domingo, 20 de setembro de 2009

Na Capital do Poder - Parte 3

Uma badalada noite

Se eu já me sentia completamente perdido na Capital do Poder devido à forma diferente de dividir os imóveis em endereços, o jeito então foi utilizar essa sensação em meu favor. Na verdade, serviu para incentivar ainda mais a minha vontade de conhecer um pouco da noite de Brasília. Afinal, era a minha primeira visita a essa cidade e não poderia deixar passar essa oportunidade em branco.

Por esse motivo, resolvi me perder de vez na balada brasiliense. Após os compromissos e eventos da programação do congresso na qual participei, vinha aquele dilema. Eu saio ou fico no hotel? Mas a vontade de conhecer a badalação da capital federal falou mais alto. Eu até perguntei se alguns colegas do grupo queriam ir junto. Como todos responderam de forma negativa, o jeito foi me aventurar sozinho.

Assim, conversei com alguns funcionários do hotel para buscar algumas dicas de algum lugar legal para ir. Eles me apontaram um local chamado Bocanegra, um bar e danceteria situado na Asa Sul de Brasília (será que aprendi?). Para me deslocar até o lugar escolhido, nada como acionar um táxi. Ainda vestido de terno e gravata por causa da programação social do evento, levei dez minutos para chegar ao destino e me perder de vez na noite.

Ao parar na frente, percebi que a escolha foi certeira. A danceteria estava com muita gente. Ou seja, estava muito propício para entrar e curtir o local. Não demorei muito e fiz isso imediatamente. A pista estava lotada e bem do jeito que os baladeiros gostam. Desta forma, dei uma rápida volta nesse ambiente agitado.

Uma coisa me chamou a atenção ao fazer essa observação no Bocanegra. Havia uma mesa com muitas mulheres juntas. Fiquei surpreso, pois eram pelo menos dez delas ao redor das cadeiras e poltronas. Como estava absolutamente sozinho, decidi perguntar a um dos garçons o que acontecia nesse espaço. A resposta me deixou ainda mais animado.

Com as informações necessárias, cheguei mais perto daquela roda de mulheres. Continuei a observá-las. Em meio a essa situação, tirei uma conclusão bastante importante. Como estabelecer um contato com aquele interessante grupo? Queria fazer novas amizades na Capital do Poder como forma de dizer que conheci pessoas de Brasília, depois de voltar a São Paulo.

Se eu falasse "oi, tudo bem, como vocês estão?", todas elas me achariam um idiota , ou se dissesse "vêm sempre aqui?", pensariam que sou um homem sem criatividade. Minhas opções começaram a ficar cada vez mais escassas. Então, veio a feliz ideia em minha mente. Usarei a minha recém-adquirida máquina fotográfica digital guardada dentro do meu bolso para alcançar o meu objetivo.

Com o equipamento na mão, eu me aproximei sem perguntar e comecei a tirar as primeiras fotos daquelas vistosas mulheres. Uma delas ficou muito surpresa e até comentou com a amiga que eu fazia as imagens. Logo depois, percebi que as fotografias ficaram muito ruins porque não acertava foco, nem nada. Por outro lado, consegui a minha meta inicial. Uma das componentes daquele grupo veio me perguntar porque havia feito aquilo.

Respondi que cometi aquela iniciativa para registrar os meus melhores momentos em Brasília. Com essa frase, iniciei os meus primeiros contatos com aquela roda de mulheres. Conversei com uma delas por algum tempo e ela me perguntou de onde era e o que fazia na capital federal. Contei a verdade, somente os fatos verídicos. Como não sei mentir, justifiquei a minha visita e também porque queria conhecer os pontos badalados da cidade. Além de bonita, a loira com quem tive o diálogo também tinha um papo bastante agradável.

Por outro lado, essa mesma moça me apresentou uma das amigas do grupo. Uma morena bem bonita e receptiva. A mesma se incorporou à nossa conversa. Porém, ambas fizeram um pedido especial: não divulgar ou mostrar as fotos que fiz para outras pessoas. O motivo era puro e simples. Aquela reunião de tantas mulheres tratava-se de uma despedida de solteira de uma delas. Bom, como prometi preservar a noiva, apaguei mais tarde as imagens da máquina.

Em seguida, uma outra componente da roda passou a puxar conversa comigo. Essa mulher era um pouco mais velha das demais. O papo também foi interessante. Revelou ser visitante de Brasília e que tinha viajado do Rio de Janeiro para participar deste encontro de despedida.

Em meio à troca de palavras, essa moça fez uma importante revelação: ela era mãe da loira responsável por fazer o primeiro contato do grupo comigo. Fiquei pasmo, mas mantive a descrição. Aí, não tive como escapar daqueles tradionais clichês para contornar aquele fato inusitado: "nossa, você está muito bem para quem tem uma filha adulta". Talvez, era o que ela queria ouvir mesmo.

Ao final, aquele estonteante grupo de mulheres foi embora. Já passava das 4h30 de domingo. Me despedi de quase todas as componentes e fiquei por mais um tempo no Bocanegra. Deu tempo até de presenciar um rapaz bêbado que decidiu urinar dentro de um copo em plena pista de dança. Coisa deprimente e ainda bem que os seguranças viram e o expulsaram do estabelecimento.

Além disso, ainda conheci um outro grupo de amigos e amigas no local. Uma delas era uma bonita e morena estudante de Direito da UnB de 19 anos. Bem que ela poderia me dar uma chance de fazê-la feliz por uma noite, mas infelizmente não foi possível devido ao horário e a minha necessidade de ir embora.

Com a finalidade alcançada, o jeito foi utilizar um outro táxi e retornar para o hotel. Precisava dormir um pouco para descansar e me preparar para a programação do congresso prevista para o domingo. Era nesta data que ocorreria a palestra com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Sempre é bom acompanhar o que ele fala, principalmente por ser um repórter de economia. Voltei com o sorriso estampado no rosto porque a decisão de me perder na noite de Brasília foi acertada.

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