domingo, 11 de outubro de 2009

Na Capital do Poder - parte 6

As últimas horas em Brasília

Último dia do congresso das concessionárias de veículos na Capital do Poder. De fato, o clima era de encerramento e final de festa. As últimas palestras realizadas no Centro de Convenções Ulisses Guimarães mostravam que muitos participantes já queriam ir embora. Como manda o figurino, fiz a última sondagem nos estandes e nas apresentações em busca de novas pautas interessantes para o meu dia-a-dia.

Assisti a uma palestra do ex-ministro da Fazenda, o economista Mailson da Nóbrega. Na verdade, o cansaço da vasta programação do evento aliado com a semana anterior repleta de trabalho conseguiu me vencer. Inevitavelmente, dei aquelas tradicionais pescadas de sono. Mas apesar da minha pouca disposição, consegui prestar atenção em boas partes dessa apresentação.

Responsável pelo Plano Verão durante o governo de José Sarney, Mailson da Nóbrega arrancou muitos risos do público presente com suas ironias e críticas à atual gestão da economia no país. Na ocasião, disse que a estabilidade da economia não é só méritos do presidente Lula, mas houve a contribuição de todos os presidentes do período pós-ditadura militar.

Bom, o raciocínio é muito cômodo para ele dizer, afinal comandou o Ministério da Fazenda num período turbulento (1987-1990), justamente quando as medidas governamentais não conseguiram controlar a inflação. No entanto, isso não tira o seu vasto conhecimento no assunto, afinal é uma das principais autoridades em economia no Brasil. Além disso, essa tese do ex-ministro, de que houve contribuição de vários presidentes, tem sentido.

Afinal de contas, o mercado brasileiro começou a ficar mais competitivo quando Fernando Collor (1990-1992) abriu as portas para a importação. Depois, as medidas que criariam o bem sucedido Plano Real tiveram sua fase de gestação na época de Itamar Franco (1992-1994).

Já a consolidação da estabilidade da moeda chegou com Fernando Henrique Cardoso (1995-1999 e 1999-2002), que gerenciou as próprias iniciativas comandadas por ele mesmo quando foi ministro da Fazenda. Por último, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006 e 2007 até hoje) surpreendeu o mercado ao manter o pilar de sustentação do Plano Real e até mesmo foi mais ortodoxo do esperado ao controlar a inflação com o aumento e baixa em ritmo lento da taxa básica de juros, a Selic. Bom, chega. Fiz esse retrospecto só para visualizar a tese de Mailson da Nóbrega.

Depois dessa palestra, percebi que não tinha nenhuma outra palestra do congresso para correr atrás. Então, o jeito foi me preparar para o retorno a São Paulo. Com as malas na mão, decidi ir ao aeroporto para tentar antecipar o meu voo para da Capital do Poder para a capital paulista. Junto com outros jornalistas e o meu código do bilhete na mão, fui a um dos guichês da companhia aérea. Infelizmente, minha primeira tentativa de adiantar minha volta foi em vão.

O atendente explicou que só seria possível antecipar o voo para São Paulo se pagasse uma diferença de R$ 400. Para ele, a cobrança ocorreria porque o preço da passagem para o horário até então marcado costumava ser mais barato em relação ao considerado de pico. Falei que não pagaria por isso e aguardaria até a minha hora.

Em seguida, um dos jornalistas do grupo contou que havia conseguido fazer o mesmo adiantamento. Eu estranhei e, desta forma, o colega me levou para o mesmo guichê onde estava a atendente que conseguiu fazer a mudança para ele. Bonita e simpática, ela foi altamente eficiente e disse que era possível fazer a alteração desejada. Obtive êxito na segunda tentativa.

Parabéns para ela e nota zero para o funcionário anterior, que não prestou o serviço necessário. Só não entendo como paira a falta de preparo dentro de uma companhia aérea. Como pode ter tamanha diferença de atendimento? Mas o importante é que consegui voltar mais cedo, pois ainda teria a jornada para retornar a Suzano.

Reclamações a parte nesse final, minha primeira inserção na Capital do Poder foi bastante interessante em todos os âmbitos. Foi a oportunidade de conhecer onde todas as decisões políticas e administrativas do país são tomadas.

Além disso, aproveitei para ver as últimas novidades da área de vendas de veículos na véspera do retorno da cobrança gradativa do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre o preço dos carros. Também fiz novas ou consolidei as amizades dentro da profissão. Que venham novas oportunidades para eu poder aliar os aspectos de trabalho, diversão e aprendizagem numa tacada só. Mas a saga ainda não terminou. Na próxima e última parte, prometo ser didático para encerrar com chave de ouro.

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