O fato agora relatado serviu como um verdadeiro alerta. Na verdade, me mostrou como o ser humano não presta mais tanta atenção no seu semelhante. A correria do dia-a-dia e a ação de alguns oportunistas que se aproveitam de muitas pessoas com bom coração ao pedir esmolas nos deixam cada vez mais afastados do sentimento de solidariedade e compaixão. Impressionante como todos nós nos tornamos individualistas ao extremo em nossas atitudes.
Percebi isso com bastante evidência quando me dirigia a São Paulo para trabalhar. Numa breve caminhada em Suzano rumo à estação de trem, avistei um senhor bem magro e de cabelos brancos. Ele estava sentado numa cadeira existente na calçada de uma movimentada rua do centro da cidade. Ao passar perto, ele estendeu sua mão direita e apenas murmurou.
Como sempre faço, eu ignorei. Afinal estou acostumado com cenas semelhantes em São Paulo. O pensamento automático é de que vai pedir algum dinheiro como uma suposta ajuda para o sustento. No entanto, eu sempre me recuso a dar moedas ou um certo valor em cédulas, como R$ 1,00 ou R$ 2,00.
A quantia pode ser para bebida alcoólica, ou mesmo drogas. Vai saber. Nesse caso, compro algum alimento, lanche ou mesmo um marmitex se a pessoa menciona estar com fome.
Nesse caso aqui, eu realmente fingi que não vi. Mas algo - ou talvez algum recado lá de cima - me fez olhar para trás. Vi que o mesmo senhor continuava com a mão estendida para mim. Aí, consegui entender o pedido dele. Era de ajuda. Quando ouvi essa palavra, passei a prestar mais atenção.
Assim, dei dois passos para trás em direção ao homem sentado na cadeira. Ao me aproximar mais uma vez, ele fez um simples pedido. "Meu jovem, me ajuda a levantar. Não tenho forças", disse para mim. A resposta foi imediata. Falei que sim e o auxiliei prontamente. Então, percebi que realmente o mesmo homem tinha dificuldades devido à falta de força em fazer um simples movimento devido à idade avançada.
Desta forma, o mesmo senhor me agradeceu pela ajuda, mesmo depois de ignorá-lo num primeiro momento. Em seguida, pedi desculpas pela minha atitude inicial e expliquei porque havia feito isso. Não tem justificativa, mas pelo menos tentei. Consegui ser solidário como ele precisava.
Em razão desse acontecimento, veio uma breve conclusão. Definitivamente, pode acontecer qualquer coisa que a maioria das pessoas não se importa mesmo se o semelhante passa por grandes apuros ou mesmo algum mal súbito. Depois disso, procuro prestar mais atenção nas pessoas que estão por perto. É muito ruim ser omisso nessas questões.
Uma simples ajuda não custa nada. Apenas uma sensação de dever cumprido. Quem não fica feliz quando ganha um reconhecimento por ter feito uma boa ação? O jeito é calibrar a atenção no mundo que me rodeia para nunca mais cometer um erro tão grotesco como esse.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
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Um comentário:
Poxa Eric, que alerta bacana você fez, nos coloca a pensar nas atitude do dia a dia. Que legal você ter percebido, e passar a lição para nós.
Beijos da tia kel
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