Mais um dia na rua na cobertura de um bom assunto de economia. Fui enviado ao Palácio dos Bandeirantes com a missão de trazer mais informações sobre a pretensão do governo do estado de conceder aumento para o salário mínimo regional. Pelo que é praticado hoje, existem três faixas salariais para esse piso válido somente para São Paulo. Os valores variam de acordo com a categoria, caso as mesmas não tenham acordos coletivos para estabelecer salários.
O anúncio sobre o reajuste ocorreu oficialmente nesta terça-feira (09-02) pelo governador de São Paulo, José Serra. Mas o fato que mais chamou a atenção de todos os jornalistas presentes no evento foi o aumento aplicado no menor valor entre os três pisos salariais. Ao chegarmos para a solenidade, a equipe de jornalistas ligados ao governo estadual havia nos adiantado que essa faixa passaria de R$ 505 para R$ 550. Ou seja, uma alta de 8,91%.
A divulgação sempre acontece antes do início da entrevista coletiva como forma de facilitar o serviço dos repórteres presentes. Além disso, a notícia dava conta que as outras duas faixas salariais passariam para R$ 5 70 e R$ 580. Hoje, os mesmos pisos estão em R$ 530 e R$ 545, respectivamente. Pela ordem, representariam aumentos de 7,54% e de 6,42%.
Com isso, a primeira questão levantada em meio a essa espera pelo evento foi o fato de todos os reajustes previstos terem ficado abaixo da recomposição dada pelo governo federal para o salário mínimo nacional, que passou de R$ 465 para R$ 510. Isso representa alta de 9,67%. Como manda o figurino, todos queriam perguntar sobre isso ao governador, até então ainda reunido com o secretário de Emprego, Guilherme Afif Domingos.
Porém, a parte mais curiosa ocorreu logo quando Serra e Afif chegaram para a coletiva. Inicialmente, o secretário informou que era necessária fazer uma correção nas informações sobre a menor faixa salarial. Em vez de R$ 550, esse piso passou para R$ 560.
Na prática, essa alteração representava uma alta de 10,89%. Desta forma, esse piso se tornou um reajuste acima do concedido pelo governo federal. O fato gerou mais dúvidas junto aos repórteres. A nossa obrigação foi questionar isso.
Como justificativa, Serra e Afif destacaram que houve uma mudança na forma de cálculo dessa faixa para aplicar o aumento mais favorável ao trabalhador. O argumento foi a utilização do Produto Interno Bruto (PIB) calculado só no estado em 2008 na composição do reajuste. Por ser maior em relação à média nacional, esse índice impactaria num valor mais alto para esse piso. Em anos anteriores, era levado em consideração o PIB do país.
Mesmo assim, a desconfiança continuou geral. Imediatamente, uma jornalista perguntou sobre essa atualização. Em seguida, Serra disse não saber o motivo para a alteração de última hora. Assim, precisei agir. Eu questionei em seguida junto ao governador que a informação inicial chegou como uma faixa salarial de R$ 550. E então, por que isso aconteceu?
A resposta de Serra foi enfática: "Eu havia determinado o aumento que garantisse o maior patamar. Foi um erro de digitação." Os argumentos do governador não convenceram os repórteres.
A desconfiança, claro, veio por ser um ano eleitoral. Todos sabem que Serra é um eventual candidato a presidente. Ele chegou a ser questionado se isso teria alguma ligação com essa disputa. Evidendentemente, o governador respondeu que não. Mas o mistério ficou no ar. Vai saber.
Só para deixar a informação mais redonda, Serra encaminhou o projeto de lei que estabelece esses aumentos para ser votado na Assembleia Legislativa. Ainda não há previsão de quando a proposta será analisada pelos deputados.
O reajuste passa a valer a partir do dia primeiro do mês seguinte à aprovação. Até lá, aguardamos todos os passos desse aumento.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
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