quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Desta vez, na defesa de um candidato

O primeiro turno das eleições está cada vez mais perto de acontecer. Ao mesmo tempo, se aproxima o dia de trabalhar duas, três ou quatro vezes mais em relação aos dias considerados normais (nem tanto). Como nossa vontade de ter um domingo tranqüilo é meramente um sonho, o jeito é contar mais uma história. Agora, não irei muito longe. Somente quatro anos atrás.

Estava de volta a Mogi das Cruzes, após três anos em São José dos Campos. Nesta oportunidade, a experiência era bem diferente das demais. Agora, na campanha de um dos candidatos a prefeito da cidade. Disputavam o prefeito Junji Abe, o deputado estadual Luís Carlos Gondim Teixeira, Thamara Strelec e Mário Berti. A disputa estava mais polarizada entre os dois primeiros concorrentes.

Ao invés de cobrir as eleições, eu atuava com um dos candidatos. Fui convidado para trabalhar na campanha do deputado Luís Carlos Gondim Teixeira. Primeiramente, era para cuidar do conteúdo do material publicitário impresso. Foi o pontapé inicial na minha experiência em marketing político. Como sempre, cresci aos poucos. Depois, ajudei a assessorar o candidato em alguns eventos e, em seguida, a convivência mais importante: participar da elaboração do horário eleitoral gratuito na TV. Mogi das Cruzes tem uma afiliada da Globo.

Apesar dos erros e tropeços do candidato e do marqueteiro - ambos não se entendiam -, trabalhar na produtora de TV foi um aprendizado tremendo. Saía para rua e fazia externas como se estivesse numa reportagem de TV, elaborava os textos de televisão, conversava com os responsáveis pela campanha para aprender. Foi nessa passagem que aprendi muito analisar as campanhas eleitorais.

Essa seria a história interessante se não fosse um outro ponto marcante. A campanha de Gondim era cacifado por um grande político da cidade: Valdemar Costa Neto. Ele mesmo, um dos acusados pelo envolvimento no escândalo do mensalão. Naquele tempo, o então presidente do antigo PL tinha dinheiro de sobra para investir na campanha. Trouxe seu marqueteiro de confiança com um único objetivo: eleger a qualquer custo o seu candidato.

No entanto, a vontade dele aparecer mais que o próprio candidato na TV e a necessidade de comandar tudo com mão de ferro foram suficientes para a campanha de Gondim sucumbir. Este último viu sua popularidade cair ladeira abaixo. A população o taxava de marionete do Boy (é desta forma que Costa Neto é conhecido na cidade). O candidato havia perdido seu brilho próprio.

Em meio à campanha, as divergências entre os dois se acentuavam. Com a queda, a campanha passou a fazer ataques ao principal concorrente com aval de Costa Neto. Mas Gondim discordava. Isso chegou a balançar toda a estrutura montada. O candidato chegou a admitir nos bastidores que desistiria da candidatura. Quem trabalhava no estúdio montado não sabia o que aconteceria. Suspense total. O fato chegou a vazar para toda a cidade.

No entanto, Gondim decidiu recuar da sua decisão. O fato nunca foi admitido por nenhum dos envolvidos para a imprensa, que acompanhava todos os passos das eleições. Ambos falaram que tudo era manobra inventada pelos concorrentes. Alguém acredita?

Conclusão: o candidato caiu nas pesquisas sucessivamente. Ele perdeu a eleição já no primeiro turno para o prefeito e candidato à reeleição Junji Abe. E olha que os dois começaram a campanha empatados com 35% das intenções de voto cada. Nem era o tal do empate técnico.

Para Gondim, restou retomar suas atividades de deputado. Já Valdemar Costa Neto foi apontado como um dos envolvidos no escândalo do mensalão. No ano seguinte, o então deputado federal renunciou o mandato para escapar de uma cassação. E admitiu que pegou dinheiro do esquema montado em Brasília. Foi o suficiente para saber de onde veio todo o dinheiro investido numa campanha que sucumbiu e o fez perder o prestígio que seu pai, o falecido ex-prefeito Waldemar Costa Filho tinha conquistado e repassado para o filho na cidade.

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