O encerramento da campanha do candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, no segundo turno em Suzano - minha cidade natal - trouxe dois desdobramentos, todos no aspecto pessoal dentro da minha profissão. Como o fim do período de corpo a corpo antes da última fase das eleições foi no município onde moro e fui criado, resolvi por iniciativa própria acompanhar o evento. Com bloco na mão, gravador no bolso e mochila nas costas, fui em direção ao centro da notícia. Afinal, adoro acompanhar as eleições.
De fato, o sangue de repórter ainda corre nas veias, apesar de algumas decepções e fracassos. Quer um elemento melhor que esse para correr atrás dos fatos? Enfim, os argumentos relatados a partir de agora serão uma tentativa minha de contar, de uma forma diferente, a visita de Serra a Suzano. O compromisso foi o último antes dele votar na capital paulista. Além disso, nada que ele falaria seria novidade para a imprensa em geral.
Durante a cobertura, tive o prazer de encontrar muitos companheiros na qual tive o privilégio de trabalhar nas várias redações onde passei e outros colegas de profissão que sempre cruzei em outros eventos. Isso vale tanto nos grandes veículos de comunicação, quanto na imprensa regional. Como tive a honra de passar pelas duas situações, é muito bom compartilhar e ter esse contato. Também, é uma maneira de nos unirmos para vencermos as dificuldades durante o cumprimento do dever.
Um ajuda o outro para enfrentarmos as adversidades do trabalho, como a truculência dos seguranças que não deixam os repórteres trabalharem, o tumulto gerado pela presença de simpatizantes, que nem sempre deixam os profissionais a vontade e até mesmo a ansiedade dos próprios profissionais da comunicação. Esse último fator também causa problemas, pois às vezes causa desconforto.
No final, todos procuram ser solidários. Um exemplo disso, um desses meus colegas melhor posicionado na entrevista coletiva com Serra pegou o meu gravador ligado e colocou mais próximo dele. Estava muito mais distante e não chegaria mais perto rapidamente. Desta forma, consegui a declaração de que o segundo turno é igual a uma disputa de partida de futebol. O melhor concorrente costuma vencer.
Foi a melhor coisa falada pelo candidato. Nada de tão especial, mas é muito melhor ter isso. Agradeci ao companheiro de reportagem. Como esse contato renova o espírito de jornalista. Pelo menos, isso funciona para mim. Por outro lado, foi uma oportunidade de participar da campanha para presidente nessas eleições. Adorei.
O outro aspecto mencionado antes foi o fato de ter retornado ao cenário onde fiz a minha primeira cobertura na prática: a rua General Francisco Glicério, no centro de Suzano. A visita de Serra na véspera do segundo turno das eleições ocorreu na mesma via onde acompanhei, há 18 anos, uma manifestação de estudantes da cidade pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Voltei no tempo pelas memórias.
Em 1992, preferi testemunhar o protesto dos conhecidos "caras pintadas" não como um participantes, mas como um repórter do jornal do Grêmio Estudantil da escola onde estudava. Peguei depoimentos de alguns jovens, dos organizadores do movimento na cidade e até de políticos locais que estavam no local. Não tinha uma formação na profissão nessa época, mas talvez algo já corria no meu sangue acima de tudo: o espírito de jornalista.
Ao misturar tudo num liquidificador, chegam algumas conclusões. Apesar de ter enfrentado todas as dificuldades no trabalho de campo ou impossibilidades devido a decisões de algumas chefias, essa vivência me faz crescer, aprender e ganhar mais experiência. Ou seja, ter subido cada degrau na profissão gerou um pouco de conhecimento em todas as esferas a ponto de lidar melhor com os problemas.
Posso não ter crescido como gostaria no jornalismo, mas não me arrependo de optar por escalar passo a passo. Só assim me faz buscar o respeito profissional de forma digna e honrada. Tem gente que nem passou por todas as etapas. Se alguns me acham antigo devido a esses pensamentos, eu digo obrigado. Ainda tenho orgulho de colocar os pés na rua. Só essa vivência dá a base necessária para mais tarde o profissional tormar decisões corretas e eficientes.
domingo, 31 de outubro de 2010
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Um comentário:
oi eric, como sempre vc escreve muito bem, sou sua fã
nice
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