Dias atrás, estava numa conversa com uma amiga e colega de profissão. O diálogo ficou muito interessante, afinal era uma troca de experiências e como cada um trabalhava nesse universo chamado jornalismo, que também se tornou uma verdadeira caixa de surpresas. Afinal, traz situações, ocasiões agradáveis ou não tão legais. Nesse papo, me recordei de histórias que há muito tempo eu não me lembrava ao longo destes 16 anos na área.
Como eu poderia me esquecer do meu aniversário de 21 anos, que passei na frente da Cadeia Pública de Mogi das Cruzes pela Rádio Metropolitana? Naquele dia 14 de abril de 1997, os presos decidiram fazer uma rebelião contra as más condições do presídio. Enquanto a família me esperava para comemorar, estava na cobertura do motim. Só cheguei em casa às 23h30 quando a maioria dos parentes havia ido embora. O jeito foi pedir desculpas a todos.
Ou ainda quando acompanhava o então governador Mário Covas nas visitas à região do Alto Tietê pelo jornal e rádio Diário de Mogi, entre os anos de 1999 e 2000? Nessa época, os editores me enviavam para fazer sempre a mesma pergunta: o governo vai duplicar a rodovia Mogi-Dutra? As investidas foram tantas que o próprio Covas já olhava para mim e dizia: "você veio só para perguntar da estrada." Sim, sempre. Numa oportunidade, o saudoso governador perdeu a paciência: "você não sossega garoto?"
Também preciso resgatar um plantão ocorrido em 2002 ainda no então jornal ValeParaibano (atual O Vale). Ao telefonar para o Corpo de Bombeiros no final do expediente, descobri que havia um grave acidente de trânsito na rodovia Presidente Dutra, em Jacareí. Um caminhão passou por cima de outros dois carros de passeio. Fui enviado ao local para ver o que tinha acontecido. Quando me ligaram da redação, contava pessoalmente o número de corpos existentes no meio da pista. Foram mais de 10 mortos. Muito ruim.
Fora as edições dentro da redação do jornal Mogi News entre 2003 e 2005. Foi o tempo em que pude compartilhar minha pouca experiência com os demais colegas. O objetivo era sempre ajudar, porém infelizmente nem todos entenderam desta forma. Paciência, pois minha consciência está tranquila. Só o fato de encontrar outros profissionais desse matutino que entraram após minha passagem por lá me conhecerem por ter feito um serviço bem feito me traz muita alegria. Colaborei como podia.
Eu ainda me lembrei de um plantão improdutivo, quando me enviaram para ficar em frente ao prédio onde mora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo do Campo. Isso foi em 2005 no Diário do Grande ABC. Engraçado ficar sem fazer nada, mas haja paciência por não poder me deslocar para nada, mesmo com a certeza de que não aconteceria nada no local. O jeito foi jogar papo fora com os colegas de outros veículos de comunicação, como a Rede Globo, TV Record, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e CBN. Cada mico...
Mas as eleições não poderiam ficar de lado. No núcleo de TV do portal Terra, tive a oportunidade de acompanhar a cobertura das eleições presidenciais de 2006. Uma experiência única, pois nem sempre conseguimos acompanhar os passos para a escolha de um governante do país. Costumava ficar na cola do então candidato Geraldo Alckmin, mas também cheguei a me debater entre os demais repórteres para falar com o presidente Lula em meio à disputa. É como se fizesse parte do processo histórico do país. Pode ser até bobagem pensar assim.
E mais recentemente no caso Eloá, em 2008. Fui deslocado para ajudar o resto dos repórteres na cobertura. Afinal, era meu plantão mais uma vez. Os superiores me deram a missão de encontrar familiares da vítima e de alguns reféns do sequestro no apartamento. Na ocasião, consegui localizar o Iago, o então namorado da Naiara, a amiga da Eloá, que morreu na invasão dos policiais ao apartamento. Foram 14 horas de muito trabalho, no sábado e no domingo de plantão. Cansativo, mas com a sensação de dever cumprido.
Em meio a essa conversa, percebi que enfrentei fortes emoções ou vivenciei fatos sempre como forma de completar minha missão final, de levar as informações e compartilhá-las com os meus clientes, os espectadores. Essas experiências me fizeram a enxergar a vida de forma mais aberta e tolerante porque nem todos são iguais. Mas o fato de receber elogios mostra que ainda sigo no caminho certo e preciso caminhar muito nessa trilha do jornalismo.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
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