segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Na Capital da Alegria - parte 3

A primeira saída na balada

Minha missão profissional havia sido cumprida na Bahia. Após enviar a reportagem para o Diário de São Paulo e até o jornal O Globo, só queria aproveitar minha estadia na Capital da Alegria. Ainda fiquei parte desse período no Resort Stella Maris. Mas queria de todas as formas aproveitar a primeira noite de tranquilidade depois da cansativa cobertura. Como não iria trabalhar na segunda-feira devido a uma folga que tinha direito, decidi estender minha permanência em Salvador.

O jeito foi sair com alguns colegas de profissão. Escolhemos como destino o bairro do Rio Vermelho, devidamente recomendado por outros companheiros jornalistas que vivem na cidade. O local é conhecido devido à grande concentração de bares. Melhor opção seria impossível, pois era uma forma de entrar no circuito de curtição local e, ao mesmo tempo, de desligar do trabalho.

Antes de sair, os demais jornalistas do grupo perguntaram se iria mesmo com sono. Afinal, eu demonstrava cansaço no retorno ao hotel com o término do evento organizado pela Ford. Respondi que iria mesmo assim, mesmo se precisasse dormir na mesa do bar durante a nossa incursão.

Desta forma, fomos ao destino escolhido. Ao chegarmos nesse local, notamos a presença de muitos jovens nas calçadas, nas mesas montadas pelos bares. O clima estava favorável, com uma temperatura agradável e uma noite bem estrelada. Iniciamos o nosso ritual de beber. Conversamos por bastante tempo.

No entanto, eu só não contava que cumpriria algo até então ignorado por todos. Durante nossa permanência, o sono começou a bater em mim. Com isso, eu dei uma cochilada na própria mesa do bar. Com certeza, alguns baianos nas mesas deviam achar que estava bêbado. O cansaço falou mais alto.

Por esse motivo, os demais colegas de profissão na mesa começaram atirar um barato. Participei da brincadeira e o povo se divertiu. Quando vimos que o horário era 4h30, resolvemos ir embora de táxi para o hotel. Chegamos, mas ainda não estava contente o suficiente para me recolher no quarto, apesar de ter dormido na mesa do bar.

Com isso, consegui presenciar o amanhecer do sol na praia Stella Maris. Olha só o espetáculo:



Depois desse flagrante, fui dormir porque queria aproveitar o dia seguinte em Salvador. Ainda consegui curtir o resort onde fiquei até a metade da tarde. Em seguida, peguei as malas e fui em busca de um lugar para ficar até o fim da folga em Salvador, pois o esquema da Ford terminaria naquele sábado.

Então, parti para um albergue da juventude, onde ficaria até o meu retorno. A partir daí, começaria uma nova etapa na Capital da Alegria, a de apenas curtir e conhecer Salvador.

domingo, 29 de novembro de 2009

Desde o Grêmio Estudantil

Voltava de São Paulo, após um domingo com os novos amigos e amigas. Como ainda não dirijo para todos os cantos, retornei de condução e, ao chegar a Suzano, parei numa padaria para matar aquela fome. Nesse momento, tive a oportunidade de encontrar um velho conhecido dos tempos da escola Justiniano. Era o Cosme dos Santos Souza. Ao me ver, ele disse que me viu no comercial do Diário de São Paulo na televisão. Ao mesmo tempo, relembrou algo esquecido há muito tempo. Para fazer referências à propaganda, reviveu quando me candidatei ao cargo de diretor de imprensa da nossa chapa concorrente ao Grêmio Estudantil do colégio, em 1993.

Sempre envolvido com o handbol desde a época da escola, a lembrança de Cosme me fez retornar àquele período. Antes de me candidatar, já dava os primeiros passos nessa área. Isso mesmo. Participava do jornal que o Grêmio Estudantil editava para os alunos da escola. Além disso, também costumava falar no microfone nos momentos em que outros estudantes instalavam um sistema de som no pátio para anunciar as músicas tocadas pelos aparelhos. Como se fosse numa rádio.

E como poderia me esquecer de 1992. Ainda no segundo ano do antigo segundo grau (atual ensino médio), fiz a cobertura de uma passeata feita por alunos de diversas escolas da cidade para pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor. Era o período dos "caras pintadas", uma alusão aos jovens que protestavam com pinturas no rosto contra o chefe do Executivo do país, acusado de corrupção. Assim, acompanhei todos os passos do movimento para o jornal da escola.

Um ano mais tarde, decidi concorrer à chapa liderada pelo Cosme para o Grêmio. Com a pouca experiência na área, dentro da escola, me candidatei para o cargo de diretor de imprensa. No entanto, o nosso grupo perdeu as eleições por dois motivos. Um deles foi o espírito idealista de fato adotado pelo grupo, de querer melhorar a situação dos estudantes, porém sem muito planejamento. Por outro lado, a turma adversária tinha pessoas mais velhas e desta forma se articulou mais politicamente junto aos alunos, com promessas e projetos mais concretos.

O tempo passou e daquela época ainda trago marcas absorvidas da vivência no Grêmio Estudantil. Uma delas é o compromisso de trazer a melhor informação em qualquer lugar onde eu trabalhar. Fora isso, também carrego o espírito impetuoso de correr atrás e lutar sempre por algo melhor. Talvez, esses motivos foram responsáveis por ainda sobreviver no jornalismo, em meio aos 15 anos de profissão, sem contar os tempos escolares.

Desta forma, continuo jornalista e hoje trabalho no Diário de São Paulo. O Cosme se dedicou a sua paixão adquirida ainda nas quadras da escola. Jogou e depois se tornou técnico de handbol. Bons tempos, responsáveis pela nossa formação, cada um em seu segmento, claro.

sábado, 28 de novembro de 2009

Na Capital da Alegria - parte 2

Antes da curtição, o trabalho

A chegada à Capital da Alegria foi nas primeiras horas da madrugada de uma sexta-feira, dia 20 de novembro. Só não foi tão tarde porque ganhei uma hora a mais. Lá, não é praticado o horário de verão. Assim, o jeito foi dormir um pouco e me preparar para a data seguinte. A cobertura exigiria um pouco de atenção, pois o anúncio de investimentos da Ford contaria com a ilustre presença do presidente Lula.

O grupo de jornalistas convidados acordou bem cedo para o café da manhã. Todos estavam no Resort Stella Maris, na praia que tinha o mesmo nome. Ao despertar, tinha essa visão do hotel. Não dava nem vontade de trabalhar:



No entanto, precisava cumprir o objetivo principal do convite feito pela montadora. O jeito foi me trocar e pegar todos os equipamentos que usaria na cobertura jornalística. Com notebook, bloco de anotações e caneta na pasta, eu e demais colegas de profissão partimos para Camaçari, a cidade próxima a Salvador onde fica a fábrica da Ford.

Na van, o jeito foi consultar as notícias do dia pela internet móvel e verificar se alguma informação sobre os investimentos havia sido divulgada. Nessa ação, descobri que alguns veículos haviam conseguido os dados com exclusividade. Ou seja, a minha visita atrás da notícia tinha sido em vão. Nem tanto, pois sempre é bom acompanhar um evento com a presença de Lula. Ainda mais para quem estava há algum tempo afastado das reportagens do dia-a-dia.

Chegamos na unidade da Ford em Camaçari. Uma demora enorme para entrar no local do evento, devido ao confuso e sistemático esquema montado pelo cerimonial da Presidência. Se não fosse a assessoria de imprensa da montadora, com certeza esperaria até agora para entrar no local do anúncio.

O grupo de jornalistas esperou a chegada do presidente por mais de duas horas. A sorte é que ficamos no espaço destinado para autoridades. Lá, havia um delicioso buffet de comida. Pelo menos enganei a fome durante essa cobertura. O mais legal foi encontrar outros colegas com quem havia trabalhado em outras redações. São os casos dos jornalistas Leone Farias e Hugo Cilo.

Os dois foram meus parceiros no Diário do Grande ABC. O Leone continua no mesmo jornal e o Hugo faz parte da redação da revista IstoÉ Dinheiro. Fora eles, estavam outros jornalistas que costumava cruzar nas entrevistas coletivas do setor automotivo, como Paulo Araújo, hoje na Folha de São Paulo, e Murilo Camarotto, do Valor Econômico. Pelo menos, conhecia alguém.

Com a chegada de Lula ao evento, também vieram outros repórteres que o acompanhavam desde o dia anterior em Salvador. Nesse caso, também encontrei Maiá Menezes, jornalista do jornal O Globo, quem eu conhecia das vezes em que ia a São Paulo na sucursal do matutino, que ficava no mesmo andar da redação onde trabalho. Assim todos cobrimos o evento.

Ao final da solenidade, veio a grande surpresa do dia. O pessoal da sucursal do Globo em São Paulo me telefonou para pedir minha reportagem. Ou seja, parte do meu material seria publicado num dos maiores jornais do país. Fiquei muito feliz, pois sempre sonhei em trabalhar num grande matutino. No final, a reportagem saiu assinada por todos os envolvidos na cobertura. Muito legal.

Além disso, a felicidade veio em dobro. No final da tarde, a Larissa, editora de economia do Diário de São Paulo, me avisou para caprichar no material porque o mesmo teria grande destaque. O jeito foi me empenhar ao máximo. Escrevi sobre os investimentos da Ford, mais as declarações do Lula na solenidade.

Demorei para consolidar todos os textos enviados tanto para o Globo quanto para o Diário de São Paulo. Porém, nada me tirava o bom humor, apesar de ter trabalhado além do habitual, a ponto de segurar o notebook em pé, com a mão esquerda por falta de uma mesa de apoio. E digitava a última matéria a ser enviada para São Paulo somente com a mão direita no mesmo computador. Os demais colegas de profissão me acharam um doido e davam muita risada, mas garanti o texto nessas condições. Afinal, não queria perder tempo à espera de definições.

A cena inusitada aconteceu porque precisava sair da sala montada para a imprensa devido ao horário porque os funcionários precisavam fechar o local. Saímos da fábrica no começo da noite, três horas após o final da solenidade. Por outro lado, precisava arrumar uma forma de mandar o último texto para a redação. Ainda bem que levei um notebook.

Fora os contratempos como esse, estava com a sensação de missão cumprida pelo fato de aproveitar o final da tal sinergia entre as duas redações, cujo encerramento é em dezembro com a mudança do comando do jornal onde trabalho devido à venda dele à Rede Bom Dia (leia-se J. Hawilla, o dono da Traffic). Outro motivo foi ter provado mais uma vez que a viagem não era mera curtição, mas queria ir atrás da boa notícia, dentro da economia. Depois de superar minha meta prevista, minha vontade era somente relaxar e aproveitar o final de semana na Capital da Alegria.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

De volta ao volante do carro

Tudo parecia um dia normal. Havia acordado para ir à academia nas primeiras horas da manhã. Como sempre ou pego uma carona com a família ou vou sozinho a pé, afinal o medo de dirigir ainda pairava em mim. Porém, veio uma oportunidade de ouro para vencer esse temor. Meu pai ofereceu o caro do meu irmão. Então, eu pensei da seguinte forma: não seria um sinal de alguém lá em cima para mostrar que essa hora havia chegado?

Pensei duas vezes e resolvi aceitar o desafio. Desta forma, sentei no banco do motorista e liguei o carro. Comecei a tremer de ansiedade, pois era a primeira vez que sairia sozinho de carro desde o acidente, há mais de um ano. Outra vez, havia dirigido com o pai ao meu lado e na companhia de uma grande amiga minha, a Tatiana.

Até então, eu não me sentia seguro de guiar um veículo sem a companhia de alguém. No entanto, respirei fundo, dei a partida e saí com o carro em direção à academia. No início, eu estranhei. Mas aos poucos, me acostumei novamente e dirigi como nada tivesse acontecido. A felicidade tomava conta de mim.

Fiquei muito contente por se tratar de mais uma etapa vencida nessa recuperação física e psicológica depois do acidente. Era como se nada tivesse acontecido. Ao contar para algumas amigas, elas comemoraram tanto, a ponto de me deixar emocionado. Pode parecer bobagem, mas essa situação significou muito para mim. Marcou mais uma fase superada.

O fato me despertou a vontade até de comprar um carro. Se eu consegui esse feito, certamente foi com apoio dos amigos e da família. A todos, o meu obrigado de coração por me influenciarem nessa façanha.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Na Capital da Alegria - parte 1

Um embarque tumultuado

Enfim, uso um pouco do tempo que me resta para escrever. Na verdade, é por uma boa causa porque aqui começa mais uma grande saga, como resultado dessas caminhadas atrás da notícia. Depois da Capital do Poder, chegou a vez de voltar à Capital da Alegria. Pela terceira vez, estive em Salvador com objetivo de cobrir a visita do presidente Lula durante o anúncio dos investimentos de R$ 4 bilhões pela Ford nas suas fábricas do país, dos quais R$ 2,8 bilhões na unidade da montadora na Bahia.

Inicialmente, a viagem foi possível graças a um convite feito pela fabricante de veículos. Como a notícia era importante, a Ford chamou um grupo de jornalistas dos principais jornais do país para prestigiar a ocasião. E eu estava lá nesse momento. A oportunidade pintou de última hora, bem na véspera do feriado da consciência negra. Então, o jeito foi acelerar meu serviço para poder correr atrás de mais essa reportagem.

Consegui antecipar tudo na redação como forma de cobrir esse evento. Na minha avaliação, era de extrema importância por se tratar de uma medida para incrementar a produção e vender mais automóveis. Então, terminei tudo, peguei as minhas malas e parti do centro de São Paulo rumo ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em pleno horário de pico, às 19h45, e de saída do paulistano para curtir o feriado prolongado.

Ao contrário do previsto, o trânsito no trajeto não estava tão congestionado. Desta forma, conclui que tudo seria tranquilo até entrar no avião. Puro engano. O engarrafamento estava mesmo quando cheguei ao saguão do terminal aéreo. Eu me deparei com uma fila quilométrica para despachar a bagagem, procedimento também conhecido como check in.

Percebi que a aventura rumo à Capital da Alegria, como Salvador também é conhecida, começaria a partir deste momento. O jeito foi entrar na fila. A mesma dava verdadeiras voltas dentro do aeroporto até terminar nos guichês da TAM, a companhia aérea na qual iria viajar. Procurava entender por que a situação estava tão tumultuada daquele jeito.

Numa rápida apuração, uma das funcionárias informou que o caos era um reflexo de uma pane ocorrida pela manhã no sistema informatizado de reservas de passagens. O transtorno foi registrado após a empresa ter trocado justamente esse programa no decorrer da semana do feriado. Por conta disso, fiquei mais de uma hora à espera da minha vez para ser atendido.

E os transtornos não paravam por aí. Muitos passageiros eram convocados pelas atendentes na própria fila no caso dos voos com embarques imediatos. Era um atraso atrás do outro. Mas um fato me causou muita indignação nessa tentativa de embarque.

Numa dessas iniciativas, uma funcionária da TAM chamou a atenção de uma passageira que se manifestou estar à espera de um voo para Curitiba. A atendente da empresa disse: "Você precisa prestar mais atenção. Não ouviu minhas convocações para esse destino?", questionou.

O fato revoltou os demais que estavam na fila. Imediatamente, eu retruquei bem alto: "manda a sua empresa não mudar o sistema bem no feriado em vez de dar bronca nos usuários." Em seguida, comecei a ficar atento e, ao mesmo tempo, pensar em alguma forma de aprontar algo como forma de mostrar que a atitude da funcionária tinha sido infeliz.

Enquanto conversava com outro passageiro na fila sobre esse absurdo feito no atendimento, a mesma empregada da TAM começou a convocação imediata dos usuários rumo a Salvador. Prontamente, comecei a gritar: "aqui, eu vou. Prestei muita atenção para não tomar bronca." O público próximo começou a rir daquele momento.

Para arrematar, o mesmo usuário que conversava me abordou em alto e bom som para todos ouvirem: "você prestou atenção nela?" A resposta foi sim. Ao mesmo tempo, os demais começaram a dar muita risada. Por conta dessa atitude, a atendente se sentiu constrangida e me levou silenciosamente para um dos guichês da companhia.

Finalmente, consegui despachar a minha bagagem e me encontrava com condições de embarcar na aeronave. O transtorno veio de uma forma que causou muito desgaste físico a ponto de dormir na poltrona. Nesse momento, o comandante do avião informou sobre os problemas no sistema de emissão de passagens e pediu desculpas a todos.

Após problemas e constrangimentos, consegui voar rumo a Salvador. No início, achei que renderia apenas os fatos e os bastidores relacionados ao Lula nessa nova investida. Essa conclusão também estava evidente porque pensava na possibilidade de o resto da viagem ficar monótono por me encontrar sozinho após adiar o meu retorno na passagem de volta. Mais uma vez, estava enganado.

Essa permanência na Capital da Alegria renderam frutos até então inimagináveis, além das belas fotografias que fiz. Fora isso, conheci muitos turistas brasileiros e estrangeiros em meio a essa programação. São coisas que voltarei a contar mais tarde com muito mais detalhes. Aguardem.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

E chega o nono mês

Nove meses se passaram. Como tudo é muito rápido, pois parece ontem. Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu, como novas amizades e a reaproximação dos antigos e valiosos amigos. Mas como esquecer de alguém tão especial, apesar de tão novinha? Bom, todos já devem saber de quem eu falo. Afinal, a Rafaela completa nessa data aqui nove meses de vida.

Eu tenho motivos para comemorar a cada mês que chega. Mas esse aqui eu preciso festejar e muito porque confesso uma coisa. Fiquei muito preocupado nesses últimos 30 dias porque ela estava com um princípio de pneumonia. Estava com muito medo de acontecer algo pior, como um possível agravamento da doença. Meu coração ficou muito apertado. As pessoas mais próximas perceberam.

Porém, mais uma vez uma pessoa lá em cima provou que vai com a minha cara. Atendeu aos meus pedidos para garantir a recuperação dela. Ainda bem, pois era muito difícil ver um verdadeiro anjinho da guarda com tamanho sofrimento. Afinal, pneumonia judia muito dos adultos. Falo isso com propriedade porque já vi minha mãe muito mal devido a essa doença.

Apesar da preocupação, a doença se foi e agora a Rafaela está curada. Voltou a ser a mesma bebê alegre de sempre. E uma verdadeira guardiã da minha pessoa. Apesar de tão nova, ela conseguiu me ajudar num momento crítico, em que estava arrebentado fisicamente e psicologicamente.

Trouxe alegria e amor para confortar alguém até então machucado por dentro e por fora. E criança é sincera. Então, sei que a Rafaela gosta mesmo de mim, esse tio coruja e babão.

O jeito é mostrar as novas imagens dela depois da recuperação. Flagrei até os momentos em sua banheira exclusiva:



Ela faz até pose nesses momentos de alegria:



O problema é quando o xampu entra nos olhinhos dela:



Como manda o figurino, eu precisava colocar uma imagem dela com esse tio aqui:



Nossa, como o tamanho assédio estressa qualquer um:



Após mais esse mês, o jeito é continuar com essa contagem regressiva rumo ao primeiro ano de vida dessa pequena simpatia. Se tudo transcorrer normalmente, prometo não carregar muito na emoção no próximo mês. Mas não tinha como ignorar como a Rafaela me fez lembrar que tenho coração.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

As lembranças da escuridão

Noite de 10 de novembro de 2009, uma terça-feira. Tudo transcorria normalmente. Comemorava a despedida de um colega que havia deixado o jornal onde trabalho para voltar ao Rio de Janeiro, sua cidade natal. A festa era num tradicional bar na praça Roosevelt, bem no centro da maior cidade do Brasil. O desfecho dessa história seria algo um tanto normal, se não fosse apenas um detalhe. O fornecimento de energia havia sido suspenso. Escuridão total.

O horário era por volta das 22h15. No início, todos que estavam no local apenas reclamaram. O pessoal na mesa também pensava na possibilidade de ser um simples queda da eletricidade. Como precisava ir embora para Suzano, eu e outro repórter do Diário de São Paulo, o Fabiano Nunes, tentamos fazer o retorno para casa. Fomos em direção à estação República do metrô.

Atravessamos a Rua da Consolação e percorremos um trecho da Avenida Ipiranga. Era um escuro sem precedentes. Assim, improvisei uma lanterna com o flash da câmera do meu telefone celular. Ao chegarmos à estação, vimos que havia luz, mas veio a informação que o sistema de metrô estava totalmente parado. Aí, percebemos a gravidade da situação. O Fabiano telefonou para a família em Guarulhos. Coube a mim verificar se havia acabado a luz com os meus pais, em Suzano.

Desta forma, nós dois tivemos a mesma resposta. Tudo estava apagado. Então, o jeito foi ligar o rádio FM do meu celular para sintonizar as notícias do momento. A partir daí, tomamos conhecimento de que o fornecimento de energia havia sido suspenso para mais a metade do país. Ou seja, a maior cidade da América do Sul estava totalmente apagada. Nunca havia visto tanto caos em Sampa. O apagou apavorou mesmo a todos.

Ainda percorria as ruas próximas. Na tentativa de voltar ao bar, presenciei um festival de problemas. Trânsito confuso devido à falta de funcionamento dos semáforos, pessoas preocupadas do lado de fora da estação do metrô para saber como voltariam para casa e até atropelamento na Ipiranga. O Fabiano ainda comentou: "caramba, mas que bagunça."

Voltamos ao bar. Como não tinha como usar o metrô, o Fabiano decidiu ficar na casa do Herculano. Quanto a mim, pensava na possibilidade de retornar naquele mesmo dia. A luz só voltou à zero hora de 11 de novembro, quarta-feira. Foi o momento para tentar usar o metrô. Mas a estação estava fechada. O jeito foi dar uma volta como forma de pensar como faria para fugir da enrascada.

Quando estava na Consolação, a energia acabou outra vez. Parei num posto de gasolina para esperar o restabelecimento da eletricidade. Esperei até 1h30, quando a luz voltou. Mas nesse período de aguardo, aconteceram coisas horripilantes. Vi de perto a ação de ladrões, que aproveitaram a escuridão. Num desses casos, um marginal levou a bolsa de uma moça.

O outro caso aconteceu bem na esquina da Consolação com a rua Nestor Pestana. Um rapaz tentou roubar algo de um outro homem. Não consegui saber o que era porque eles estavam distante. Além de escuras, as vias estavam totalmente inseguras.

Fiquei no posto até a eletricidade voltar com força total. Quando isso aconteceu, fui dar mais uma volta para pensar como faria para retornar a Suzano ou ficar em São Paulo por conta do problema. Foi neste momento que aconteceu o fato mais inusitado em meio a esse apagão.

Encontrei com um colega de Suzano que queria sair para as baladas paulistanas. Ele me convenceu a ficar junto com ele, afinal, teria carona garantida de volta. Caímos para dentro da Love Story. Não tinha outra alternativa, senão me embalar nos agitos. Consegui chegar em casa só às 7 horas. Apesar dos sérios transtornos, nunca pensei que teria lembranças tão boas desse apagão.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Dois circuitos fechados

Antes de ir embora do jornal, dei a última repassada no Twitter. Afinal de contas, essa página de relacionamento virou uma verdadeira febre devido ao conceito de micro blog. Todos escrevem com apenas 140 caracteres. Conta-se a letra e o espaço, claro. Na verdade, o conteúdo se tornou algo bastante interessante.

Nele, posso ver o estado de espírito de uma pessoa, ou mesmo uma informação jornalística. Além disso, é possível ler pensamentos filosóficos dos mais variados tipos. Também podemos presenciar debates de um determinado assunto entre os participantes. Trata-se da evolução dos tempos.

Dentro dessa linha de pensamento, fiz a minha leitura ao deixar a redação. Numa das postagens, uma amiga me fez viajar muito mais além das simples avaliações do conteúdo do momento. As poucas linhas colocadas me levou de volta aos tempos de escola, quando ainda estudava na primeira série do antigo segundo grau (atual ensino médio).

A estrutura do recado é semelhante a um texto analisado em sala de aula naquela época. Repare o que a amiga fez para descrever o seu dia:

"Acordar depois de um sonho estranho, banho, comer, trabalhar, nervoso, aperto no coração, calma, voltar, dentista...dor de dente."

A semelhança dessa postagem com o texto estudado na época de escola está justamente na forma de relatar o dia. No caso das linhas anteriores, há uma mistura de verbos com substantivos e adjetivos. A partir de agora, apenas substantivos em "Circuito Fechado", de autoria do escritor Ricardo Ramos:

"Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro."

Coincidências a parte, os dois textos refletem com exatidão o nosso dia-a-dia de forma criativa e serena. Sempre me lembro dos tempos de escola porque foi o período essencial para conseguir ser essa pessoa de hoje. Se não fossem essas aulas de português, com certeza não teria aprendido a escrever esse pouquinho que coloco em prática.

sábado, 7 de novembro de 2009

O grande Benê Rodrigues

Final de ano está cada vez mais perto. Os estudantes universitários com previsão de se formarem agora preparam aqueles tradicionais trabalhos de conclusão de curso. Nunca imaginava a possibilidade de ter contato com esse universo, mas conheci um grupo de alunas de jornalismo. Ou seja, profissionais prestes a colocar o outro pé nesse ramo. Porém, a coincidência entre eu e essa turma vai muito além de ter escolhido essa área para trabalhar. Elas têm aulas com um professor responsável por me iniciar nessa carreira tão concorrida. O tempo passa e sempre cruzo no caminho do grande Benê Rodrigues.

Além disso, parte desse grupo é orientado pelo docente na elaboração da temida sigla TCC. Desta forma, a Carla e a Dominick tiveram a oportunidade de ficarem mais próximas deste grande profissional exigente e com temperamento forte. Neste ano, elas foram orientadas por esse docente no término deste trabalho. Quem o conhece, sabe da qualidade deste cara. Devido à rigidez dele no quesito qualidade, tenho certeza de que tudo será bem sucedido.

Afinal, falo isso com propriedade, pois fui um dos alunos dele. Pelo menos, eu me considero desta forma. Em vez da sala de aula da faculdade de jornalismo, conheci o Benê numa redação de jornal. Empresa pequena, aterrissei no Diário de Suzano em 1994, quando tinha apenas um mês de estudos no curso. Sem a menor experiência na área, fui trabalhar diretamente com ele, que já era editor do matutino.

Naquela época, Benê era responsável por fechar o caderno nacional. Na hora, fiquei desesperado porque pensava como faria um serviço daquele se não tenho o mínimo conhecimento? Aos poucos, ele me ensinou o caminho inverso da profissão, como fazer a edição de páginas. Com a aproximação, sempre foi sincero: "você não deveria estar aqui comigo, mas na reportagem para aprender".

Ao perceber essa qualidade, procurei absorver tudo que ele passava. Uma das lições colocadas em prática até hoje é o fato de prestar atenção com os ouvidos numa televisão, usar os olhos para observar outra TV e, ao mesmo tempo, ficar no computador. Isso aumentou o meu poder de concentração e me ensinou a trabalhar com o barulho. Até hoje, vejo outros colegas de profissão que reclamam dos ruídos. Acho absurdo, talvez devido a esse seu ensinamento.

Além disso, a aproximação com o Benê no início de carreira também foi essencial para me incentivar a cair na reportagem. Queria aprender e ele me disse que esse era o melhor caminho. Foi por influência dele que passei a gostar de rádio. Ao contar sua passagem pela CBN, fiquei com vontade de trabalhar nessa mídia. E consegui. Tentei ser repórter na Rádio Metropolitana de Mogi das Cruzes devido aos seus incentivos.

Também aprendi a atuar nesse segmento devido aos conselhos desta grande pessoa, tanto no aspecto profissional quanto no quesito pessoal. Quando gaguejava no ar, quem era a pessoa que puxava a minha orelha? Isso chegava ao ponto de me ligar no sábado de manhã no plantão da rádio: "Japonês, estou na escuta da emissora e quando terminar o jornal eu te ligo para falar os seus erros e acertos quando você entra no ar", falava o Benê do outro lado da linha.

Nesse período, ele também me mostrou como ser contundente e intimidador na hora de entrevistar as pessoas. Aprendi a esquecer o medo na hora de enfrentar os grandes nomes da política ou do meio artístico. Como não seguir as dicas de quem ainda passou na Rádio Capital, CNT, TV Bandeirantes e assessorias de imprensa da Secretaria de Segurança Pública e da Ouvidoria da Segurança? Só se fosse um arrogante mesmo.

Com essas lições, consegui irritar o então governador Mário Covas ao pressioná-lo sobre obras para a região do Alto Tietê. Além disso, também despertei a ira do atual governador José Serra, quando insisti numa pergunta que ele respondeu pela metade. Nesse último caso, a autoridade me deixou sozinho e respondeu aos demais colegas na coletiva.

Assim, 15 anos se passaram e acho que aprendi os ensinamentos do grande Benê Rodrigues. Se hoje sou esse profissional, é porque extraí dele a firmeza, a segurança, o espírito detalhista, o primor pela qualidade e sobretudo a generosidade na profissão. Se procuro ajudar quem chega no jornalismo, devo muito à influência dele em relação à recepção que ele fez ao chegar no Diário de Suzano, há algum tempo.

Ele me mostrou que um bom profissional não deve ter medo de perder o lugar com a chegada de novos talentos. Por isso, a Thaís, a Carla e a Dominick tiveram a oportunidade de aprender com o grande Benê Rodrigues na faculdade, como eu tive na escola prática chamada redação. Eu me considero um discípulo dele. Só espero que tenha correspondido toda sua aposta ao longo deste período.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

As qualidades de ter gênio forte

Numa conversa bem franca e aberta, veio um assunto corriqueiro do dia-a-dia. Pode parecer um tanto fútil, mas no meio de um acalorado diálogo veio um comentário sobre as pessoas com gênio forte. Aí, a discussão sobre isso começou a ter desdobramentos de opiniões. Para muitos, alguém assim costuma assustar os demais porque são sinceras demais. A maioria dos nossos semelhantes não gosta de ouvir todo o conteúdo da verdade.

Já outras pessoas acham que alguém genioso chama muita atenção porque se expõe demais por falar aquilo em sua mente. Ou seja, defende a própria tese. Na verdade, eu tenho uma opinião bem formada referente a esse caso. Para mim, um ser humano com essas características têm personalidade e caráter. Todos esses fatores são essenciais.

Para justificar a minha tese, eu apresentei alguns argumentos. São exatamente os mesmos elencados nessa mesma conversa. Então, por que alguém genioso tem suas qualidades? A seguir, as minhas respostas:

- porque tem opiniões próprias;

- porque costuma ter a iniciativa;

- porque não espera nada cair do céu;

- porque defende as opiniões com unhas e dentes;

- porque defende os amigos como se eles fossem partes do seu corpo;

- porque compra facilmente uma briga quando a situação é injusta;

- porque fala o que está na cabeça sem se preocupar com as consequências;

- porque não se intimida com situações adversas;

- porque não leva desaforo para casa quando insultado;

- porque batalha para reverter uma situação desfavorável;

- porque não volta atrás quando está certo de uma determinada opinião;

- e porque sempre está disposto a questionar.

São por esses e outros argumentos que eu admiro alguém com o gênio forte. Apesar de mostrar tamanha força, também detalha o coração puro e sem maldade. Então, como não respeitar e exaltar pessoas assim?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Uma fase produtiva

Definitivamente, eu entrei num período de safra quando o assunto é escrever. Ainda mais, no caso das tradicionais poesias, que me acompanham desde os tempos de adolescência. Pura verdade, pois eu e alguns colegas de escola fazíamos até sarau num bar depois do período de estudo. Chegamos a fugir das últimas aulas para isso. Não era certo, mas tudo por uma boa causa.

Bons momentos, afinal eu e mais o Pietro (por onde você anda meu amigo) rescitávamos alguns versos, com o caderno universitário na mão para os demais colegas. Apenas um detalhe: nós mesmos éramos os autores das respectivas poesias. Nessa época, cheguei até a ganhar um prêmio da Secretaria de Cultura de Suzano. Fiquei feliz pelo reconhecimento.

De volta à atualidade, fazia muito tempo que não entrava num fase tão produtiva assim para minha alegria. Talvez, as boas músicas dos últimos dias e um ótimo show de um excelente compositor tenham me influenciado. Desta forma, resolvi publicar uma delas escrita na última semana. Espero que gostem:

Minha vontade de superar
e esquecer quem era querida
é para encontrar minha alma.
Afinal, apenas esperar
abriu mais essa ferida.
Esse desejo agora me acalma.

Por que deveria aguardar
se ela decidiu apenas fugir
sem dar uma boa resposta?
Pelo jeito, eu devo andar
novamente e partir
para curar a mágoa exposta.

Só queria parar de sangrar
como forma de pôr um fim
ao meu enorme sofrimento.
A ideia era não mais chorar.
Pretendia dar conforto a mim
ao esquecer esse sentimento.

Por isso, resolvi recomeçar
como forma de abrir o coração
a alguém que possa aparecer.
Um dia, voltarei a amar.
Trata-se de uma boa ação
Para eu deixar de sofrer.


29-10-2009

domingo, 1 de novembro de 2009

Meu segundo aniversário

Primeiro de novembro. Antes, esse dia era somente mais um no calendário. Não tinha sequer a menor importância por se tratar de uma data comum. No entanto, isso mudou completamente porque foi nessa data que eu sofri o grave acidente de trânsito, há exatamente um ano. Esse desastre não apenas me provocou muitas dores como também mudou completamente a minha vida. Passado todo esse período, cheguei a uma conclusão. Apesar do sofrimento em todos os âmbitos, a data virou o meu segundo aniversário.

Por causa desse pensamento, jamais devo me lembrar como um fato triste ou somente trágico. Com certeza, foi algo ruim na minha vida naquele momento. Mas hoje, eu só tenho motivos para comemorar. Mesmo com um deslocamento de fêmur, uma fratura na bacia esquerda, ter voltado pra Suzano de ambulância e passado por um longo período de recuperação, todas as situações relatadas foram necessárias para perceber uma coisa. Simplesmente, eu nasci de novo.

Afinal, quem tem essa grande oportunidade de ver a morte bem de perto e voltar novamente para a vida, ainda mais em meio a um acidente de trânsito? A maioria das vítimas deixa esse mundo. Outros até retornam para esse lado dos pobres mortais, mas com sérias sequelas neurológicas ou físicas. No meu caso, retornei e estou fisicamente igual ao que era antes, sem qualquer problema.

Agora, eu pergunto novamente. Por que eu não devo festejar se ganhei esse importante presente? Trata-se da segunda vida. Quem já teve essa chance com os mesmos parâmetros oferecidos a mim? Muitos dizem se tratar de sorte. Outros pensam na possibilidade de meu anjo da guarda sempre estar de plantão. Nesse ponto, não cheguei a uma conclusão. Prefiro pensar na hipótese de que Deus me ama muito e tem muita consideração pela minha pessoa.

Talvez, essa premiação tenha sido dada por sempre ser alguém honrado, honesto, leal, e um homem com caráter tanto comigo mesmo, quanto com as pessoas que me rodeiam. Tenho os meus defeitos sem sombra de dúvidas, mas as virtudes conseguem sobrepor as minhas falhas. Todos os dias, eu agradeço ao Senhor lá de cima por me presentear com a segunda chance.

Da minha parte, procurei honrar ao máximo essa oportunidade. Iniciei um recomeço em tudo para reaprender a andar, a ter paciência e serenidade, a ser mais tolerante, menos irritado e sobretudo alguém muito melhor. Tento isso diariamente. Todos esses fatores me fizeram sofrer profundas mudanças no meu coração. Eu gostei muito.

Por outro lado, o acidente foi suficiente para deixar evidente quem realmente me amava e queria o meu bem. Além disso, expôs aquelas pessoas que só tinham interesses ou se aproveitavam do oportunismo quando ainda estava bem. Na verdade, o desastre serviu como um divisor de águas nesse quesito. Confesso que eu sofri muito e ainda tenho marcas ruins no meu peito. Pode até demorar, mas isso vai passar. Até rimou.

Como consequência desse presente e da minha tentativa de ser alguém melhor, eu até trouxe de volta os amigos que antes estavam distantes do meu convívio. Além disso, ganhei outras amizades, talvez porque perceberam como eu sou. Enfim, eu preciso comemorar muito esse meu segundo aniversário porque nem todos puderam desfrutar de uma nova chance de recomeçar, como eu tive.