sábado, 7 de novembro de 2009

O grande Benê Rodrigues

Final de ano está cada vez mais perto. Os estudantes universitários com previsão de se formarem agora preparam aqueles tradicionais trabalhos de conclusão de curso. Nunca imaginava a possibilidade de ter contato com esse universo, mas conheci um grupo de alunas de jornalismo. Ou seja, profissionais prestes a colocar o outro pé nesse ramo. Porém, a coincidência entre eu e essa turma vai muito além de ter escolhido essa área para trabalhar. Elas têm aulas com um professor responsável por me iniciar nessa carreira tão concorrida. O tempo passa e sempre cruzo no caminho do grande Benê Rodrigues.

Além disso, parte desse grupo é orientado pelo docente na elaboração da temida sigla TCC. Desta forma, a Carla e a Dominick tiveram a oportunidade de ficarem mais próximas deste grande profissional exigente e com temperamento forte. Neste ano, elas foram orientadas por esse docente no término deste trabalho. Quem o conhece, sabe da qualidade deste cara. Devido à rigidez dele no quesito qualidade, tenho certeza de que tudo será bem sucedido.

Afinal, falo isso com propriedade, pois fui um dos alunos dele. Pelo menos, eu me considero desta forma. Em vez da sala de aula da faculdade de jornalismo, conheci o Benê numa redação de jornal. Empresa pequena, aterrissei no Diário de Suzano em 1994, quando tinha apenas um mês de estudos no curso. Sem a menor experiência na área, fui trabalhar diretamente com ele, que já era editor do matutino.

Naquela época, Benê era responsável por fechar o caderno nacional. Na hora, fiquei desesperado porque pensava como faria um serviço daquele se não tenho o mínimo conhecimento? Aos poucos, ele me ensinou o caminho inverso da profissão, como fazer a edição de páginas. Com a aproximação, sempre foi sincero: "você não deveria estar aqui comigo, mas na reportagem para aprender".

Ao perceber essa qualidade, procurei absorver tudo que ele passava. Uma das lições colocadas em prática até hoje é o fato de prestar atenção com os ouvidos numa televisão, usar os olhos para observar outra TV e, ao mesmo tempo, ficar no computador. Isso aumentou o meu poder de concentração e me ensinou a trabalhar com o barulho. Até hoje, vejo outros colegas de profissão que reclamam dos ruídos. Acho absurdo, talvez devido a esse seu ensinamento.

Além disso, a aproximação com o Benê no início de carreira também foi essencial para me incentivar a cair na reportagem. Queria aprender e ele me disse que esse era o melhor caminho. Foi por influência dele que passei a gostar de rádio. Ao contar sua passagem pela CBN, fiquei com vontade de trabalhar nessa mídia. E consegui. Tentei ser repórter na Rádio Metropolitana de Mogi das Cruzes devido aos seus incentivos.

Também aprendi a atuar nesse segmento devido aos conselhos desta grande pessoa, tanto no aspecto profissional quanto no quesito pessoal. Quando gaguejava no ar, quem era a pessoa que puxava a minha orelha? Isso chegava ao ponto de me ligar no sábado de manhã no plantão da rádio: "Japonês, estou na escuta da emissora e quando terminar o jornal eu te ligo para falar os seus erros e acertos quando você entra no ar", falava o Benê do outro lado da linha.

Nesse período, ele também me mostrou como ser contundente e intimidador na hora de entrevistar as pessoas. Aprendi a esquecer o medo na hora de enfrentar os grandes nomes da política ou do meio artístico. Como não seguir as dicas de quem ainda passou na Rádio Capital, CNT, TV Bandeirantes e assessorias de imprensa da Secretaria de Segurança Pública e da Ouvidoria da Segurança? Só se fosse um arrogante mesmo.

Com essas lições, consegui irritar o então governador Mário Covas ao pressioná-lo sobre obras para a região do Alto Tietê. Além disso, também despertei a ira do atual governador José Serra, quando insisti numa pergunta que ele respondeu pela metade. Nesse último caso, a autoridade me deixou sozinho e respondeu aos demais colegas na coletiva.

Assim, 15 anos se passaram e acho que aprendi os ensinamentos do grande Benê Rodrigues. Se hoje sou esse profissional, é porque extraí dele a firmeza, a segurança, o espírito detalhista, o primor pela qualidade e sobretudo a generosidade na profissão. Se procuro ajudar quem chega no jornalismo, devo muito à influência dele em relação à recepção que ele fez ao chegar no Diário de Suzano, há algum tempo.

Ele me mostrou que um bom profissional não deve ter medo de perder o lugar com a chegada de novos talentos. Por isso, a Thaís, a Carla e a Dominick tiveram a oportunidade de aprender com o grande Benê Rodrigues na faculdade, como eu tive na escola prática chamada redação. Eu me considero um discípulo dele. Só espero que tenha correspondido toda sua aposta ao longo deste período.

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