Desde a recuperação do meu grave acidente, agradeço sempre alguém lá em cima por simplesmente nascer de novo. E não canso de fazer isso porque nem todo mundo tem essa segunda chance. Afinal, escapei por pouco de ficar paralítico ou ter alguma deficiência, como uma perna bem mais curta que a outra. A maioria das vítimas sai com algum tipo de sequela física. Não foi o meu caso, definitivamente e felizmente. Nossa, até rimou!
As pessoas mais próximas sabem como esse desastre trouxe mudanças em minha vida. Nem compensa comentar algumas delas por serem páginas viradas devido à falta de consideração. Bom, deixa para lá. Por outro lado, trouxe ainda mais a vontade de viver, de valorizar os amigos queridos que reapareceram e as novas e valorosas amizades cultivadas simplesmente pelo meu jeito de ser. Porém, minha responsabilidade aumentou e muito no meu inconsciente.
Por esse motivo, veio a vontade de ser uma pessoa cada vez melhor em tudo. Quis ser muito mais humano, com as emoções a flor da pele e sem medo de sorrir quando algo é muito engraçado ou de chorar se a situação fosse triste. Voltei a valorizar ainda mais o semelhante desde um enfatizado obrigado nas simples ajudas ou quis estar ao lado das pessoas quando elas mais precisam. Também me empenhei mais no trabalho como forma de correr atrás do tempo perdido.
Busquei sim todas as formas de compensar essa segunda chance, sempre de coração aberto. Porém, veio também um efeito colateral, que jamais imaginei. Tentava alcançar incessantemente a beira da perfeição. Coisa impossível de conseguir, pois só Ele é assim. Eu não enxerguei isso. Aos poucos, comecei a me penitenciar por não conquistar certos objetivos ou atender a pedidos das pessoas ou atingir certas metas além das minhas forças.
Ou seja, o cansaço começou a tomar conta do meu corpo sem eu perceber. Mas a adrenalina contida no sangue atenuava a sensação de fadiga tanto física quanto mental. Nada sentia, mas comecei a fazer mal a mim mesmo. A obsessão trouxe consequências muito ruins para mim. Meu rendimento caiu no ambiente de trabalho, a disposição para o esporte ficou menor e minha relação com as pessoas piorou. Em resumo, veio tudo numa crise de forte stress.
Por outro lado, isso me fez refletir. Adiantou cobrar a mim mesmo? A resposta é não. Ainda bem que enxerguei isso a tempo e busquei ajuda médica. Sim, ainda estou em tratamento, pois estava a beira de um colapso. Mas não tenho vergonha de admitir uma doença. Depois de diagnosticada, agora é manter essa rotina para vencer mais essa, pois não é nada grave. Mas ganharei a nova batalha, pode apostar.
Faço esse discurso em favor dos meus amigos e familiares que torcem por mim e me dão apoio. É o mínimo que posso fazer em troca de atenção dessas pessoas tão queridas em minha vida. E também retomar a vida, afinal ela não para e não quero pegar o bonde no meio do caminho de novo. Se já sobrevivi a um grave acidente, por que não sairia desta? Valeu!
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
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