Infelizmente, encontro forças para escrever algo aqui, mesmo depois das últimas 30 horas. Nem sempre tudo é felicidade. Apesar disso, resolvi passar por aqui para falar sobre o meu padrinho, o tio Pedro. É o mínimo que poderia fazer em sua homenagem, depois de passar por tanto sofrimento causado por essa doença maldita, chamada câncer. Ele morreu nessa segunda-feira (17-07), vítima desse terrível mal.
Pode parecer frieza da minha parte, ao colocar isso aqui nesse espaço. Mas como descarregar toda a tensão dessas últimas horas? No meu caso, essa tentativa de escrever atenua um pouco o peso, com toda certeza do mundo. De fato, confesso: as coisas ruins da vida vêm mesmo de uma vez só, de forma sucessiva. Porém, faz uma pessoa crescer moralmente porque precisa superar os entraves.
Quando recebi a triste notícia, transmitida pela minha mãe, veio um verdadeiro filme na minha cabeça. O personagem principal, claro, era o meu falecido tio, que conviveu comigo durante toda minha infância. Há uma oficina desativada nos fundos da minha casa, onde ele trabalhava com lapidação de pedras semipreciosas naquela época. Ainda pequeno, ia sempre lá para vê-lo nesse serviço.
Em troca, o tio sempre me carregava para casa dele na hora do almoço. Aproveitava para visitar as minhas primas mais velhas e a minha tia. Fora isso, ele me deixava brincar dentro do carro dele naquele tempo, uma Brasília branca. Eu me sentia um verdadeiro motorista dentro dela.
Por outro lado, aprontei muito nesse carro. Minha mãe ficou doida ao me ver em pé, em cima do capô. Não sei como não amassou.
Outra passagem que veio na minha cabeça foi o fato do meu tio brincar com os cachorros do quintal de casa. Muito engraçado. Ele uivava alto com um cano de PVC para provocar os animais. Todos começavam a imitar o barulho. Algo hilário. Isso só mostra que o amor pelos cães vem mesmo de família. Meu pai também cuida muito bem deles.
No entanto, todas essas passagens estavam muito longe da imagem que eu vi dele pela última vez, ao visitá-lo na casa dele em julho. Ele conversava, estava lúcido e perguntou como eu estava. De fato, o conteúdo era como se fosse meu último diálogo antes dele morrer. Na hora, nem mesmo percebi isso. Pelo menos consegui falar com ele antes de partir. Ainda bem.
Por essas e outras que eu optei por me recordar das boas passagens e esquecer do sofrimento que ele passou. Deve ter sido demais, e me dá aflição só de falar nisso. Agora, é olhar para frente para eu e toda a família continuarmos nessa jornada que não para. Só garanto uma coisa. Apesar das lágrimas de todos nós (inclusive as minhas bem no final desse texto), o nosso tio Pedro está numa condição bem melhor porque já encontrou a paz.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
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2 comentários:
Obrigada primo e pela homenagem ao meu pai. Beijos.
é muito triste de despedirmos de uma pessoa tão querida, mas tenho certeza que ele está ao lado de Deus e olhando por nós aqui na terra... Tio !!! Descanse em paz!!!! Sentiremos muita sua falta!!!!
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