quarta-feira, 21 de abril de 2010

A Capital do Poder cinquentona

Aproveitei o feriado desse 21 de abril para descansar um pouco. Afinal, a folga foi concedida a um custo, claro. Trata-se de uma compensação porque vou trabalhar em 1º de maio, no Dia do Trabalhador, na cobertura jornalística das festas organizadas pelas centrais sindicais. Sempre é bom ficar de bobeira. Em meio a ociosidade, veio uma brilhante ideia. Além de comemorarmos a data que marcou a morte de Tiradentes, hoje a nossa Capital do Poder completa 50 anos.

Em meio a essas festividades lembradas pelas emissoras de TV e nos jornais, eu decidi. Por que não homenagear essa cidade tão ímpar e única em tudo? Por conta do noticiário, relembrei dos momentos passados em Brasília no mês de setembro de 2009, quando participei de um congresso organizado pela Federação Nacional da Distribuição dos Veículos Automotores (Fenabrave), a entidade que representa as revendedoras de carros.

Afinal de contas, a cidade é bem diferente do conceito que eu conhecia até então. Já ouvi falar dessa particularidade, mas a gente só entende quando se presencia pessoalmente. Nada funciona igual as outras metrópoles, como São Paulo por exemplo. Uma coisa que eu notei foi a ausência de semáforos nas ruas. Além disso, tudo é organizado em quadras.

Essa vivência gerou uma série de histórias no blog, desde os fatos pessoais até como entender Brasília (quem quiser detalhes de como a cidade funciona, pode clicar aqui). Foi uma experiência muito interessante. Vale a pena conferir.

Para não ser repetitivo, a minha homenagem à Capital do Poder ficará com algumas fotos que não publiquei antes, feitas durante essa viagem. Elas não ficaram legais, mas talvez vale a intenção de fazer essa lembrança. Optei pelas imagens noturnas para mostrar como Brasília mostra sua imponência de autoridade mesmo à noite.

Apesar da politicagem dos bastidores, o Congresso Nacional foi palco de muitas decisões importantes, desde a primeira eleição indireta após a Ditadura Militar, a nossa última Constituinte e a posse dos presidentes eleitos na fase ainda conhecida como Nova República:



Aproveitei para sair bem na fita, digo na foto:



A Catedral também fica bela à noite:




Essa foto já foi publicada, mas vale a pena repeti-la porque celebrou um importante encontro. Posei ao lado do saudoso presidente Juscelino Kubitschek e sua esposa Sara:



E quem quiser conferir a minha saga lá na Capital do Poder é só acessar essas histórias contadas em sete episódios: A Volta para Casa, Perdido em Brasília, Uma Badalada Noite, Como um Simples Turista, Descontração e Solidariedade, As Últimas Horas em Brasília e Entenda Brasília. Vale a pena passar por pelo menos uma dessas histórias. E parabéns Brasília pelos seus 50 anos.

sábado, 17 de abril de 2010

Uma ilustre ausência

Cada comemoração de aniversário sempre é diferente da outra. Já festejei a data em encontros simples com amigos, reunião de família e até mesmo no motel ao lado de uma ex-namorada. Já no ano passado, foi a primeira vez que contei com a presença da Rafaela, a minha sobrinha, quando ela ainda tinha quase dois meses. Como não podia deixar de ser, a lembrança dos meus 34 anos teve um novo elemento. Não citarei quem se lembrou do dia em que nasci ou compareceu a uma festa organizada por jornalistas da redação onde trabalho. Nesta oportunidade, ressaltaremos uma ilustre ausência nesse evento.

Agora todos devem perguntar por que eu resolvi destacar uma pessoa que não compareceu? A questão tem uma nobre justificativa. Esse convidado é, nada mais nada menos, uma personalidade bastante conhecida entre a população. Calma, muita tranquilidade. Não contarei agora a identidade dessa pessoa para manter a atenção de quem lê agora o texto.

Então, vamos aos fatos. Eu e o amigo e colega de redação Juca Guimarães decidimos organizar uma festa com as presenças de jornalistas de onde trabalhamos e de outras empresas. O motivo era para fazer uma apresentação musical, pois o Juca é um exímio músico na companhia do seu inseparável trompete. Então, o jeito foi convidar os jornalistas de vários locais, entre jornais, emissoras de TV e assessorias de imprensa.

É a pura verdade, mas só me dei conta de que a data escolhida para o grandioso evento era um dia depois do meu aniversário uma semana antes da festa. Desta forma, unimos o útil ao agradável. Fazer esse show entre amigos e, em segundo plano, comemorar as minhas 34 primaveras. Deu certo.

Para isso, Juca chamou outros músicos. Por outro lado, coube a mim divulgar e convidar os jornalistas para ir à lendária Gruta. O espaço é um bar situado no subsolo de um prédio comercial ao lado da sede do jornal. Não contente, o meu colega instrumentista gostaria de ter a presença de um político bastante conhecido no país. Trata-se do senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

Para explicar a tamanha vontade de convidar o parlamentar, Juca falou que o senador costuma prestigiar os eventos na qual ele é chamado quando está na capital paulista. Ainda tentei questionar se ele queria isso mesmo. A resposta dele foi positiva. Assim, precisei telefonar para o celular do Suplicy e fazer o convite que pedia o comparecimento dele no grande evento.

Nas duas ligações que fiz, o senador não atendeu. Por esse motivo, deixei recados. Na última ligação, expliquei o objetivo do telefonema gravado na caixa postal. Pensei que minha missão havia sido cumprida, porém sem alcançar a meta desejada.

Pode parecer brincadeira, mas na mesma tarde recebi um telefonema restrito no celular duas horas depois. Pensei ser alguém do jornal ou alguma empresa que gostaria de falar comigo. Mas não era para minha surpresa. Inesperadamente, o senador estava do outro lado da linha. Perguntou se eu havia ligado e respondi que sim.

Com isso, Suplicy quis saber mais detalhes da festa. Imediatamente, expliquei como o evento seria promovido, o local e tudo mais. Em seguida, o parlamentar logo me agradeceu. "Estou muito lisonjeado pelo convite, mas infelizmente não poderei comparecer", disse. Já imaginava isso.

No entanto, a coisa começou a mudar de figura na hora que o parlamentar informou os motivos para recusar o convite. Ele estava em Montreal, no Canadá, para participar de uma palestra sobre o seu projeto de renda mínima. Que chique, hein. Foi representar o Senado brasileiro na festa. Ou seja, ele retornou a uma ligação do outro lado do hemisfério. Caramba!

Por essas e outras, eu agradeci de coração pelo retorno da ligação. Afinal, não são todos os parlamentares que dão alguma satisfação. Ainda mais quando se encontra no exterior. No entanto, essa história sobre o convite ganhou muita repercussão entre os jornalistas presentes na festa.

Fizemos questão de contar quem a organização convidou para a ocasião. Muitos não acreditaram. Outros ficaram surpresos com a tamanha ousadia ao chamar uma autoridade. É fato verídico, viu.

Mesmo com essa ilustre ausência, a festa foi um sucesso. Muitas pessoas legais que considero muito compareceram ao evento. Já o Juca e os músicos convidados também ficaram felizes porque se apresentaram e o povo pediu aquele tradicional bis. Compareceram desde chefia, profissionais de outros veículos de comunicação e até parentes.

Devido à repercussão, vamos preparar um novo evento deste tipo para os próximos meses. Desta vez, a ideia é aumentar o número de convidados. E quem sabe o Suplicy não aparece? Afinal, vamos chamá-lo novamente, com toda a certeza do mundo, pois ele falou que compareceria se fosse contactado outra vez. Até a próxima.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Até mais, tio Cleycir

Poxa tio Cleycir, justo quando eu tinha uma festa para ir e em meio a um feriado prolongado? Até pensei ser uma brincadeira bem típica dele durante o 1º de abril, data em que se comemora o Dia da Mentira. Mas infelizmente era pura verdade. Por causa da ocasião, demorei para acreditar. Apesar de ser difícil pela ocasião, preferi adotar esse clima descontraído típico da sua pessoa para contar algo triste. Ele deixou o nosso mundo na última quinta-feira (01-04), depois de uma luta de dois anos contra um câncer.

Parece piada, mas o tio Cley resolveu partir bem nessa data. Talvez queria pregar uma peça para toda família dar risada. Brincadeira de mal gosto, hein! Não achei graça. Mesmo triste, procuro manter a irreverência contida nele deixada em todos nós como um legado para deixar uma simples homenagem. Essa é forma que mais consigo me expressar.

Após receber a notícia pela minha mãe enquanto comemorava a folga no feriado com amigos, aquele tradicional filme com as tradicionais recordações voltou a rodar na minha cabeça. E passou muito enquanto voltava de São Paulo para Suzano. Como não se lembrar das traquinagens que ele fazia desde a minha infância? A convivência era muito próxima, nos aniversários e encontros familiares naquelas datas típicas, como Páscoa, Dia das Mães e Natal.

Afinal, ele era um dos tios que me virava de cabeça para baixo quando criança. Além disso, tirava o maior barato quando chorava devido a uma bronca ou coisa parecida. Ele e o irmão dele, o tio Ignácio, chegavam ao ponto de tirar fotos minhas bem na hora dessas lágrimas. Trinta anos depois, agora eu definitivamente acho engraçado. Assim, vou manter parte dessas ações com a minha sobrinha, a Rafaela.

O tio Cley me deu minha primeira calculadora ainda pequeno, da então conhecida marca Dismac. Era um pedido meu influenciado pelas propagandas de TV daquela época. Depois de adulto, eu cheguei até a pensar numa possibilidade. Seria um sinal de que me tornaria mais tarde um jornalista na área de economia? Talvez, a resposta seja sim.

Por outro lado, foi por influência dele que passei a ouvir rock n' roll quando ia ao apartamento dele, no andar de baixo onde minha avó morava e passava grande parte do dia. Pelo menos, absorvi isso e continuo a curtir até hoje esse eterno ritmo.

Já na fase adulta, também compartilhava a arte de beber uma boa cachaça brasileira. Devido a esse fato, eu combato veementemente o preconceito contra essa bebida genuinamente nacional. Boa parte da minha coleção de aguardentes veio por meio de presente que ele me deu.

Como também levava garrafões adquiridos diretamente dos alambiques do interior do estado, de vez em quando ele retribuia a gentileza. E agora, com quem vou comentar se uma determinada marca é boa ou não?

Mesmo assim, acredito na possibilidade desse tio estar numa condição bem melhor agora porque não é fácil para ninguém lutar contra um câncer por muito tempo. Pois sei que essa doença maldita consome uma pessoa de tal forma, a ponto de ter perdido um outro tio e alguns amigos por conta desse mal. Apesar de já esperado, a tristeza foi inevitável dentro da família.

Bom, por essas e outras eu prefiro ficar com os bons tempos em vez de relembrar esses últimos dois anos de dificuldades para enfrentar a doença. Não garanto nada que ele tenha escolhido para morrer bem no dia 1º de abril como uma maneira de tornar a situação engraçada.

Só pode ser isso. Enquanto o povo aqui na Terra chorava, é bem provável que ele tenha dado muita risada da cara de todos nós lá de cima. Bom, o jeito é manter o sorriso e dizer até mais tio Cleycir.