Nos últimos dias, me recordei de muitas histórias em comum. A semelhança entre elas era justamente por um motivo. Em todas essas situações lembradas por mim nas últimas semanas, fui chamado pelas pessoas próximas de uma forma que estou muito longe de ser, de acordo com a minha própria opinião, claro. Por causa disso, eu pensei seriamente sobre o grande dilema na minha cabeça. Assim, lanço a seguinte questão: sou um cara de pau?
Pelo menos nessas ocasiões agora relatadas, o pessoal falou que sim. Uma delas aconteceu em 2004 quando havia voltado a morar com a família após o meu retorno de São José dos Campos. O meu pai tinha um óculos modelo ray ban tradicional guardado na gaveta. Ele não o usava porque já tinha um igual. É muito lindo e foi presente do meu tio Pedro, diretamente do Japão.
Então, comecei a observar durante alguns meses e percebi que o meu pai jamais o usaria. Por isso, cheguei e perguntei: "Pai, você usa aquele óculos que o tio te deu?". A resposta foi imediata: "Não. Quer para você?" Era tudo que eu queria ouvir. Faturei o tão sonhado Ray Ban.
Agora sim, chegarei ao ponto. Ao me ver com os óculos, o meu irmão ficou surpreso e perguntou se o meu pai sabia daquilo. Falei que havia ganhado dele. A reação foi de espanto e, sem hesitar, ele me perguntou: "Como você conseguiu?" Disse que apenas questionei o pai se ele usava o Ray Ban. Aí veio a frase: "Você é um cara de pau mesmo."
O grande detalhe para o irmão ter soltado o bordão é justificável. Ele também estava de olho no mesmo óculos, mas não teve a mesma coragem de perguntar. Não tenho culpa se fui mais rápido, não é mesmo?
A outra situação foi em 2005, quando ainda trabalhava no Diário do Grande ABC. Como todos os jornalistas da mídia impressa sabem, sexta-feira é dia de "pescoção". Para quem não sabe, esse termo significa trabalho dobrado nesse dia da semana para preparar as edições de domingo e de segunda-feira de um jornal. Desta forma, os profissionais ficam até as primeiras horas da madrugada no batente.
Em meio a essa situação, estava na redação com vontade de ir embora, afinal eu já havia terminado todo o serviço. Porém, os editores demoravam para liberar a nossa saída. Assim, fui perguntar aos dois chefes daquela época. Primeiro, fiz isso com o Fausto Siqueira (hoje no portal G1) e ele me respondeu que poderia ir embora.
Por outro lado, o outro editor da equipe, Marcelo Moreira (atual Jornal da Tarde), reagiu negativamente: "Por que você quer ir embora, pois é dia de pescoção?" Veio uma resposta imediata na minha boca: "Ué, quem vai segurar o bar aberto para a gente poder tomar aquela gelada depois?"
Depois da minha fala, os risos foram inevitáveis entre os demais profissionais da equipe. Devido à reação de todos, o Marcelo soltou aquela frase: "Você é um cara de pau mesmo." Não deu dois minutos e ele me liberou sob a condição de ir ao bar. Cumpri a promessa. Após essa situação, esse próprio editor vinha e me falava para ir embora com o pretexto de manter o bar ao lado do jornal aberto. Virou lenda naquela empresa.
Se a gente for mais adiante ao túnel do tempo, chegaremos em 1996. Durante uma rebelião na Cadeia Pública de Mogi das Cruzes, os policiais se reuniram próximo ao portão do presídio, mas do lado de dentro para ficar longe dos olhos da imprensa local. Como eu conhecia as dependências, corri para dentro da delegacia existente ao lado e entrar na sala dos investigadores, onde a janela ficava bem próximo ao local dessa reunião.
O objetivo era ouvir os planos da polícia sobre uma possível invasão da cadeia para acabar com o motim. Consegui escutar apenas um minuto da conversa. Só obtive alguns detalhes, de que começariam com gás pimenta nos detentos. Infelizmente não consegui o plano completo porque um investigador chegou na sala. Sem hesitar, me questionou: "O que você faz aí?"
A resposta não foi convincente: "Queria um lugar mais tranquilo em meio a essa agitação." Em seguida, esse mesmo policial mandou eu sair e ainda me acompanhou até a rua. Ao final, veio mais uma vez aquela frase: "Você é um cara de pau mesmo."
Por essas e outras eu me pergunto. Sou um cara de pau, mesmo? Na minha opinião, poderia estar numa condição profissional melhor ou ter arrematado muitas mulheres na vida apenas por curtição ou ainda conseguir situações com benefícios próprios. Se realmente fosse isso, não levaria a minha vida tão normal como ela é.
Mas pelo menos essas histórias são inusitadas e me divertem quando eu me lembro delas. O jeito é contar essas papagaiadas para os amigos ou parentes como forma de compartilhar os momentos cômicos e arrancar deles um monte de hahahahahahaha.
sábado, 1 de agosto de 2009
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Um comentário:
E você tem dúvidas???
Mas adoro isso em você! Mesmo porque, jornalista se não for cara de pau, não é jornalista! rs
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