!

Bons tempos!

- quero um x-salada do França!

Beijos da Vanessa!!

Entre em contato: vanessa.xereba@gmail.com

Eric Fujita disse...

PS: esqueci do detalhe de algumas pessoas terem trabalhado nas quermesses conforme mencionado acima. Vanessa, foi mal deixar isso de fora. Injustiça corrigida.

Marcio Allemand disse...

Já estive em Suzano algumas vezes por conta do trabalho em política e nunca, NUNCA comi um sanduíche deste tal de França!!! No máximo uns espetinhos e nem lembro o nome do lugar, aliás. Fiquei com vontade... mas acho que não volto a Suzano tão cedo, né?
Abs!

Anônimo disse...

Saudações corinthianas!

Nem considero tanta injustiça assim... Afinal, vcs tiveram tanta cara de pau quanto eu ao vender os sorvetes... E investiram grana, coisa que eu não fiz com a Ana Paula. Nós só batiamos de casa em casa depindo prenda... Haja caixinha de gelatina!!!

Mas sabe, tenho muita saudades daquele tempo... Era muito bom!

Beijos da Van

Eric Fujita disse...

Verdade, viu Van. Também tenho saudades daqueles bons tempos. Além disso, tem a saudosa Ana Paula envolvida nessas histórias. Quando me lembro dela, não me conformo até hoje como ela nos deixou tão precocemente.....