Soube desta notícia pelo rádio, quando me deslocava em direção a São Paulo para mais um dia de trabalho. O fato me chamou a atenção imediatamente. O aterro sanitário que fica em Itaquaquecetuba e recebe grande parte do lixo coletado na região do Alto Tietê (leste da Grande São Paulo) explodiu de novo, nesta segunda-feira (25-04), talvez devido à grande concentração de gás metano altamente inflamável, gerado com a decomposição dos resíduos. A situação foi muito mais além do que a gravidade dos fatos, pois me fez voltar no tempo, mais precisamente para março de 2000. Naquele ano, acompanhei de perto quando isso aconteceu pela primeira vez, ainda como repórter do jornal Diário de Mogi.
Os detalhes dessa última explosão refletem com exatidão tudo aquilo que apurei, vi e presenciei há mais de 11 anos. Naquela época, a sujeira toda se espalhou para a estrada que passa ao lado do aterro. Nunca tinha visto tanto lixo na minha vida jogado no chão. O cheiro então era insuportável. Mas o sangue frio e a impetuosidade de um jovem repórter incentivavam a continuar no local e conseguir as melhores informações. Dividia a cobertura com jornalistas dos principais veículos de comunicação que lá estavam, sem saber que mais tarde eu trabalharia na grande imprensa.
Naquele ano, eu entrei nessa reportagem ao chegar à redação logo pela manhã, por volta das 9 horas. Era meu retorno após três dias em Gramado (RS) no lançamento de um modelo da Volkswagen daquela época - a Saveiro geração III. Como estava fora do ritmo do dia-a-dia, achei que o assunto não passava de uma simples brincadeira da chefia por causa da minha volta. No entanto, se tratava de uma verdade. Ao perceber isso, a adrenalina subiu e parti em direção ao aterro.
Além do lixo jogado, conversei praticamente com os mesmos envolvidos na atual explosão. Um deles era o atual consultor jurídico do local, Horácio Peralta. Na primeira explosão, ele já tinha se tornado um verdadeiro para raio do problemático espaço. Tentava justificar o inexplicável com os mesmos argumentos usados agora no caso mais recente. Dizia que o lugar não apresentava riscos e tinha condições de receber os resíduos.
Só um fato me chamou a atenção. O próprio Peralta culpar a administração passada do aterro, antes pertencente a um consórcio formado por prefeitos das cinco cidades atendidas, chamado de Cipas. Então, foi uma autocrítica porque ele desempenhava a mesma função em 2000. Os representantes das prefeituras atendidas pelo espaço determinavam esse mesmo consultor como porta-voz para entrevistas. Em 2011, o local se chama Pajoan e é administrado por dois empresários da região, que também gerenciavam tudo na primeira explosão.
Até mesmo a punição pelo problema foi semelhante nas duas ocasiões. Em ambos os casos, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado (Cetesb) aplicou multas devido à explosão e a sujeira nas regiões próximas. Só não consigo precisar se os valores eram iguais. Com tudo isso, só tenho como dizer uma frase: "qualquer semelhança não é mera coincidência". Afinal 11 anos se passaram e os problemas continuam os mesmos.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
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